
Venezuela: órgão eleitoral confirma reeleição de Maduro sem divulgar atas
Os números são ligeiramente superiores às porcentagens apresentadas pelo CNE na madrugada da segunda-feira (29/7)
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Siga noO presidente do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE), Elvis Amoroso, confirmou nesta sexta-feira (2/8) a reeleição de Nicolás Maduro para a Presidência do país, resultado que a oposição acusa de fraude e que países como Estados Unidos, Argentina, Costa Rica, Equador, Peru e Uruguai contestam.
Em pronunciamento transmitido pela televisão, Amoroso afirmou que, após a apuração de 97% dos votos, o ditador manteve a liderança na disputa, tendo recebido o apoio de 52% dos eleitores contra 43% de candidato oposicionista Edmundo González.
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Disse ainda que Maduro obteve 6,4 milhões de votos e González, 5,3 milhões, e que cerca de 60% dos eleitores registrados compareceram às urnas, ou 12,3 milhões de um total de 21,3 milhões.
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Os números lidos por Amoroso são ligeiramente superiores às porcentagens apresentadas pelo CNE na madrugada da segunda-feira (29/7), dia seguinte às eleições. Então, o órgão havia proclamado a vitória de Maduro com 51,2% dos votos, contra 44,2% de González.
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Segundo o CNE, até aquele momento só 80% das urnas tinham sido apuradas - a demora da contagem dos votos foi atribuída a ataques hackers contra o sistema de informática do órgão. O órgão, que é controlado pelo chavismo, declarou, no entanto, a diferença entre os dois candidatos já era o suficiente para tornar o resultado irreversível.
A oposição contesta os números apresentados pelo regime, assim como milhares de venezuelanos que vão às ruas desde a segunda, data da divulgação do resultado. Liderada por María Corina Machado, impedida de concorrer pelo chavismo, a coalizão adversária afirma que tem em sua posse mais de 80% das atas eleitorais e que elas dão vitória a González, que teria obtido 67% dos votos. Levantamentos alternativos, feitos com base em amostragens, também apontam a vitória de González.
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A controvérsia a princípio poderia ser resolvida se a ditadura tornasse públicas as atas eleitorais, documentos em que são registrados os resultados de cada uma das seções eleitorais do território. Elas permitiriam que fiscais indicados pelos partidos cruzassem o número total de votos computados no pleito com a quantidade de votos recebida pelos candidatos em cada uma das seções.
A divulgação dessas atas é parte do rito eleitoral venezuelano. Mesmo assim, e apesar de repetidos pedidos por parte da comunidade internacional para que isso seja feito, o regime posterga a publicação dos dados.
Quando o CNE anunciou um pronunciamento para esta sexta, a expectativa era de que ele enfim anunciasse a divulgação dos atos, o que não aconteceu.