O Governo de Minas, por meio da Fhemig, se pronunciou e anunciou novas medidas após problemas estruturais no Hospital João XXIII no último domingo (23/11). Na ocasião, os corredores e salas da unidade foram inundados em decorrência dos vazamentos de água nas paredes e lâmpadas, devido às fortes chuvas que caíram em BH no final de semana. Pacientes e servidores tiveram que recorrer a guarda-chuvas e sacos de lixo para se protegerem. 

De acordo com o governo, o problema surgiu em decorrência de uma combinação meteorológica atípica e da alta quantidade de lixo descartado incorretamente pelas janelas da unidade. Ainda segundo o governo, a Fhemig adota ações preventivas de limpeza e manutenção no Hospital João XXIII, com um sistema de drenagem pluvial nas calhas, ralos e marquises, que são acentuadas nos contextos de chuvas. 

Chuvas intensas 

Belo Horizonte registrou no dia 23/11 uma precipitação acumulada de 32,4 mm de chuva, segundo a estação meteorológica da Pampulha, conforme dados do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam).

As condições meteorológicas, somadas aos problemas estruturais da unidade, fizeram com que o Hospital João XXIII tivesse seus corredores alagados pelas intensas chuvas que atingiram a capital mineira.

Pacientes e servidores tiveram que recorrer a guarda-chuvas e sacos de lixo para se protegerem dos vazamentos. Imagens divulgadas por servidores e pacientes mostram lâmpadas e paredes com infiltrações, além de pacientes sobre macas ao lado das “cachoeiras” formadas nos corredores da unidade.

De acordo com a diretoria da instituição, um aparelho de tomógrafo, avaliado em mais de R$ 2 milhões, foi danificado pela água. No momento em que os servidores identificaram as goteiras, eles cobriram o aparelho.

O Sind-Saúde informou que o local possuía apenas dois aparelhos desse tipo e que os pacientes do Hospital Infantil João Paulo II também utilizavam o equipamento.

Inspeção preventiva

Segundo o Estado, a empresa responsável pela limpeza fez uma inspeção preventiva no dia 18/11 e mantém os funcionários de prontidão 24 horas para solucionar quaisquer problemas que possam surgir.

Durante a ação, foram encontrados materiais que comprometem o sistema de drenagem, possibilitando o extravasamento de água durante chuvas intensas. A Fhemig informou que reforçará campanhas de conscientização sobre o descarte correto de resíduos e ressaltou a importância dessa prática para proteger a infraestrutura da unidade.

Medidas anunciadas 

O governo anunciou três medidas até o final do ano para impedir que ocorrências assim se repitam. 

  • Realização de ações internas semanalmente para sensibilização entre os usuários do hospital, buscando evitar descarte inadequado de materiais nos telhados

  • Intensificação da limpeza do telhado e calhas em intervalos menores, garantindo remoção de resíduos

  • Aquisição e instalação de telas ou filtros removíveis nos pontos de captação, capazes de reter sólidos sem comprometer a vazão

O sindicato se pronuncia 

A reportagem entrou em contato com Neuza Freitas, diretora executiva do Sind-Saúde, para compreender se essas medidas anunciadas pelo Governo do Estado são suficientes.

“As ações de conscientização devem ser feitas em toda a unidade hospitalar. É um equívoco se o João XXIII não faz isso", aponta. "Acho estranho eles falarem que os usuários descartam lixo nos telhados. Nenhum usuário sobe no telhado do hospital", diz a diretora.

De acordo com o Estado, a equipe que estava no João XXIII encontrou garrafas PET, copos descartáveis, embalagens plásticas e de papelão nas calhas do hospital. A Fhemig havia informado na segunda-feira (24/11) que, com o temporal e os fortes ventos, muitas folhas caíram e entupiram as calhas.

“Os pacientes e nem os servidores da saúde sobem no teto. Eles estão muito mais preocupados em atender e cuidar do que subir no telhado”, afirma Neuza.

A diretora denuncia que não é a primeira vez que houve problemas nas calhas e que ainda há problemas para serem resolvidos nos canos. Sobre o aparelho de tomografia, ela aponta que não é a primeira vez que a água atinge o equipamento.

“A manutenção preventiva e corretiva é algo que o sindicato sempre cobrou. Porque não é a primeira vez que acontece isso – vazamentos e alagamentos – dentro do João XXIII. Não na intensidade que teve agora, mas que essas ações sempre foram cobradas por nós”, continua Freitas.

Uma visita técnica foi feita pelo deputado federal Rogério Correia, pela assessoria do deputado estadual Betão e pela assessoria da deputada estadual Beatriz Cerqueira na segunda-feira (24/11). Os servidores comunicaram que houve perda de material devido aos alagamentos.

Não é a primeira vez que parlamentares alertam sobre problemas estruturais em algum hospital da rede Fhemig. Entre abril e maio deste ano, o deputado Lucas Lasmar (Rede) tentou abrir uma CPI para debater o sucateamento dos hospitais da rede, mas não conseguiu as assinaturas necessárias para a sua abertura.

Naquele contexto, as unidades estavam superlotadas devido à grande quantidade de pacientes que necessitavam de cirurgias ortopédicas, após a suspensão dos procedimentos no Maria Amélia Lins.

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Houve uma paralisação dos servidores no dia (22/4), motivada pela sobrecarga de trabalho enfrentada pelos profissionais do João XXIII, em decorrência da interrupção do atendimento no Maria Amélia Lins, e pelas péssimas condições de trabalho na unidade.

Entramos em contato com a Fhemig para falar sobre os apontamentos feitos pela Neuza e ainda não obtivemos retorno. O espaço está aberto para as respostas. 

* Estagiário sob supervisão da editora Ellen Cristie. 

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