Vai viajar de férias? Guia traça roteiro do risco em estradas de Minas
Levantamento de estatísticas policiais no período de festas e férias indica roteiro para fugir de armadilhas, começando pela perigosa BR-381
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Estradas com histórico de acidentes sob chuva e neblina ou de engavetamentos em horários de pico quando cortam áreas urbanas densas, ou ainda trechos onde a imprudência impera durante a noite. O histórico de riscos das rodovias que levam viajantes de Minas Gerais aos principais destinos turísticos recomenda planejar a melhor hora de viagem, locais para paradas, abastecimento e posturas para evitar riscos no período de férias e festas de fim e início de ano.
Para facilitar a tarefa, a equipe de reportagem do Estado de Minas preparou um guia mapeando pontos de maior risco para desastres nesta época, as principais causas e tipos de ocorrências e trechos mais mortais, segundo registros da Polícia Rodoviárias Federal (PRF) e da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MG), bem como os pontos de pedágio informados pelas concessionárias das rodovias que levam a alguns dos destinos mais buscados por turistas.
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O período analisado no caso das rodovias federais foi de 15 de dezembro a 31 de janeiro de 2022 a 2024, incluindo o intervalo até 31 de janeiro de 2025. Nesse recorte, apenas nas rodovias analisadas dentro de Minas Gerais ocorreram 4.478 desastres, com 393 mortes e 6.426 pessoas feridas. O ano de 2024 foi o mais violento, com 145 óbitos, e a rodovia com mais registros e vítimas foi a BR-381 – primeiro destino deste guia.
Uma estrada, duas realidades
A BR-381 apresenta dois perfis de risco distintos para quem viaja a partir de Minas Gerais: o trajeto duplicado em direção a São Paulo (Rodovia Fernão Dias) e o percurso predominantemente de pista simples e com obras em direção ao Vale do Aço (incluindo o trecho conhecido como Rodovia da Morte) e à Bahia, nesse caso seguindo até Porto Seguro, com conexão com outras vias federais, como BR-418, BR-101 e BR-367.
No trecho mineiro da Fernão Dias, a alta velocidade se destaca como a principal causa de sinistros, com 270 registros, 11 óbitos e 406 feridos. Em seguida vem a ausência de reação do condutor, registrada em 170 ocorrências, com quatro mortes e 240 feridos. Em terceiro lugar, com 125 sinistros, mas com o segundo mais alto registro de mortos, com 7, e 192 feridos está a reação tardia do motorista. Na sequência, a chuva é apontada como causa de 89 ocorrências, em situações que deixaram 133 pessoas feridas.
O tipo de sinistro mais comum resultante das diversas causas é a saída de pista, com 303 registros, sendo também o mais mortal, tendo deixado 13 óbitos e ainda 449 pessoas feridas. As colisões com objetos levaram à segunda maior quantidade de registros, com 207, chegando a provocar três mortes e 289 feridos. O segundo maior índice de mortes se deveu aos atropelamentos, situação em que 25 desastres deixaram 9 mortos e 18 pessoas feridas.
O terceiro tipo de acidente mais frequente é também o terceiro que mais matou na estrada. As colisões traseiras foram responsáveis por 160 ocorrências, quatro mortos e 197 feridos. Um quantitativo de óbitos igual ao dos tombamentos, registrados em 115 ocorrências com 142 feridos.
Os pontos de alerta a caminho de São Paulo
Os perigos da Fernão Dias começam logo no início da viagem a partir de Belo Horizonte, em Contagem na região metropolitana, terceiro trecho com mais óbitos, somando cinco vítimas. Do Km 478 ao Km 480 fica o segmento mais perigoso, entre a Sociedade Hípica de Minas Gerais e o Bairro Jardim Piemonte, em zona urbana e industrial densamente ocupada, onde a colisão traseira se destaca como a ocorrência mais frequente. A falta de reação adequada dos condutores e o desrespeito à distância de segurança entre veículos são os principais motivos de sinistros, agravados em trechos de reta com declive, onde a velocidade tende a aumentar. O tráfego intenso durante o dia exige do motorista uma postura de direção defensiva constante para evitar engavetamentos e choques laterais.
Apesar da alta incidência de batidas leves, o maior perigo se revela na gravidade dos atropelamentos e nas saídas de pista provocadas por velocidade incompatível com as condições da pista.
Alerta máximo ao passar por Betim
O segmento mais perigoso e que deixou nove mortos nesta época do ano, desde 2022, é o que passa por Betim, também na Grande BH. Um dos pontos mais críticos fica do Km 482 ao Km 492, abrangendo desde o Distrito Industrial Paulo Camilo e passando pelos bairros Jardim Teresópolis, Jardim Alterosa, PTB, Santa Cruz, Dom Bosco, São João e Betim Industrial, até o trevo com a Avenida das Américas e Avenida Brasil, sobre o Centro.
O percurso se caracteriza por grande interferência urbana no fluxo rodoviário, situação em que o volume de veículos provoca frequentes engavetamentos e colisões traseiras, causados principalmente pela reação tardia dos condutores diante de paradas repentinas.
Além disso, o Km 491 se destaca pelo perigo de tombamentos e perda de controle de veículos, agravado por irregularidades no pavimento e manobras bruscas de mudança de faixa. Nessa região, é fundamental que o motorista antecipe a frenagem e aumente a distância do veículo à frente, reduzindo o “efeito sanfona” no trânsito local. A atenção deve ser constante em relação a pedestres e motocicletas que circulam entre as faixas.
Pouca iluminação, muitos pedestres
O segundo segmento mais crítico de Betim fica entre o Km 497 e o Km 502, cruzando os bairros Cidade Verde, Brasileia, Aroeiras, Casa Amarela, Parque Ipiranga, São Salvador, Citrolândia e São Marcos. O Km 499 é um dos piores pontos, onde a iluminação deficiente foi a causa direta de acidentes com mortes durante a noite.
No Km 501, os registros de atropelamentos fatais em áreas rurais preocupam, indicando que pedestres cruzam a pista em locais escuros e de forma inesperada para transitar de um bairro a outro em pontos cortados pela via, trecho em que a capacidade de reação dos motoristas se mostrou reduzida. O segmento registra também um alto índice de tombamentos causados por falhas mecânicas de veículos e pneus desgastados, além de frequentes colisões traseiras e engavetamentos provocados por motoristas que dirigem muito perto uns dos outros.
A importância de manter a distância
Vencida a Região Metropolitana de BH em direção a São Paulo, Carmópolis de Minas, no Centro-Oeste, é um dos pontos mais críticos da Fernão Dias, com os registros mais significativos do Km 592 ao Km 599, desde antes do trevo do Japão Grande até a primeira curva após a praça de pedágio. Cenário de alto risco, onde predominam acidentes em curvas sob chuva.
O principal fator de mortalidade e ferimentos é a velocidade incompatível, que leva o condutor a perder o controle e a sair da pista, dinâmica responsável pelos acidentes mais graves. O motorista deve reduzir a velocidade ao passar pelo trecho e, em dias chuvosos, a distância para o veículo da frente deve ser maior para compensar o tempo e a efetividade da reação.
Muitos sinistros também foram registrados em Santo Antônio do Amparo, no Sul de Minas, onde um dos segmentos mais críticos fica entre o Km 646 e o Km 656, da curva do Posto Ipê à curva posterior à praça de pedágio. O pior cenário é a combinação de chuva com curvas em declive. A geometria da via exige constante frenagem, mas o piso molhado reduz a aderência, levando a um número elevado de saídas de pista e tombamentos, especialmente de veículos de carga.
Muitas curvas e tempo chuvoso
Já próximo à divisa com São Paulo, um ponto de alto risco fica em Extrema, no Sul de Minas, do Km 936 ao Km 942, desde a ponte sobre o Rio Camanducaia até o viaduto sobre a entrada para o Portal Sul da cidade. O principal desafio reside na combinação perigosa de geometria sinuosa (curvas e declives) com condições climáticas adversas, presentes em quase 70% dos registros.
A predominância de saídas de pista e capotamentos sob chuva indica que a velocidade praticada pelos condutores é incompatível com a aderência do pavimento. A postura deve ser preventiva e a velocidade, reduzida sob chuva ou com pista molhada. A letalidade do segmento, contudo, concentra-se no conflito com o ambiente urbano e no período noturno, horário em que ocorreram todos os óbitos por atropelamento de pedestres.
Ao cruzar a divisa com São Paulo, o risco na Fernão Dias muda para colisões traseiras e laterais devido à densidade de tráfego. A rodovia passa por seis municípios e registrou 268 sinistros, 12 mortos e 276 feridos no período avaliado.
Em Atibaia (SP), o grande número de sinistros no traçado reto da pista pode indicar condutores desatentos ao atravessar uma área urbana, resultando em colisões laterais durante mudanças de faixa e choques contra objetos. Os acidentes mais graves envolvem atropelamentos e impactos contra estruturas fixas.
Entre Guarulhos e São Paulo, a travessia irregular de pedestres combinada com a visibilidade reduzida à noite ou ao amanhecer geram os cenários mais graves de atropelamento. Além disso, a presença de curvas associadas à velocidade incompatível tem resultado em óbitos múltiplos, exigindo que o condutor trafegue com atenção e respeito aos limites de velocidade.
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Sinal de alerta
A quantidade de ocorrências em viagens de férias e para festas de fim de ano em rodovias mineiras analisadas no período de 15 de dezembro a 31 de janeiro, entre 2022 a 2024, incluindo o intervalo até
31 de janeiro de 2025, recomenda cuidados redobrados para viagens. Confira os registros avaliados pelo EM no período, entre dados da Polícia Rodoviária Federal e da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública: