O presidente russo, Vladimir Putin, fará um discurso no dia 9 de maio na Praça Vermelha de Moscou para soldados e líderes de quase de 20 países para comemorar o 80º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista. 

Pelo quarto ano consecutivo, esta data é comemorada à sombra da operação militar na Ucrânia. 

Este ano, para as comemorações desta data importante, que culminam em um desfile militar em frente ao Kremlin, Putin ordenou um cessar-fogo unilateral de 8 a 10 de maio. 

A Ucrânia, que resiste às tropas russas desde fevereiro de 2022, não declarou claramente se pretende respeitar a trégua. O presidente, Volodimir Zelensky, indicou que a Rússia deveria "se preocupar" com a segurança do desfile. 

Nesta terça-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que a Rússia "responderá imediatamente de forma adequada" se a Ucrânia atacar durante a trégua declarada por Putin. 

Durante a manhã, a Ucrânia atacou o território russo com mais de 100 drones, direcionados principalmente contra Moscou. 

O ataque interrompeu as operações em vários aeroportos, quatro deles na região de Moscou, informaram as autoridades russas.

Os presidentes do Brasil e da China, Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping, ouvirão o discurso de Putin na quinta-feira na Praça Vermelha. 

Líderes de países parceiros como Belarus, Cuba, Venezuela e Cazaquistão também estarão presentes. 

Também é esperada a presença do primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, que desafia a posição de Bruxelas, do presidente sérvio, Aleksandar Vucic, e do presidente dos sérvios da Bósnia, Milorad Dodik.

- Escala inédita -

Este ano, o governo russo planeja cerimônias de uma escala sem precedentes para comemorar o Dia da Vitória, a principal celebração patriótica na Rússia e em outras ex-repúblicas soviéticas. 

As ruas de Moscou estão adornadas com as cores nacionais há vários dias. 

Muitas lojas e restaurantes colocaram cartazes incentivando as pessoas a "lembrar" da vitória de 1945 e a se sentirem "orgulhosas". 

Nos últimos três anos, Putin evocou com frequência as memórias da vitória sobre a Alemanha nazista para defender sua ofensiva militar contra a Ucrânia, alegando que a Rússia quer "desnazificar" o país vizinho, do qual ainda ocupa cerca de 20% do território. 

A Segunda Guerra Mundial, que ceifou mais de 20 milhões de vidas na URSS e exigiu sacrifícios sem precedentes da população, causou um trauma que ainda é sentido na sociedade e alimentou um patriotismo amplamente explorado pelo presidente russo.

Desde o início do ataque à Ucrânia, o governo russo proibiu qualquer crítica às Forças Armadas, intensificando a repressão que levou à prisão de centenas de pessoas e ao exílio de milhares. 

A Ucrânia criticou as comemorações de 9 de maio na Rússia, afirmando que elas "não têm nada a ver com a vitória sobre o nazismo" e que os soldados em marcha estão "muito provavelmente" envolvidos em crimes contra ucranianos.

- Temor de ataques -

Espera-se que soldados chineses participem do desfile, um símbolo da reaproximação entre Moscou e Pequim desde o início do conflito ucraniano. 

A China é acusada de ajudar a Rússia a escapar das sanções ocidentais e até mesmo de fornecer armas ao país, embora o governo chinês o negue. 

Um contingente norte-coreano ajudou as tropas russas a recapturar a região russa de Kursk do Exército ucraniano nos últimos meses.

A segurança foi reforçada em Moscou, e os organizadores do desfile proibiram os espectadores de levar cigarros eletrônicos, patinetes ou animais de estimação para o desfile do Dia da Vitória. 

O desfile de 9 de maio em Moscou atrai milhares de pessoas todos os anos, muitas vezes acompanhadas por suas famílias.

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