Ambientalistas enfrentam novo julgamento por assassinato em 1989 em El Salvador
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Siga noUm novo julgamento contra cinco ambientalistas salvadorenhos, acusados do assassinato de uma mulher em 1989 durante a guerra civil, será realizado na terça-feira (29), anunciou a ONG na qual militam, denunciando o caso como "perseguição" por seu ativismo contra a mineração.
Os ambientalistas, que na época do crime eram guerrilheiros, foram absolvidos no dia 18 de outubro, juntamente com outros três ex-rebeldes também acusados do assassinato, mas um tribunal superior anulou a decisão e ordenou a repetição do julgamento.
o Ministério Público acusa os oito de terem matado, em agosto de 1989, María Inés Alvarenga na localidade de Santa Marta porque a consideravam "informante do exército".
O caso "é uma criminalização e perseguição do ativismo ambiental [...] são atores-chave na resistência comunitária contra a mineração metálica", declarou em coletiva de imprensa Alfredo Leiva, do conselho da Associação de Desenvolvimento Econômico e Social Santa Marta (ADES).
Os cinco ambientalistas incentivaram a proibição da mineração em 2017, mas esta foi revogada em dezembro passado pelo Congresso governista a pedido do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que promove a exploração de ouro.
Nas audiências, previstas para durar três dias no Centro Judicial da capital San Salvador, serão julgados 'in absentia' (em ausência), uma vez que o paradeiro dos oito ex-guerrilheiros é desconhecido.
Os acusados que se tornaram ambientalistas após a guerra civil (1980-1992) são Teodoro Pacheco, Saúl Rivas, Alejandro Laínez, Miguel Gámez e Pedro Rivas.
"O único delito dos ambientalistas é defender a água, o meio ambiente, a saúde e a vida das gerações presentes e futuras gravemente ameaçadas pela reativação da mineração de metal", afirmou Leiva.
Os outros três acusados são o ex-comandante Fidel Recinos, e os também ex-guerrilheiros José Sancho e Arturo Serrano, integrantes da esquerdista Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN).
Leiva afirmou que "não há elementos de prova" contra os líderes ambientalistas e que a acusação do MP se baseia no "relato contraditório" de uma suspeita "testemunha protegida".
A guerra civil salvadorenha terminou em 1992 com a assinatura de acordos de paz. Resultou em 75.000 mortos e mais de 7.000 desaparecidos.
Em 1993, o Congresso aprovou uma anistia que perdoou os crimes do conflito, mas, em 2016, a Corte de Justiça a declarou inconstitucional.
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