Formada pela UFMG, atua no jornalismo desde 2014 e tem experiência como editora e repórter. Trabalhou na Rádio UFMG e na Faculdade de Medicina da UFMG. Faz parte da editoria de Distribuição de Conteúdo / Redes Sociais do Estado de Minas desde 2022
Obra de arte 'Comedian' consiste em uma banana grudada na parede com fita adesiva crédito: AFP
A obra "Comedian", do artista italiano Maurizio Cattelan, foi parcialmente consumida por um visitante do museu Pompidou-Metz, na França. O caso ocorreu no sábado (12/7), mas só foi divulgado pelo museu na última sexta-feira. Conhecida por consistir em uma simples banana presa à parede com fita adesiva, a obra já foi avaliada em US$ 6,2 milhões (cerca de R$ 35,8 milhões).
Segundo o museu, depois do ataque "a equipe de segurança interveio rápida e calmamente" e a obra foi "reinstalada em minutos". A instituição não contou qual foi a motivação apontada pelo visitante comilão.
Ao saber do incidente, Cattelan disse que ficou decepcionado, já que a pessoa não comeu a casca e a fita. Para ele, a pessoa "confundiu a fruta com a obra de arte". "Em vez de comer a banana com casca e fita adesiva, o visitante simplesmente consumiu a fruta", disse em comunicado.
Desde a primeira aparição em 2019, "Comedian" tem sido alvo de controvérsia, performances espontâneas e até ataques performáticos – quase sempre envolvendo seu consumo literal. Esta é, pelo menos, a terceira vez que a fruta é comida por alguém.
Segundo Cattelan, a obra é uma provocação ao sistema da arte contemporânea. "É uma provocação que nos convida a refletir sobre o valor da arte e a dinâmica desse mercado, nos levando a questionar o que essa obra diz sobre nós como espectadores", afirmou ao jornal italiano La Repubblica.
Criada com uma banana de 25 centavos, a obra inicialmente foi vendida por US$ 120 mil (R$ 667 mil). O preço subiu ao longo dos anos, e, em 2024, chegou a US$ 6,2 milhões. A casa de leilões Sotheby’s, responsável pela última venda, não explicou os critérios para a avaliação, mas apontou que o objetivo de Cattelan — criticar o próprio conceito de arte — transformou a obra em ícone.
O empresário Justin Sun, que trabalha com criptomoedas, pagou US$ 6,2 milhões (R$ 35.6 milhões) por uma obra de arte que consistia em uma banana fixada na parede com fita adesiva. O fato aconteceu no dia 21/11/2024, em leilão da Sotheby’s, em Nova York. O FLIPAR mostrou e republica para quem não viu
rReprodução/Sotheby's
Uma semana depois, Sun reuniu jornalistas em um hotel de Hong Kong para cumprir a promessa de saborear a banana. Diante dos profissionais da imprensa, ele mordeu a fruta e elogiou: “Ela é muito melhor do que outras bananas. É realmente muito boa”.
Reprodução/X
Fundador da empresa Tron, Sun concorreu no leilão com outras seis pessoas. Ele classificou a curiosa obra de “icônica”. “Comê-la em uma coletiva de imprensa também pode se tornar parte da história da obra de arte”,
Reprodução/X
Batizada de "Comedian", a polêmica obra foi criada pelo artista italiano Maurizio Cattelan em 2019. Ela foi exposta originalmente no Art Basel, em Miami, e viralizou nas redes sociais por sua aparente simplicidade. montagem/reprodução Sotheby's
Antes do leilão, a obra passou por uma turnê mundial, visitando cidades como Londres, Paris, Tóquio e Los Angeles. wikimedia commons Jane023
Segundo a Sotheby's, a obra tem o objetivo de criticar e provocar reflexões sobre o conceito de arte e o valor atribuído a ela. wikimedia commons Milliped
Desde sua estreia em 2019, a peça atraiu multidões, dividiu opiniões e gerou polêmica, incluindo incidentes em que a banana foi consumida duas vezes. reprodução/CBS News
David Galperin, chefe de arte contemporânea da Sotheby's, descreveu a peça como profunda e provocativa, destacando que Maurizio Cattelan "desafia as bases do mundo da arte contemporânea ao questionar o que define uma obra". reprodução/CBS News
"Se, em sua essência, 'Comedian' questiona a própria noção do valor da arte, então colocar a obra em leilão será a realização final de sua ideia conceitual essencial", disse Galperin. reprodução/CBS News
Em 2019, enquanto estava exposta no Art Basel de Miami, o artista americano David Datuna publicou um vídeo descascando e comendo a banana. "Adoro o trabalho de Maurizio Cattelan e amei essa instalação. Delícia!'", escreveu em tom provocativo. reprodução
Em 2023, no Leeum Museum of Art, em Seul, uma nova mordida: dessa vez de um aluno de estética da Coreia do Sul. Assim como em 2019, a "obra" foi trocada rapidamente por uma nova banana. reprodução/redes sociais
Segundo o chefe de arte contemporânea da Sotheby's, quem ganhasse a obra no leilão não estaria "comprando a banana em si, mas um certificado de autenticidade que concede ao proprietário a permissão e autoridade para reproduzir a obra onde preferir". reprodução
Essa não foi a primeira vez que uma obra de arte contemporânea causou polêmica mundo afora. Em outubro, um funcionário do LAM Museum, nos Países Baixos, jogou duas latas fora achando que era lixo. Divulgação LAM Museu
A peça, intitulada "All the good times we spent together" ("Todos os bons momentos que passamos juntos", em tradução livre), foi criada pelo artista francês Alexandre Lavet. Divulgação LAM Museu
Para o museu, o funcionário cometeu um erro compreensível já que as latas de cerveja estavam colocadas no poço de um elevador de vidro, dando a impressão de terem sido esquecidas. Reprodução de Rede Social
Em 2015, uma faxineira de um museu no norte da Itália confundiu uma instalação artística com sujeira e acabou "limpando" a peça acidentalmente. Montagem/Divulgação
Em agosto de 2024, um jovem deixou um tênis no chão de uma das salas do Museu Solomon Robert Guggenheim, em Nova York, na intenção de pregar uma peça nos visitantes. reprodução/tiktok
E deu certo. Várias pessoas não só pararam para admirar a "obra" como ficaram tirando fotos do All Star desgastado do rapaz. Reprodução redes sociais
O vídeo viralizou no TikTok na época e já soma mais de 26 milhões de visualizações! Alguns seguidores debocharam a respeito de obras em exibição que "não parecem arte de verdade". Reprodução redes sociais
Essa não é a primeira vez que “Comedian” vira lanche. Em 2019, quando ainda valia “apenas” US$ 1 milhão (R$ 5,5 milhões), o artista performático David Datuna comeu a banana durante a feira Art Basel, em Miami, alegando estar com fome. Já em 2024, o empresário Justin Sun, dono da plataforma de criptomoedas Tron, também comeu a banana após comprar a obra por US$ 6,2 milhões.
Cattelan é conhecido por trabalhos que desafiam convenções e causam polêmica. Um de seus projetos mais famosos é o vaso sanitário funcional feito de ouro 18 quilates, batizado de “América”. A peça foi oferecida simbolicamente a Donald Trump durante seu mandato e, em 2020, foi roubada de uma exposição no Palácio de Blenheim, no Reino Unido. Dois homens foram presos em março de 2025 pelo roubo — nenhuma parte do ouro foi recuperada.