O sul da Europa prossegue com o seu verão infernal nesta quinta-feira (14) e sofre com uma onda de calor que já dura quase duas semanas, incluindo incêndios florestais que provocaram a terceira morte na Espanha.
"Estamos novamente impactados com a morte de um segundo voluntário, que perdeu a vida na província de León", lamentou o presidente de Governo espanhol, Pedro Sánchez, um dia após Madri solicitar a ajuda da União Europeia para combater os incêndios.
O homem falecido tinha 36 anos e morreu em consequência de queimaduras sofridas quando acompanhava outro voluntário de 35 anos, que morreu na terça-feira.
A terceira morte foi a de um romeno que trabalhava em uma hípica ao norte de Madri, no incêndio de 'Tres Cantos'.
Há 11 incêndios de nível 2 na Espanha (de uma escala que vai até 4). Os mais preocupantes são os da província de Zamora, na região de Castilla y León, onde "uma área significativa" ardeu em chamas, explicou o ministro do Interior espanhol, Fernando Grande-Marlaska, ao canal público TVE.
A França respondeu ao pedido de ajuda da Espanha à Europa e anunciou nesta quinta-feira o envio de duas aeronaves especializadas no combate a incêndios.
A maioria dos espanhóis, exaustos pelas temperaturas extremas de 40°C, que mal proporcionam alívio à noite, tenta resfriar suas casas, enquanto outros são forçados a abandoná-las diante das chamas.
Desde o início da onda de incêndios, pelo menos 10.700 pessoas foram deslocadas, segundo o Ministério do Interior.
- Triângulo de fogo -
País na linha de frente do aquecimento global na Europa, a Espanha está acostumada a temperaturas extremas, mas há alguns anos enfrenta uma multiplicação e intensificação das ondas de calor.
Desde o início do ano, mais de 142.000 hectares foram reduzidos a cinzas, segundo o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), e 201 incêndios foram registrados.
Além de Castilla y León, a Galícia (noroeste), a Comunidade Valenciana (leste) e Extremadura (oeste) são motivo de grande preocupação, formando um triângulo de fogo em todo o país e fechando quase 15 estradas, segundo um mapa da Direção-Geral de Trânsito (DGT).
"Uma noite em que as piores previsões se concretizaram", escreveu no X Abel Bautista, chefe do governo regional da Extremadura (oeste), sobre o enorme incêndio na região, que já consumiu 4.600 hectares.
Em Portugal, aeronaves foram mobilizadas para combater quatro grandes incêndios florestais no norte e centro do país. Somente no centro, o foco de Arganil conta com mais de 800 bombeiros, enquanto o incêndio de Trancoso, que arde desde sábado, ainda avança nesta quinta-feira.
- Melhora na Grécia -
Na Grécia, onde 20.000 hectares queimaram desde o início do verão, os bombeiros conseguiram conter o fogo que ameaça Patras, o principal porto grego de ligação com a Itália e a terceira maior cidade do país.
Há focos "isolados", embora o fogo "permaneça ativo" nos subúrbios ao leste desta cidade com mais de 200.000 habitantes, segundo os bombeiros.
Em outras partes do país, aviões-tanque lutavam em três outras frentes: a ilha de Zakynthos (Mar Jônico) e a cidade de Preveza, ambas ao oeste, e a ilha de Chios (Mar Egeu), ao leste.
Quase 600 pessoas e quase 30 aviões-tanque foram mobilizados.
Nos Bálcãs, os incêndios mataram pelo menos duas pessoas e provocaram a retirada de milhares de moradores. A Albânia é um dos países mais atingidos, e os bombeiros relataram que várias casas foram queimadas durante a noite.
O calor escaldante continua assolando a Itália, que saiu relativamente ilesa dos incêndios; 16 cidades, incluindo Roma e Veneza, estão em alerta vermelho devido às temperaturas elevadas.
Os incêndios também atingem o norte da Europa, Inglaterra e a região de North Yorkshire, onde os bombeiros combatiam um foco que se espalhou por cerca de 5 km2.
"É provável que permaneçamos neste local por algum tempo", previram os bombeiros em um comunicado.
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