Antes de assassinar quatro estudantes da Universidade de Idaho, nos Estados Unidos, em 2022, Bryan Kohberger perseguiu Kaylee Gonçalves, uma das vítimas por pelo menos três meses. Além disso, ele perguntou qual era a “pior forma de morrer” a uma mulher no Tinder —  e citou a faca KaBar, usada depois nos crimes. As novas informações sobre o caso foram divulgadas em mais de 300 páginas de documentos policiais divulgados após a condenação de Kohberger a quatro penas de prisão perpétua consecutivas sem liberdade condicional.

Em 13 de novembro de 2022, ele invadiu uma casa em Moscow, Idaho, e matou quatro estudantes com facadas múltiplas, em um ataque brutal que não teve a motivação esclarecida. As vítimas eram Kaylee Gonçalves, Madison Mogen, Xana Kernodle e Ethan Chapin. Os quatro foram esfaqueados até a morte.

Segundo testemunhas, Kaylee acreditava estar sendo vigiada nas semanas anteriores ao crime. A sobrevivente da chacina Dylan Mortensen revelou que Kaylee disse ter visto sombras perto ela enquanto passeava com o cachorro, além de relatar que estava sendo seguida. Outra amiga, que vivia em uma fraternidade, confirmou que Kaylee contou que viu um homem misterioso observando-a próximo a uma área arborizada perto de casa.

Alivea Gonçalves, irmã da vítima, também disse que Kohberger vinha perseguindo Kaylee por meses antes dos assassinatos. "Do que você se arrepende mais? Voltar à cena do crime cinco horas depois ou nunca mais voltar a Moscou, nem uma vez, depois de persegui-las por meses?", perguntou Alivea a Kohberger durante o julgamento.

Os ferimentos de Kaylee eram muito diferentes dos das outras vítimas, já que que Kohberger deixou seu rosto "desfigurado" por facadas. De acordo com o policial Corbin Smith., ela e Xana Kernodle — que, segundo sua autópsia, foi esfaqueada mais de 50 vezes — estavam completamente irreconhecíveis. As duas mulheres sofreram ferimentos tão graves que Mortensen inicialmente identificou Gonçalves como Kernodle e Kernodle como Gonçalves quando os primeiros policiais chegaram ao local.

Conversa no Tinder

Uma testemunha contou ao juri que teve contato com Kohberger pelo Tinder, semanas antes dos homicídios. Em setembro ou outubro de 2022, os dois deram um match e começaram a conversar sobre coisas casuais, falando sobre filmes de terror. Foi então que Kohberger perguntou a ela qual seria a pior forma de morrer. Quando ela respondeu “esfaqueada”, ele perguntou: “Tipo uma Ka-Bar?”, referindo-se a uma faca militar usada em combate.

Investigadores descobriram que Kohberger comprou uma faca Ka-Bar meses antes dos assassinatos. A bainha da arma foi encontrada na cena do crime, junto ao corpo de Madison Mogen. A faca em si nunca foi localizada.

A mulher interrompeu a conversa após se sentir desconfortável, mas procurou a polícia meses depois, já em 2024, após reconhecer Kohberger nas reportagens. Embora a denúncia não pudesse ser verificada com registros do aplicativo, ela foi incluída no inquérito.

Outra mulher, uma dançarina de boate, relatou que, entre 2018 e 2019, Kohberger lhe disse durante uma dança particular que “queria matar pessoas”. Ela também afirmou que ele fez perguntas invasivas, como onde ela morava e que carro dirigia.

Professores da Universidade Estadual de Washington, onde Kohberger era assistente de ensino, também demonstraram preocupação com sua conduta em relação a alunas. Mensagens internas entre docentes sugerem que ele “ofendeu várias estudantes” e que uma intervenção seria necessária.

O crime

De acordo com os policiais, a cena do crime era “sanguinária”. Quando os agentes entraram no quarto de Xana. perceberam que "era óbvio que tinha havido uma luta intensa”. "Havia sangue espalhado em vários objetos no quarto e por todo o chão", lê-se no documento, que detalha que "havia sangue espalhado pelas paredes em vários lugares, incluindo por cima do corpo de Xana."

A transferência para a Instituição Correcional da União, local onde ficam os presos condenados à pena capital na Flórida, deve ocorrer em breve. No entanto, a data exata ainda não foi divulgada por motivos de segurança. Divulgação/Florida Department of Corrections
Para agilizar o processo, ele abriu mão de contestar as acusações de tráfico de drogas e de tentativa de fuga, ocorridas durante sua detenção. Com isso, as pendências judiciais foram resolvidas e o caminho para a execução da pena de morte está livre. reprodução
Outro detalhe é que, segundo o New York Post, Wilson não teria expressado nenhuma reação enquanto o juiz proferia sua sentença. A defesa de Wilson alegou que ainda irá recorrer da decisão na Suprema Corte da Flórida. Além disso, o condenado fez um acordo judicial que deve acelerar sua transferência para o corredor da morte. reprodução
O condenado tem ligações com uma gangue de supremacia branca e possui diversas tatuagens de suástica. Essa informação, junto com a natureza violenta dos crimes, pesou na decisão do juiz. O caso chamou a atenção da mídia local e nacional pelos detalhes chocantes dos crimes. reprodução
A defesa de Wilson argumentou que ele possui uma "mente doentia" e vício em drogas, pedindo um novo julgamento ou absolvição. No entanto, o juiz negou o pedido, afirmando que as evidências eram claras e condenatórias. reprodução
Wade Wilson foi condenado à morte no dia 27/08/24 após ser considerado culpado por dois homicídios em primeiro grau, além de outras acusações como roubo e lesão corporal. divulgação/Florida's Union Correctional Institution in Raiford
Algumas admiradoras também enviaram cartas ao juiz responsável pelo caso, pedindo que Wilson fosse sentenciado à prisão perpétua em vez de receber a pena de morte. 2541163/Pixabay
Além disso, Wilson recebeu 65 cartas enquanto estava na prisão — detentos podem receber mensagens através de uma conta monitorada. Todas essas interações ocorreram em um intervalo entre 12 de junho a 12 de julho. De an Sun Unsplash
O criminoso já ganhou inúmeras admiradoras depois que foi preso. Ele recebeu um total de 754 fotos enviadas por mulheres, embora 163 delas tenham sido bloqueadas pela polícia por serem consideradas "inapropriadas". reprodução
Embora compartilhe o mesmo nome do personagem Deadpool, da Marvel, não existem indicações de que o nome do homem tenha sido dado em referência ao anti-herói. Reprodução
A ex-namorada de Wilson, Kelly Matthews, revelou que ele nunca havia sido agressivo com ela. No entanto, em 18 de fevereiro de 2019, de acordo com um relato da própria Kelly no TikTok, Wilson tentou estrangulá-la duas ou três vezes dentro de um carro. reprodução
Quando completou 18 anos, Wilson fez uma tentativa de se reconectar com seu pai biológico. Durante o julgamento, Testasecca afirmou que o filho costumava lhe pedir dinheiro. reprodução
"Tentamos juntar as peças, mas não tínhamos ideia de como encontrar o apoio que Wilson precisava para ser a pessoa que ele era por dentro", lamentaram, expressando ainda pesar pelas vítimas. reprodução
Com o tempo, o vício se somou a problemas de saúde mental, e ele passou a apresentar comportamentos "paranoicos e delirantes", com um crescente sentimento de perda. reprodução
Os pais adotivos relataram que, durante a adolescência e início da vida adulta, Wilson começou a se distanciar e se tornou "retraído, instável e deprimido". reprodução
Eles também afirmaram que o filho passou a ficar "delirante" após desenvolver dependência química. divulgação cedoc
Durante a audiência, a defesa de Wilson apresentou uma carta escrita pelos pais adotivos do réu. O texto o descreve como uma "criança feliz, que amava profundamente seus pais e irmãs, sendo igualmente muito amado por todos". reprodução
Um ex-colega, que preferiu não se identificar, descreveu Wilson como um jovem "problemático". Outro colega relatou que, ainda na adolescência, ele chegou a roubar o carro de seus pais adotivos e ficou desaparecido por três dias. reprodução/tiktokz
Wilson foi criado em Tallahassee, também na Flórida. De acordo com a Newsweek, ele frequentou uma escola local durante todo o ensino fundamental e, posteriormente, cursou o ensino médio na Lawton Chiles High School. reprodução
Nascido em Fort Myers (foto), Flórida, Wilson é fruto de uma relação entre dois adolescentes. Ele foi entregue para a adoção pelos pais biológicos quando ainda era pequeno e foi adotado por Candy e Steve Wilson. reprodução
A notícia sobre esse homem sentenciado à morte pelo assassinato das duas mulheres ganhou repercussão na web no início de setembro. Veja sobre ele. reprodução
Parentes de Diane Ruiz (à esquerda, na foto) e de Kristine Melton, mortas por Wade Wilson em 2019 na Flórida,, ganharam o direito de estar presentes para assistir à execução. Reproduções das Redes Sociais
Wade Wilson, de 30 anos, ganhou o apelido de Deadpool por ter o mesmo nome do herói da Marvel. Ele teve seus crimes classificados como cruéis pelo juiz responsável pela condenação. reprodução/tiktok
É que as condenações à morte nos Estados Unidos muitas vezes demoram a resultar na execução. Esse tipo de processo costuma demorar para se concretizar . Para se ter uma ideia, Carey Dale Grayson (foto) foi executado em novembro de 2024, 30 anos após o crime. Divulgação Alabama Department of Corrections)
O criminoso apelidado de Deadpool, condenado à morte nos EUA por assassinato, decidiu recentemente apelar para morrer o mais rápido possível. Seu advogado apelou à Justiça americana reconhecendo que há outros casos pendentes no corredor da morte, mas disse que seu cliente quer apressar a execução, conforme informou o canal de TV Sky News. reprodução

O corpo da jovem foi encontrado virado para baixo, com marcas de facadas nas mãos, o que indica que a jovem se tentou defender. As outras três vítimas também foram encontradas ensanguentada, tendo Madison Mogen "um corte por baixo do olho direito que parecia ir do canto do olho até ao nariz."

Bethany Funke, uma das sobreviventes desta situação, contou que acordou com a presença de alguém, e que viu uma luz atrás da porta do quarto, que estava trancada. Ela chegou a ligar para a outra sobrevivente, Dylan Mortensen, que a aconselhou a ir para o quarto dela. A jovem foi, e as duas tentaram ligar aos quatro colegas, que não atenderam - mas que não era motivo de preocupação, já que era tarde e acharam que os colegas estariam dormindo.

Funke explicou depois às autoridades que, apesar de terem visto alguém suspeito, não chamaram ajuda porque pensou que podia não ser nada, já que tinha bebido. Ela também disse que achou que fosse Chapin, uma das vítimas, saindo de casa.

Quando ela e Mortensen acordaram e perceberam que mais ninguém estava acordado, elas chamaram dois amigos porque estavam com medo. Um dos amigos que chegou e foi até ao andar de cima, tirando as duas de casa e ligando para a polícia.

Condenação

Apesar de quase três anos de investigação, as autoridades afirmam que ainda não há provas de ligação direta entre Kohberger e as vítimas, nem uma motivação clara. A polícia também não encontrou as roupas usadas pelo assassino na noite do crime.

Durante a audiência, Kohberger permaneceu em silêncio. Familiares das vítimas o chamaram de “psicopata”, “nada” e “vaso vazio”. Ele deixou o tribunal sem olhar para os parentes, tampouco para sua mãe ou irmã.

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Ele está sob custódia do Departamento Correcional de Idaho, passando por avaliações que definirão onde cumprirá a sentença.

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