Rosamund Adoo-Kissi-Debrah, mãe de Ella, a primeira pessoa no Reino Unido a ter oficialmente a poluição do ar listada como causa de morte, disse temer que seu filho Robert morra da mesma forma. A menina, que tinha apenas 9 anos, morreu em fevereiro de 2013 após um ataque fatal de asma, agravada por exposição a altos níveis de poluição. Robert também sofre com a doença.
Em 2020, após um longo inquérito sobre a morte de Ella, o legista Philip Barlow determinou que a poluição do ar foi um fator direto na morte da menina, tornando-se um marco histórico no Reino Unido. “Ela morreu de asma causada pela exposição à poluição do ar excessiva”, afirmou Barlow, destacando também falhas na redução de NO2 [dióxido de nitrogênio, um gás poluente e irritante] dentro dos limites legais estabelecidos pela União Europeia e pela legislação britânica.
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A família vive próximo à South Circular, uma das vias mais movimentadas de Londres, que se tornou ainda mais congestionada após o verão de 2020, quando o conselho local implementou o programa Low Traffic Neighbourhood (LTN). O objetivo das LTNs é reduzir o tráfego de passagem em áreas residenciais, mas críticos argumentam que elas apenas deslocam veículos para ruas principais, aumentando a poluição em locais já sensíveis.
“As emissões dos carros na South Circular dispararam e, por muito tempo, o medo dentro de mim foi primordial. Mas seguimos em frente, com medicamentos mais fortes, trabalhando em equipe. Não posso parabenizá-lo o suficiente, ele trabalhou arduamente e, por enquanto, é um jovem livre, mas precisa ter cuidado e não tomar nada como garantido; a asma é uma doença crônica sem cura”, disse a mãe, sobre o filho, ao jornal The Mirror.
Recentemente, Robert, de 15 anos, recebeu alta do serviço de asma do King's College Hospital, um momento que a mãe descreveu como aguardado “pacientemente, sonhando e rezando”. Diagnosticado com asma ainda bebê, Robert enfrentou crises graves e foi hospitalizado diversas vezes. A alta representa uma vitória para a família, mas Rosamund segue preocupada com os efeitos da poluição no dia a dia do filho.
Quantas pessoas morrem devido à poluição?
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a poluição do ar provocou 8,1 milhões de mortes em todo o mundo em 2021. O número corresponde a 12% do total de óbitos ocorridos no período, segundo o relatório Estado do Ar Global 2024, a versão mais recente do estudo.
Para Rosamund, a experiência pessoal reforça a urgência de políticas públicas eficazes e de atenção constante à saúde de seus filhos.
“Foi o dia pelo qual ambos esperamos pacientemente. Houve momentos em que parecia impossível, mas ele finalmente recebeu alta do hospital. A sensação era indescritível”, afirmou a mãe em rede social, lembrando que Robert ainda precisa de cuidados constantes por causa da asma, uma doença crônica sem cura.
Acima de 90% do total global das mortes por poluição do ar são provocadas pelas chamadas PM2,5 (material particulado fino). Estas partículas minúsculas são produzidas por carros, caminhões e aviões, e compõem a fumaça de incêndios florestais.
Como é a qualidade do ar no Brasil?
De acordo com o “Painel Vigiar”, iniciativa do Ministério da Saúde em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, todas as regiões do Brasil respiram níveis de poluição superiores ao recomendado pela OMS. Os dados foram divulgados em 2024, em referência a 2023.
De acordo com o monitoramento, a média anual de PM2,5 é de 9,9 µg/m³, quase o dobro do limite de 5 µg/m³ estabelecido pela OMS. Em Minas Gerais, 96% dos municípios têm níveis de PM2,5 acima do desejável.
Em BH, a média é de 13,0 µg/m³. O ar mais poluído do estado foi registrado em Monte Sião, com 28 µg/m³.
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Como a poluição do ar impacta nossa saúde?
- Provoca asma, bronquite e crises respiratórias;
- Aumenta risco de infartos, derrames e hipertensão;
- Afeta memória, concentração e desenvolvimento cognitivo em crianças;
- Retarda crescimento pulmonar e aumenta infecções em jovens;
- Eleva risco de câncer de pulmão;
- Pode causar partos prematuros e baixo peso ao nascer;
- Contribui para mortalidade precoce;
- Afeta bem-estar mental e qualidade de vida