ONG quer EUA e El Salvador prestem contas por usar venezuelanos como 'moeda de troca'
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Siga noA reconhecida ONG de direitos humanos Cristosal pediu, nesta terça-feira (22), que Estados Unidos e El Salvador prestem contas pelo encarceramento "ilegal" de 252 migrantes venezuelanos e seu uso como "moeda de troca".
Em uma troca entre os governos de Donald Trump e Nicolás Maduro, os migrantes saíram na sexta-feira de uma prisão salvadorenha de segurança máxima para membros de gangues e viajaram para Caracas, que, por sua vez, libertou dez americanos.
Tanto El Salvador quanto os Estados Unidos "são responsáveis" pela privação dos direitos dos migrantes e "devem assumir sua responsabilidade na dimensão que corresponde a cada um", enfatizou a Cristosal em um relatório publicado na rede X.
"Estamos diante de dois poderes políticos decidindo impunemente sobre a vida de centenas de pessoas sem atender a critérios democráticos ou legais, utilizando prisioneiros como moeda de troca em um jogo político", afirmou.
Além disso, "o mecanismo empregado para o retorno das vítimas e sua troca por prisioneiros do sistema venezuelano se assemelha mais a uma troca de reféns executada fora de qualquer controle do direito internacional humanitário", destacou.
Com a troca, segundo a Cristosal, "os Estados envolvidos reconheceram ter prisioneiros retidos de forma ilegítima contra normas internacionais de direitos humanos".
Em um sistema democrático, "o processo penal é conduzido por tribunais que podem decidir sobre a liberdade das pessoas com base em fatos comprovados", ressaltou a ONG.
"Um sintoma do colapso do sistema democrático de um país é a submissão absoluta de suas autoridades judiciais ao poder político" e "neste caso presenciamos como presidentes decretaram a detenção e liberdade de pessoas fora do controle democrático", sustentou a Cristosal.
A organização também destacou que o caso é "grave", pois os venezuelanos permaneceram quatro meses reclusos "ilegalmente", privados "da proteção da lei" e incomunicáveis.
A ONG, que investiga casos de corrupção e denuncia violações de direitos humanos em El Salvador, foi forçada na semana passada a partir para o exílio diante da "escalada repressiva" do governo de Nayib Bukele contra ativistas humanitários.
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