Mark Zuckerberg anunciou fim de projeto social - (crédito: AFP)
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Em 2016, Mark Zuckerberge a esposa, Priscilla Chan, usaram os lucros da Meta para fundar a The Primary School. Alinhada à valorização da diversidade, equidade e inclusão (DEI), a iniciativa prometeu revolucionar a educação de crianças de baixa renda no Vale do Silício, nos Estados Unidos. No entanto, a escola fechará as portas em 2026, por falta de investimentos. Com isso, nenhuma das crianças que ingressou no projeto conseguirá se formar nele.
A ideia da The Primary School era oferecer mais do que educação. Com capacidade atual para atender 529 alunos – em sua maioria latinos e oriundos de famílias de baixa renda –, o projeto contava com estrutura bilíngue, atendimento médico e odontológico gratuito, moradia subsidiada, mentorias, apoio a estudantes com deficiência e acompanhamento psicológico também para os pais.
O projeto durou apenas uma década. Recentemente, a Chan Zuckerberg Initiative (CZI), organização filantrópica do casal, anunciou o fechamento das duas unidades da escola – em East Palo Alto e San Leandro – após o ano letivo de 2026. A decisão foi classificada pela CZI como "muito difícil", mas inevitável diante da queda brusca nas doações recebidas.
Em 2022, o projeto arrecadou cerca de R$ 43 milhões. No ano seguinte, esse valor caiu para aproximadamente R$ 20 milhões, enquanto os custos anuais da escola giravam em torno de R$ 64 milhões. Com a negativa de administrações locais em ampliar o apoio com fundos públicos, o fim do projeto foi anunciado oficialmente em abril.
Fachada de escola financiada por Zuckerberg
The Primary School
Embora não haja uma declaração direta ligando a decisão à retração das políticas de inclusão e diversidade por parte do governo dos Estados Unidos, o encerramento do financiamento coincide com a retirada pública da CZI e da Meta de programas ligados à pauta. Chan e Zuckerberg, que antes visitavam a escola com regularidade, passaram a se distanciar progressivamente de iniciativas educacionais.
Em comunicado, a CZI afirmou que a mudança faz parte de uma revisão de prioridades do conselho da instituição. De acordo com analistas, o foco agora estará em outras áreas consideradas estratégicas, como a biomedicina e a inteligência artificial.
Já em 2005, uma pesquisa da RCI First -Security and Intelligence Advising, responsável pela construção de esconderijos subterrâneos, apontava 102 bunkers no Brasil (63 na cidade de São Paulo, a maioria no Morumbi e nos Jardins).
Imagem de Ekrem / Pixabay
Também na época da Segunda Guerra Mundial, o presidente Getúlio Vargas construiu alguns bunkers em prédios do governo, no Brasil, como o Edifício Menescal, em Copacabana, em 1942. Hoje, algumas empresas brasileiras também constroem abrigos subterrâneos.
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Um dos bunkers mais famosos da história foi o de Berlin, onde Hitler (Führerbunker) se matou, em 30 de abril de 1945, após reconhecer a derrota na Segunda Guerra Mundial.
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Um bunker, segundo a Encyclopaedia Britannica, é uma construção de ferro e concreto localizada principalmente no subsolo e usada para manter cidadãos, soldados e armamentos a salvo de ataques.
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Na República Tcheca, o "Oppidum" começou a ser construído em 1984 e levou uma década para ser finalizado. O abrigo subterrâneo tem 77 mil m². É o maior do mundo.
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A mesma empresa tem sua filial na Europa, com 34 "residências" na Alemanha, em um complexto que tem teatro, salas de aula, jardins hidropônicos, clínica médica, academia e spa.
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Em alguns casos, como na empresa Vivos, que tem mais de 500 abrigos em um antigo depósito de munições do exército dos EUA, a construção de bunkers pode ser a criação de uma verdadeira comunidade subterrânea podendo acomodar até 5 mil pessoas.
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As construções também variam quanto ao local e ao tempo de permanência. Alguns abrigos localizados em silos de mísseis abandonados por militares depois da Guerra Fria podem abrigar muitas pessoas por até cinco anos.
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As empresas também personalizam seus bunkers para clientes de luxo com salas de cirurgia, estábulos, campos de tiro, quadras de basquete e salas de mineração criptográfica.
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Alguns bunkers têm bares, restaurantes, capela, piscinas e até cinema, enquanto outros, chamados de "individuais", podem ter pista de boliche, spa, portas resistentes a balas e uma "saída de caverna motorizada".
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Os valores, todos acima dos 3 milhões de dólares (cerca de R$ 15 milhões), variam de acordo com os itens nas "tocas" debaixo da terra.
Divulgação/Survival Condo Project
Segundo algumas empresas, estes locais teriam condições de permitir que os residentes operem por, talvez, um ano sem ter que retornar ao mundo exterior.
Divulgação/Vivos
Em alguns casos, estes bunkers de milionários são essencialmente apartamentos subterrâneos de alto luxo.
Divulgação/Atlas Survival Shelters
A procura por bunkers luxuosos é tão alta que empresas, como a Vivos, a Rising S Company, a Atlas Survival Shelters e a Safe Haven Farms, são especializadas nestas construções especiais.
Divulgação/Rising S Company
Geralmente em locais isolados e remotos, os bunkers protegeriam o que os donos chamam de "O Evento" (catástrofes ambientais, sociais, de saúde pública e até tecnológica com robôs dominando o planeta).
Divulgação/Vivos
Os bunkers superluxuosos, como no caso de Zuckeberg, são uma verdadeira febre entre os milionários do mundo, podendo ser individuais ou verdadeiros condomínios.
Divulgação/Vivos
Segundo a revista "Wired", Zuckerberg ocupa 1.524 km² no abrigo subterrâneo, que tem fontes próprias de energia, um grande tanque com água potável, escotilhas para fuga e portas antiexplosão. Tudo isso vigiado por um complexo sistema de segurança.
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Medida desencadeou fortes críticas e elogios de políticos brasileiros, que consideram a decisão como uma declaração de guerra ao mundo e um ataque às instituições democráticas
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Preocupados com o possível fim do mundo, os ricaços estão montando bunkers cada vez mais luxuosos em suas casas ou terrenos com filtragem de ar de agentes biológicos e radiação.
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Criados inicialmente como um abrigo para famílias ou pequenos grupos de pessoas, em locais em guerras ou com riscos ambientais, os bunkers estão na moda entre os bilionários, que contróem espaços fortificados para um eventual refúgio
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A decisão foi recebida com surpresa e revolta por pais e professores. Famílias relataram que foram informadas sobre o fechamento por chamadas via Zoom, e muitas expressaram frustração com o fim repentino de uma iniciativa que prometia longevidade. Para algumas delas, a The Primary School era não apenas uma escola, mas uma solução completa para desafios familiares.
Com cheques que variam de R$ 5.400 a R$ 54.000, a CZI prometeu auxílio financeiro para as famílias afetadas, além de apoio para realocação escolar e moradia. Mesmo assim, todas as crianças atendidas precisarão buscar uma nova instituição de ensino em meio a um cenário de aumento constante no custo de vida na região da Baía de San Francisco.
De acordo com o jornal americano Washington Post, mesmo antes do anúncio do encerramento, já existiam críticas internas ao projeto. Funcionários ouvidos pelo jornal sob anonimato disseram que o modelo era inovador, mas dependente de tecnologias exclusivas e sem alguns recursos básicos presentes em escolas públicas. Também faltava um padrão curricular mais alinhado com as exigências do sistema educacional dos EUA.