
Bebidas alcoólicas devem incluir advertência contra câncer no rótulo, diz autoridade de saúde dos EUA
A relação entre álcool e câncer é conhecida desde a década de 1980, e há cada vez mais evidências que a reforçam
compartilhe
Siga noA principal autoridade de saúde dos Estados Unidos pediu, nesta sexta-feira (3), que os avisos nas bebidas alcoólicas destaquem que elas provocam câncer e instou a reavaliar os limites de consumo diário devido aos riscos associados.
A relação entre álcool e câncer é conhecida desde a década de 1980, e há cada vez mais evidências que a reforçam, lembrou o cirurgião-geral dos EUA, Vivek Murthy. Mas essa informação não se reflete nos rótulos de advertência obrigatórios.
-
16/12/2024 - 09:42 Brasil registra uma morte de idoso a cada 4 horas devido ao uso abusivo de álcool, diz pesquisa -
19/12/2024 - 17:30 Álcool x saúde cerebral: cuidados com os excessos do fim de ano -
31/12/2024 - 15:00 Alerta: os riscos do consumo excessivo de álcool e gordura para o coração
Esse número supera as aproximadamente 13.500 mortes anuais em acidentes de trânsito relacionados ao consumo de álcool.
"No entanto, a maioria dos americanos não está ciente deste risco", acrescentou, enfatizando a necessidade urgente de educação pública.
Introduzido em 1988, o rótulo atual de advertência apenas indica que "as mulheres não devem consumir bebidas alcoólicas durante a gravidez por risco de malformações congênitas" e que "o consumo de bebidas alcoólicas reduz a capacidade de conduzir um automóvel ou operar máquinas e pode causar problemas de saúde".
Murthy pediu ao Congresso que modernize esses rótulos para incluir o risco de câncer, como já fizeram países como Coreia do Sul e Irlanda.
O consumo de álcool aumenta o risco de pelo menos sete tipos de câncer: mama, colorretal, fígado, boca, garganta, esôfago e laringe. Para o câncer de mama, o álcool é responsável por 16,4% de todos os casos.
A conscientização pública sobre o tema está muito atrasada. Uma pesquisa de 2019 revelou que apenas 45% dos americanos identificaram o álcool como um fator de risco para câncer, em comparação com 91% sobre os perigos da radiação, 89% sobre o tabaco, 81% sobre a exposição ao amianto e 53% sobre a obesidade.
O novo relatório também questiona as diretrizes alimentares dos Estados Unidos, que recomendam um limite diário de duas doses de bebida alcoólica para homens e uma para mulheres.
É alarmante que 17% das mortes por câncer relacionadas ao álcool ocorram entre pessoas que permanecem dentro desses limites, sugerindo a necessidade de reavaliação.
Os profissionais de saúde também têm um papel fundamental em informar os pacientes sobre os riscos do álcool, destaca a recomendação.
O álcool contribui para o câncer sobretudo por meio de quatro mecanismos: é metabolizado em acetaldeído, que afeta o DNA; induz estresse oxidativo, danificando o DNA, proteínas e células; altera os níveis hormonais, incluindo os estrogênios; eleva a absorção de carcinógenos, incluindo os presentes no tabaco.