França julga 12 ativistas pró-eutanásia em pleno debate político sobre o tema
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Siga noUm tribunal de Paris julga, a partir desta segunda-feira (15), 12 ativistas pró-eutanásia que ajudaram várias pessoas, enfermas ou não, a comprar os barbitúricos necessários para encerrar suas vidas.
O julgamento acontece no momento em que o Senado se prepara para debater em outubro sobre a autorização ou não da eutanásia e o suicídio assistido em casos limitados, após a aprovação da Assembleia Nacional (Câmara Baixa) em maio.
O julgamento "é uma oportunidade para sensibilizar a opinião pública sobre as problemáticas do final da vida", declarou à AFP o advogado de defesa, Arnaud Lévy-Soussan.
Os acusados têm entre 74 e 89 anos e integram o grupo 'Ultime Liberté' (Última Liberdade), uma divisão radical da Associação pelo Direito de Morrer com Dignidade (ADMD).
Os idosos são acusados de ajudar, entre agosto de 2018 e novembro de 2020, dezenas de pessoas a comprar pela internet pentobarbital, um barbitúrico que provoca uma morte rápida e sem dor.
Eles são acusados por crimes relacionados com a legislação sobre o tráfico de substâncias ilícitas.
O caso foi aberto em 2019 com um relatório das autoridades americanas sobre uma rede mexicana de venda de barbitúricos, que eram enviados para todo o mundo com a etiqueta "Natural Cosmetics" ("Cosméticos Naturais")
O 'Ultime Liberté' vai além das tradicionais reivindicações das associações pró-eutanásia e defende o direito a um suicídio "tranquilo", sem a necessidade de uma doença da pessoa que solicita a medida.
"Há muitas leis que impedem a liberdade do suicídio, de um suicídio não violento, apesar de estar despenalizado", disse à AFP Claude Hurry, presidente da associação.
Para a principal acusada, ter esta "pílula mágica" em casa e não esperar um "pedido médico" permite que as pessoas envelheçam com "uma grande serenidade a respeito do fim".
O pentobarbital está autorizado na França para uso veterinário, como anestésico e de eutanásia. Na Bélgica ou na Suíça, o barbitúrico é usado para suicídios assistidos, uma prática legal nos dois países.
O julgamento em Paris deve prosseguir até 9 de outubro.
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