
Pastor 'herói' que resgatava adolescentes da Coreia do Norte é condenado por abuso sexual
Chun Ki-won, de 67 anos, foi condenado a cinco anos de prisão por molestar menores de idade que ajudava a resgatar em seu internato em Seul
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Um pastor sul-coreano que já foi aclamado em seu país como um herói por ajudar centenas de pessoas a fugirem da Coreia do Norte foi preso por abusar sexualmente de adolescentes desertores.
Chun Ki-won, de 67 anos, foi condenado a cinco anos de prisão por molestar menores de idade em seu internato em Seul.
O pastor era visto como um "salvador" durante décadas. Algumas pessoas o apelidaram de "Oskar Schindler Asiático" — em referência ao empresário que ajudou a resgatar 1.100 judeus durante o Holocausto. Suas operações de fuga da Coreia do Norte eram chamadas de "Ferrovia Subterrânea".
Ele foi preso em Seul em setembro do ano passado.
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Ele foi condenado por molestar seis adolescentes norte-coreanos, incluindo desertores que se hospedavam nos dormitórios da escola alternativa que ele fundou na sua missão, chamada de Durihana.
Chun nega todas acusações, mas um tribunal na quarta-feira (14/2) considerou que as provas contra ele eram irrefutáveis.
"As vítimas estão fazendo declarações consistentes e incluem conteúdo que não pode ser afirmado sem experiência direta das circunstâncias", disse o juiz Seung-jeong Kim, do Tribunal Distrital Central de Seul.
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O juiz acrescentou que Chun cometeu seus crimes se aproveitando "de uma posição onde tinha influência absoluta".
Ele foi considerado culpado em cinco dos seis casos de abuso contra menores – alguns dos quais escaparam sozinhos e outros com suas famílias sob a orientação da missão de Chun.
Chun fundou a Durihana, uma das ONGs mais proeminentes da Coreia do Sul que ajuda os norte-coreanos a fugir pelas rotas da China.
Ele afirma ter ajudado mais de mil norte-coreanos a escaparem do regime norte-coreano nos últimos 25 anos e era pessoalmente criticado por Pyongyang pelo seu trabalho.
Em 2002, ele virou notícia por ter ficado sete meses preso na China durante uma missão de fuga.
Seu trabalho — que incluiu o estabelecimento de uma escola alternativa para filhos de desertores norte-coreanos — foi amplamente coberto pela imprensa, sendo tema de documentários e artigos de notícias, inclusive da BBC, CNN, The New York Times e National Geographic.
A sua prisão e condenação chocaram a Coreia do Sul – onde o seu julgamento recebeu grande cobertura da imprensa.
Boletins de TV mostraram Chun, de cabelos grisalhos e vestido de branco, sendo levado ao tribunal algemado e cercado por guardas.
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