Sangue, resistência e glória
A Batalha de Iwo Jima foi um confronto sangrento que custou milhares de vidas. A resistência japonesa influenciou a decisão dos EUA de usar bombas em Hiroshima
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Siga noJúlio Moreira
A batalha de Iwo Jima
O Estado de Minas, na continuidade da série sobre os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, publica hoje um especial sobre a Batalha de Iwo Jima, deflagrada em 19 de fevereiro de 1945, um dos embates mais ferozes da Guerra do Pacífico. Sob a liderança do almirante Chester Nimitz, 110 mil fuzileiros navais dos Estados Unidos confrontaram 22 mil soldados japoneses, comandados pelo general Tadamichi Kuribayashi.
A obstinada resistência nipônica, somada à geografia vulcânica hostil, impôs dificuldades extremas à ocupação da ilha, transformando uma ofensiva planejada para poucas semanas em um embate que se estendeu por 35 dias. O momento mais emblemático ocorreu em 23 de fevereiro, quando seis soldados norte-americanos içaram a bandeira de seu país no Monte Suribachi, cena eternizada na célebre fotografia de Joe Rosenthal. A conquista, porém, cobrou um preço altíssimo: 6.891 militares dos EUA tombaram em combate, enquanto as forças japonesas sofreram em torno de 22 mil baixas. A feroz resistência japonesa foi um dos fatores que influenciaram a decisão do presidente Harry Truman de recorrer às bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, buscando evitar perdas ainda mais significativas em uma invasão direta ao território japonês. Embora sua relevância estratégica tenha sido posteriormente contestada, a ilha serviu como pista de emergência para bombardeiros. O impacto desse confronto foi imortalizado no cinema em ‘A Conquista da Honra’ e ‘Cartas de Iwo Jima‘, narrativas que evocam heroísmo, resistência e o custo incalculável da guerra.
No dia 19 de fevereiro de 1945, 110 mil fuzileiros navais americanos desembarcaram em Iwo Jima, uma ilha vulcânica do Pacífico, sob o comando do almirante Chester Nimitz. A Operação Detachment tinha um objetivo claro: tomar a ilha e utilizá-la como base aérea para bombardeios sobre o Japão. No entanto, os 22 mil soldados japoneses, liderados pelo general Tadamichi Kuribayashi, estavam preparados para oferecer uma resistência feroz. O que os americanos acreditavam ser uma operação de poucas semanas transformou-se em 35 dias da batalha mais sangrenta da Guerra do Pacífico. A intensidade e as elevadas baixas desse confronto foram um dos fatores que influenciaram a decisão dos Estados Unidos de lançar bombas atômicas meses depois, na tentativa de evitar um número ainda maior de mortes em uma invasão ao Japão. A ilha, coberta de cinzas vulcânicas e repleta de túneis e bunkers subterrâneos, favorecia a defesa japonesa. Os americanos enfrentaram ataques surpresa, explosões repentinas e uma estratégia de guerra de desgaste. No primeiro dia, 519 fuzileiros foram mortos. Mas o momento mais icônico da batalha aconteceu em 23 de fevereiro de 1945, quando seis soldados americanos – cinco fuzileiros navais e um paramédico da Marinha – hastearam a bandeira dos Estados Unidos no topo do Monte Suribachi. O registro dessa cena pelo fotógrafo Joe Rosenthal gerou uma das imagens mais famosas da Segunda Guerra Mundial: Içando a Bandeira em Iwo Jima. A foto, que simbolizou a conquista da ilha, venceu o Prêmio Pulitzer no mesmo ano e transformou seus protagonistas em heróis nacionais – embora três deles tenham morrido nos dias seguintes.
A resistência japonesa foi obstinada. Kuribayashi sabia que não poderia vencer, mas lutou para causar o máximo de baixas possíveis ao inimigo. Em suas cartas à esposa Yoshie, escritas ao longo do confronto, ele expressava a bravura de seus soldados: “A batalha está chegando ao fim. Ante a coragem dos oficiais e homens sob meu comando, até os deuses chorariam diante de tanta bravura”. O general proibiu ataques suicidas imediatos e ordenou que seus homens resistissem até o último momento. E assim fizeram. Mesmo após a declaração de vitória dos EUA em 26 de março, 2.409 japoneses continuaram escondidos e lutaram até junho. Os últimos soldados só se renderam em 1949, quatro anos após o fim da guerra.
A Batalha de Iwo Jima, travada entre fevereiro e março de 1945, destacou-se pela resistência obstinada das forças japonesas, resultando em elevado número de baixas americanas. Essa experiência influenciou significativamente a decisão dos Estados Unidos de utilizar bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. As autoridades americanas temiam que uma invasão direta ao Japão resultasse em perdas ainda maiores, baseando-se na feroz defesa observada em Iwo Jima. O presidente Harry S. Truman, considerando essas circunstâncias, autorizou o uso das bombas atômicas para forçar a rendição japonesa e evitar um número elevado de baixas em uma invasão terrestre. Assim, a resistência encontrada em batalhas como a de Iwo Jima reforçou a percepção de que medidas drásticas eram necessárias para encerrar o conflito no Pacífico.
Ao final do confronto, os números eram assombrosos: 6.891 fuzileiros americanos mortos e mais de 18 mil feridos. Do lado japonês, 22.300 soldados perderam a vida, e apenas 216 foram feitos prisioneiros. Para muitos historiadores, a conquista da ilha foi questionável, pois seu valor estratégico acabou sendo limitado. No entanto, a batalha garantiu uma pista de pouso para emergências, utilizada por bombardeiros B-29 no caminho para missões no Japão. O impacto de Iwo Jima foi tão profundo que o cineasta Clint Eastwood dirigiu dois filmes retratando a batalha sob diferentes perspectivas. A “Conquista da Honra” narra a história dos soldados americanos que hastearam a bandeira e o impacto da fama sobre eles, em especial o fuzileiro indígena Ira Hayes, que morreu alcoólatra e esquecido. Já “Cartas de Iwo Jima” retrata o conflito pelo olhar dos japoneses, com base nas cartas do general Kuribayashi. A Batalha de Iwo Jima entrou para a história como um exemplo de heroísmo, resistência e brutalidade. O pequeno pedaço de terra no meio do Pacífico se tornou um símbolo do alto preço da guerra e do sofrimento humano de ambos os lados do conflito.