A diretoria executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou, nesta quinta-feira (31), a primeira revisão do empréstimo concedido em abril à Argentina, permitindo o desembolso de cerca de 2 bilhões de dólares (R$ 11,2 bilhões), informou a instituição financeira.
Em abril, a Argentina, cronicamente endividada, fechou um acordo com o FMI para um crédito de quatro anos pelo Serviço Ampliado do Fundo (SAF) no valor de 20 bilhões de dólares (R$ 112 bilhões), dos quais já recebeu 12 bilhões (R$ 67,2 bilhões).
A diretoria executiva "completou a primeira revisão" do acordo e desembolsará mais "cerca de 2 bilhões de dólares", afirma o FMI em um comunicado.
"Isso representa um importante marco inicial sob o programa" destinado a fortalecer as finanças públicas, reduzir a inflação, reconstruir as reservas e estabelecer as bases para um crescimento mais sólido liderado pelo setor privado, estima.
O Fundo exalta a gestão do governo do presidente ultraliberal Javier Milei, que reduziu a inflação de 211% em 2023 para 118% no ano passado e conseguiu um superávit fiscal em 2024 pela primeira vez desde 2010.
Milei gaba-se de ter conseguido isso à força, fechando órgãos, cortando 50 mil cargos públicos e eliminando quase por completo as obras públicas.
"A nova fase do programa de estabilização da Argentina [...] teve um forte começo, apesar de um ambiente externo desafiador", diz a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, citada no comunicado.
As políticas macroeconômicas restritivas "facilitaram uma transição suave para um regime de câmbio mais flexível e o alívio da maioria das restrições e controles cambiais", e o país voltou a acessar os mercados internacionais "antes do previsto", acrescenta.
Georgieva destaca que a "desinflação foi retomada, a economia continuou se expandindo e a pobreza diminuiu ainda mais".
Mas o FMI reconhece que não foram cumpridas as metas de reservas, o calcanhar de Aquiles do governo argentino.
"Embora o objetivo quantitativo de meados de junho para o acúmulo de reservas internacionais líquidas (RIL) tenha sido perdido, outros critérios foram cumpridos [...] e medidas corretivas foram implementadas" para se aproximar das metas, afirma o comunicado.
Georgieva pede que "a flexibilidade do câmbio" seja preservada e que sejam feitos esforços para "reconstruir os colchões de reservas" pois isso "é fundamental para permitir que a Argentina gerencie melhor os choques e acesse de maneira duradoura os mercados internacionais de capital em termos mais favoráveis".
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