O governo da Colômbia e a ONU negociam nesta quinta-feira (28) a libertação de 33 militares retidos há três dias em uma comunidade amazônica cheia de narcocultivos e onde opera a maior dissidência da extinta guerrilha das Farc, informaram as autoridades.

Após combates intensos com os rebeldes, na segunda-feira, cerca de 600 moradores impediram a saída das tropas dessa área no departamento de Guaviare (sudeste), em uma ação que o governo do esquerdista Gustavo Petro considera um "sequestro".

Desde domingo, começaram os confrontos com a guerrilha liderada pelo temido Iván Mordisco, que resultaram em 10 mortos e dois capturados. Inicialmente, as autoridades informaram que 34 soldados estavam retidos, mas depois corrigiram o número para 33.

As delegações do governo, da Defensoria Pública e da ONU "deslocaram-se para (...) onde estão sequestrados nossos soldados", declarou nesta quinta-feira o almirante Francisco Cubides, comandante das Forças Militares.

Os mediadores tentarão "dialogar diretamente" com a população, acrescentou.

As retenções de militares e policiais são frequentes na Colômbia e geralmente realizadas por camponeses obrigados ou manipulados por grupos armados em áreas com pouca presença do Estado.

O exército está "reforçando a segurança com mais tropas para evitar qualquer ataque nesse ambiente hostil" em que a população local "está instrumentalizada" pelos rebeldes, segundo Cubides.

Esses eventos "violam gravemente os direitos humanos de nossos militares ao impedir sua mobilidade e negar-lhes acesso a água e alimentos, que já começam a faltar", acrescentou.

O Ministério da Defesa anunciou na rede social X que apresentou uma denúncia por sequestro à procuradoria.

Na semana passada, outro grupo liderado por Mordisco explodiu um caminhão-bomba que matou seis pessoas e deixou mais de 60 feridas em Cali (sudoeste).

Conhecida como o Estado-Maior Central (EMC), essa estrutura é o maior bloco de frentes que se recusaram a assinar o acordo de paz de 2016 que desarmou a maioria das Farc.

O desarmamento da guerrilha deixou um vazio de poder nos territórios, aproveitado por grupos rebeldes dissidentes, paramilitares e cartéis. Essas organizações se fortaleceram com as rendas do narcotráfico, da extorsão e da mineração ilegal, segundo especialistas.

Mordisco manteve aproximações pela paz com Petro durante um ano, mas abandonou as conversas em 2024 e aumentou sua pressão violenta contra o Estado.

vd/lv/mr/lm/am

compartilhe