Congonhas (MG) ganha novo parque ecológico nesta quarta-feira (10/12)
O Parque Natural da Romaria Helvio Vitarelli busca promover a educação ambiental e patrimonial dos moradores da cidade
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O Parque Natural da Romaria Helvio Vitarelli será inaugurado nesta quarta-feira (10/12), às 14h, no município de Congonhas, na Região Central de Minas. A inauguração, promovida pela prefeitura do município em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), contará com um cortejo pelo parque.
A abertura do parque foi uma das 10 ações do PAC Cidades Históricas de Congonhas selecionadas pelo órgão federal e que agora, no âmbito do Novo PAC, é entregue a congonhenses e visitantes. O projeto, assinado pelo arquiteto e urbanista da Prefeitura, Douglas Montes Barbosa, tem como principais objetivos regenerar a mata, conectá-la ao meio edificado e, ao mesmo tempo, servir como espaço de prática esportiva, contemplação e educação ambiental.
Futuramente o parque irá conectar bairros, com acessos pela Alameda das Palmeiras, Museu de Congonhas, Romaria, Paschoal Vartuli e Vila Rica, além do já existente pela Basílica.
Homenagem
O parque leva o nome Hélvio Vitarelli, em homenagem póstuma ao defensor do patrimônio natural de Congonhas. Reconhecido por sua atuação em causas ambientais, Hélvio teve papel fundamental na mobilização social que garantiu a proteção da Serra Casa de Pedra, marco importante para a preservação dos ecossistemas ferruginosos do município.
Estrutura
A portaria principal e a recepção do parque ficam na a Rua Alípio Barbosa. O ambiente conta com decks de madeira, banheiro seco com bacia de evapotranspiração, epifitário (onde vivem plantas que crescem sobre outras plantas), meliponário (local onde são criadas abelhas nativas sem ferrão), jardim de polinização, jardins dos campos rupestres de Congonhas, jardins de plantas xéricas (adaptadas para sobreviver em ambientes secos), cobertura multiuso, relógio analemático (relógio de sol) e anfiteatro.
Mais de 80% de todas as espécies plantadas ocorrem naturalmente na região de Congonhas, uma vez que a ideia é valorizar as espécies locais e trazer alimento para a fauna nativa. O traçado das trilhas se desenvolve com o mínimo de intervenções no terreno natural, sem perder de vista os critérios de acessibilidade. Por exemplo, foram feitos desvios por conta da presença de árvores.
No momento, a trilha termina junto ao alambrado com vista para o bairro Paschoal Vartuli. A Prefeitura estuda a criação formal de um corredor verde que ligará o Parque da Romaria ao sítio arqueológico dos Alcatruz, antigas estruturas de pedra sabão que abasteciam de água a região da Basílica.
Recomposição botânica
Com 30.447,50 m², o Parque Natural da Romaria passa por um processo de recomposição botânica conduzido. A área, marcada por vegetação secundária de floresta estacional semidecidual (tipo de vegetação tropical condicionada por duas estações climáticas: uma chuvosa no verão e uma seca, geralmente mais fria, no inverno) da Mata Atlântica apresentava remanescentes nativos misturados a espécies exóticas e invasoras.
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O projeto paisagístico do parque integra recuperação ecológica e manejo ativo da flora, enriquecendo o ambiente enquanto controla gradativamente plantas invasoras. A iniciativa busca ilustrar a transição natural entre Cerrado e Mata Atlântica e valorizar os campos rupestres característicos do território de Congonhas.
Para viabilizar um sistema de saneamento de baixo impacto ambiental, o parque adotou uma bacia de evapotranspiração, solução que trata os efluentes sem necessidade de redes extensas de esgotamento e direciona as águas cinzas para bananeiras em crescimento.
Jardins temáticos
O percurso permitirá o contato com diferentes jardins temáticos, como o Jardim de Polinização, o Jardim Ananás, os Jardins de Campos Rupestres Ferruginosos, o Jardim de Plantas Xéricas (espécies adaptadas a ambientes secos ou com pouca água), a Horta de PANCs (plantas alimentícias não convencionais), Pomar de Frutas Brasileiras e o Epifitário, cada um destacando aspectos botânicos e ecológicos essenciais para compreender a paisagem de Congonhas.
Espécies simbólicas da região também estarão presentes, como a Congonha, planta que dá nome à cidade, e outras que ajudam a contar a formação cultural e ambiental do território, como a árvore Cedro (matéria-prima das esculturas do Mestre Antônio Francisco Lisboa presentes nas Capelas dos Passos) e os bambuzais, que eram utilizado para montagem das barracas do Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. O bambu tratado foi utilizado como pergolados e em vedações do parque. Futuramente, o jardim ecumênico contará sobre as tradições religiosas com diversas espécies.
Ponte pênsil
Futuramente também será instalada a ponte pênsil que conectará dois decks em margens opostas da trilha, permitindo a travessia sobre o vale sem causar pisoteio em áreas úmidas e nas nascentes protegidas. O traçado em forma de ferradura acompanha a topografia para garantir acessibilidade e preservação das zonas sensíveis. A ponte também criará uma ligação direta com o anfiteatro do Museu de Congonhas, integrando o parque ao circuito cultural do entorno.
Avanços do Patrimônio no Novo PAC
Nesta quarta-feira (10/12), assim como a inauguração do parque, será realizado o evento “Avanços do Patrimônio no Novo PAC em Minas Gerais”, no Teatro Municipal Dom Silvério Gomes Pimenta, marcando o anúncio de novas ações e um balanço do Novo PAC no estado, que soma R$ 290 milhões em investimentos destinados ao patrimônio cultural mineiro.
O pacote prevê mais de 50 obras e 15 projetos em 15 municípios. Prefeitos e prefeitas das cidades contempladas participarão do encontro, que apresentará resultados, novos aportes e os impactos do programa para as cidades do estado.
* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.