Um casal de chineses está sendo acusado de contrabandear um fungo mortal para os Estados Unidos. De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, Yunqing Jian, de 33 anos, e Zunyong Liu, de 34, foram denunciados por conspiração, contrabando de mercadorias, falsas declarações e fraude de visto, por terem levado um “patógeno biológico perigoso” para o país.

Segundo divulgado pelas autoridades, Liu tentou entrar com o fungo no país pelo aeroporto de Detroit, no Michigan. Ele pretendia estudar o organismo em um laboratório da Universidade de Michigan, onde sua namorada, Jian, trabalhava.

O fungo citado é o Fusarium graminearum, uma praga que atinge plantações de trigo, cevada, milho e arroz. Além de prejudicar plantações, o fungo pode provocar vômitos e danos hepáticos em humanos. 

O Departamento de Justiça descreveu o organismo como “potencial arma de agroterrorismo” e capaz de causar “bilhões de dólares em perdas econômicas no mundo todos os anos”. O governo norte-americano ainda afirma que Jian recebeu dinheiro do governo chinês para estudar o patógeno no país. As autoridades também ressaltaram que ela é membro do Partido Comunista Chinês.

“Esses dois estrangeiros foram acusados de contrabandear um fungo descrito como uma ‘arma potencial de agro-terrorismo’ para o coração da América, onde aparentemente pretendiam usar um laboratório da Universidade de Michigan para avançar com seu plano”, declarou o procurador dos EUA, Jerome F. Gorgon Jr.

A investigação foi conduzida em conjunto pelo FBI e pelo Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA. A cientista deve comparecer ao tribunal de Detroit na próxima semana. 

O processo de plantio dura de seis a nove meses, e a colheita é feita geralmente durante o inverno europeu, entre dezembro e março. E aí, vai uma provinha? freepik Grafvision
Assim como a maioria dos fungos, as trufas crescem perto de árvores e suas raízes, em solo úmido. Mas só uma parte do mundo tem o solo e o clima ideais para o seu crescimento: o sul da Europa. flickr Richard Giles
Na natureza, as trufas ajudam a espalhar os seus esporos, o que é importante para manter o equilíbrio e garantir que a espécie continue existindo. Isso acontece porque esses esporos vão gerar novas trufas com o passar do tempo. freepik
Alguns restaurantes brasileiros já oferecem pratos com trufas negras em seus menus, geralmente como itens sazonais ou especiais. freepik
Embora não seja nativa do Brasil, a trufa negra vem ganhando popularidade no país nos últimos anos. domínio público
A trufa negra é um ingrediente perecível e deve ser consumida fresca dentro de poucos dias após a colheita. Daieuxetdailleurs wikimedia commons
O maior produtor de trufas negras do mundo é a França, com a região de Périgord sendo considerada a "capital mundial da trufa negra". flickr Dale Cruse
Seu preço pode variar de acordo com o tamanho, qualidade e época do ano, mas geralmente oscila entre R$ 2.000 e R$ 5.000 por quilo, em alguns casos podendo chegar até R$ 10.000! mamewmy freepik
Devido à sua raridade e dificuldade de cultivo, a trufa negra é um dos ingredientes mais caros do mundo. freepik
Ela pode ser utilizada em diversos pratos, como massas, risotos, carnes, ovos e saladas, geralmente em pequenas quantidades para realçar o sabor dos outros ingredientes. domínio público
A trufa negra é apreciada por chefs de cozinha e gourmets por seu sabor e aroma terrosos, com notas de chocolate, nozes e especiarias. Grafvision freepik
A colheita é feita manualmente, com a ajuda de cães farejadores treinados para identificar o aroma inconfundível da iguaria. Andrea Cairone Unsplash
Sua produção é extremamente limitada e depende de condições climáticas específicas, tornando-a um ingrediente raro e valioso. freepik
A trufa negra é um fungo subterrâneo que cresce em simbiose com as raízes de carvalhos, aveleiras e cerejeiras. © Michel Royon Wikimedia Commons
No entanto, foi na França, durante o século XIX, que a trufa negra Périgord ganhou fama e reconhecimento internacional, se tornando um símbolo de requinte e sofisticação na culinária. freepik
Na época, além de serem apreciadas por seu sabor e aroma únicos, as trufas negras eram conhecidas pelas suas propriedades medicinais. domínio público
As trufas negras existem há milhares de anos, tendo registros de seu consumo que datam da época dos antigos romanos e gregos. domínio público
Além de serem uma fonte completa de proteína, as trufas negras também contêm fibras, fósforo, cálcio, manganês e ferro. Andrea Cairone Unsplash
Envolta em mistério e exclusividade, a trufa negra intriga e fascina gourmets e chefs de cozinha ao redor do mundo. wikimedia commons Marianne Casamance
Também conhecida como trufa Périgord ou trufa negra francesa (Tuber melanosporum), a trufa negra é um fungo comestível nativo do sul da Europa, apreciado por seu sabor e aroma terrosos e intensos. domínio público
A culinária global vira e mexe reserva iguarias peculiares que são bastante apreciadas por quem entende de gastronomia. Uma dessas comidas é a trufa negra. Big Dodzy unplash

Em comunicado enviado à imprensa, a Universidade de Michigan negou as acusações. “A instituição não recebeu nenhum financiamento do governo chinês em relação às pesquisas conduzidas pelos indivíduos acusados”. A universidade declarou que está colaborando com as autoridades e que “condena fortemente quaisquer ações que busquem causar danos, ameaçar a segurança nacional ou comprometer sua missão pública essencial”.

O porta-voz da embaixada chinesa em Washington, Liu Pengyu, em entrevista à BBC, disse não ter conhecimento do caso, mas destacou que a China “sempre exigiu que seus cidadãos no exterior cumpram as leis e regulamentos locais, e também protegerá resolutamente seus direitos e interesses legítimos”.

Contexto de tensão

A denúncia surge em meio a uma nova escalada nas tensões entre Pequim e Washington. Na última semana, o governo Trump prometeu “agressivamente” cancelar vistos de estudantes chineses. Em outro episódio, um aluno chinês da mesma Universidade de Michigan foi acusado de votar ilegalmente nas eleições presidenciais de 2024.

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A crise diplomática se agrava após a China acusar os Estados Unidos de violarem um acordo comercial firmado no mês passado em Genebra, que previa a redução mútua de tarifas sobre produtos importados.

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