Um adolescente de 15 anos foi considerado culpado, nesta sexta-feira (8/8), pelo assassinato de Harvey Willgoose, também de 15 anos, morto em frente ao refeitório da All Saints Catholic High School, em Sheffield, no Reino Unido em fevereiro de 2025. O crime ocorreu durante o intervalo da escola. O assassino usou uma faca de caça de 13 cm.

O réu, cujo nome não pode ser divulgado por motivos legais,esfaqueou Harvey duas vezes no peito. Ele tinha admitido que cometeu o homicídio culposo, mas, durante o julgamento, negou o assassinato. 

O júri do Tribunal da Coroa de Sheffield levou 14 horas para decidir que ele é culpado do crime. O jovem será sentenciado em outubro, quando o juiz também analisará se irá ou não divulgar a identidade do garoto.

Segundo a defesa, o réu agiu após anos de bullying e um “período intenso de medo na escola”, afirmando que “perdeu o controle”. Momentos após o ataque, ele procurou os professores e disse que não estava “bem de cabeça” e que não conseguia se controlar.

No entanto, a promotoria contestou essa versão, afirmando que o réu “mentiu” ao dizer que não se lembra do momento do crime e que ele havia se tornado obcecado por armas. No celular dele, foram encontradas fotos com facas.

Antes do veredito, a mãe de Harvey, Caroline Willgoose, expressou à Sky News sua angústia, afirmando que seu filho sentia ansiedade para ir à escola. “Ele arruinou a própria vida, e seus pais ficaram com uma cama vazia”, disse ela, sobre o réu.

Durante o julgamento, foi revelado que o réu já apresentava comportamentos violentos e que a escola havia sido avisada sobre a presença de uma arma meses antes do crime. Os pais de Harvey questionaram a postura da escola, alegando que incidentes anteriores não foram levados “a sério o suficiente”.

‘Perdemos uma parte de nós’

A irmã de Harvey, Sophie Willgoose, ficou emocionada com o veredito. “Em 3 de fevereiro, não perdemos apenas Harvey, perdemos uma parte de nós mesmos. Nossas vidas mudaram para sempre naquele dia”, declarou ao Sky News. 

Ela descreveu o irmão como um “menino afetuoso, engraçado e atencioso, que tinha uma capacidade única de unir as pessoas” e cuja “presença iluminava todos os cômodos”.

Sophie também agradeceu aos que estiveram ao lado de Harvey nos seus últimos momentos de vida e prometeu continuar a conscientizar sobre os perigos dos crimes escolares para garantir um futuro mais seguro.

O inspetor-detetive Joe Hackworthy, da Polícia de South Yorkshire, que liderou a investigação, chamou atenção para o fato de que as duas famílias saíram devastadas do crime. “A família de um menino passa por uma perda inimaginável, enquanto a família do outro enfrenta a realidade de uma vida atrás das grades”, declarou.

VIII – A violência física e ou simbólica: Inclui agressões corporais e abusos psicológicos que causam dor ou sofrimento, direta ou indiretamente. Visa eliminar comportamentos que atentem contra os direitos fundamentais. Arquivo Agência Brasil
VII – O tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor: Vedação a qualquer ação que desrespeite ou degrade a criança ou adolescente, assegurando condições dignas em qualquer situação. O cuidado visa manter seu equilíbrio emocional e dignidade. Reprodução TV Globo
VI – A discriminação por motivo de raça, classe, credo, gênero e outros: Proíbe atitudes ou falas que causem exclusão ou inferiorização com base em diferenças individuais. Garantir igualdade de tratamento é essencial para seu pleno desenvolvimento. Sumaia Vilela / Agência Brasil
V – A rotulação depreciativa: Repudia qualquer tipo de apelido ou rótulo que diminua a autoestima ou cause constrangimento. Isso protege a identidade e a autoconfiança das crianças e adolescentes. Tânia Rêgo / Agência Brasil
IV – A utilização de medidas disciplinares que ponham em risco a integridade física e moral: Vedação ao uso de castigos físicos ou psicológicos abusivos como forma de correção. Prioriza métodos disciplinares que respeitem a dignidade e o bem-estar. EBC
III – A exposição a situações de exploração de trabalho: Condiciona a proteção contra qualquer forma de trabalho que comprometa o desenvolvimento físico, emocional ou educacional. A exploração infantil é ilegal e impede o pleno crescimento. Arquivo Agência Brasil
II â?? A exposição a perigo ou a omissão de socorro: Proíbe expor crianças e adolescentes a situações que ameacem sua integridade física ou emocional. Inclui a obrigação de prestar socorro em casos de necessidade. A omissão pode configurar negligência ou abandono. Arquivo Agência Brasil
I – A sonegação do direito à defesa em situação de conflito: Isso garante que toda criança ou adolescente em conflito com a lei tenha o direito de se defender adequadamente, com apoio jurídico. A privação desse direito compromete a justiça e a proteção legal. É uma violação de princípios básicos do devido processo legal. Agência Brasil
Art. 3º - O aluno, como pessoa humana em processo de desenvolvimento, tem direito a ser respeitado por seus educadores, sendo proibida qualquer situação que proporcione: Marcelo Camargo Agência Brasil
Veja a lista completa desse capítulo que garante o respeito aos alunos individualmente. Reprodução YouTube
Entre eles, está o direito de não ser submetido a situações de constrangimento. O objetivo é assegurar um ambiente saudável e respeitoso, essencial para o desenvolvimento pleno e equilibrado de crianças e adolescentes. Tânia Rego Agência Brasil
O estatuto de proteção aos direitos dos estudantes prevê 8 itens no capítulo 1, que se refere ao Direito ao Respeito e à Dignidade como Pessoa. Reprodução YouTube
Se fosse no Brasil, a atitude da professora seria mesmo passível de punição, pois a lei prevê claramente os direitos das crianças e dos adolescentes de forma geral, inclusive no ambiente escolar. Giovanna Cornelio por Pixabay
A polícia foi acionada, mas disse que os fatos apresentados não eram suficientes para justificar uma queixa de agressão e o caso foi arquivado. Reprodução YouTube
O caso repercutiu muito nas redes sociais. E, além do garoto da foto, outros dois tinham passado pela mesma situação. freepik
Irritada, a mãe procurou a direção da escola, mas a professora tomou a iniciativa de pedir demissão antes mesmo de ser punida. Freepik
Ele disse que não sabia o que fazer, pois a professora decidiu usar a fita para mantê-lo calado. Uma punição por falar demais em sala de aula. freepik
Ser professor exige não apenas a formação acadêmica adequada, mas também uma boa dose de paciência para lidar com crianças. Um caso na Carolina do Norte em 2023 costuma ser lembrado como exemplo do que não fazer. Um garoto de 11 anos fez uma selfie e enviou para a mãe avisando que estava com a boca com fita adesiva. Reprodução redes sociais

Ele pediu que pais e responsáveis mantenham diálogos abertos com seus filhos para evitar o porte de armas. O Serviço de Promotoria da Coroa também manifestou solidariedade à família de Harvey, reforçando que o jovem réu planejou o ataque deliberadamente, e alertou sobre os riscos do porte de facas entre adolescentes.

Steve Davies, diretor da escola em que os dois meninos estudavam, lamentou a tragédia e destacou que as investigações continuarão para esclarecer todas as circunstâncias do caso.

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Mark Willgoose, pai de Harvey, afirmou que, apesar da curta vida, o filho viveu bem e que espera que a morte dele sirva para salvar outras vidas.

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