Trump, em uma mudança abrupta, afirma que a Ucrânia pode recuperar todo o seu território
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Siga noO presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (23) que a Ucrânia poderia recuperar todo o seu território perdido para a Rússia, em uma reviravolta em sua postura sobre a guerra após se reunir com o presidente Volodimir Zelensky.
A sugestão de Trump marca uma mudança extraordinária depois de meses sustentando que a Ucrânia provavelmente teria que ceder parte de seu território após a invasão russa de fevereiro de 2022.
"Acredito que a Ucrânia, com o apoio da União Europeia, está em condições de lutar e RECUPERAR todo o território", escreveu Trump em sua plataforma Truth Social após conversar com Zelensky à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York.
"A Ucrânia poderia recuperar seu país em sua forma original e, quem sabe, talvez até ir mais além!", acrescentou, sem dar mais detalhes.
Zelensky elogiou os comentários de Trump como uma "grande mudança".
Trump também instou os países da Otan a derrubar qualquer caça russo que viole seu espaço aéreo, após uma série de incidentes que têm preocupado os aliados dos Estados Unidos no Leste Europeu.
- "Tigre de papel" -
Os comentários de Trump marcam o último de uma série de reviravoltas em relação à Ucrânia, incluindo uma súbita inclinação para as conversas de paz com o presidente russo, Vladimir Putin, no início deste ano.
O mandatário americano havia demonstrado anteriormente um apoio tímido a Zelensky, com quem teve uma forte discussão televisionada no Salão Oval em fevereiro, durante a qual disse ao ucraniano que não tinha "as cartas" para derrotar a Rússia.
Mas suas palavras desta terça-feira refletiram sua crescente frustração com Putin desde que a cúpula no Alasca, em 15 de agosto, não conseguiu alcançar um avanço significativo para a paz, sendo seguida por um aumento dos ataques russos.
Trump declarou à imprensa que contava com seu vínculo com Putin para pôr fim à guerra, mas "infelizmente, essa relação não significou nada".
Em sua publicação no Truth Social, Trump afirmou ter mudado de opinião "após conhecer e compreender plenamente a situação militar e econômica entre a Ucrânia e a Rússia".
"Putin e a Rússia se encontram em graves problemas econômicos, e este é o momento de a Ucrânia agir", disse.
Acrescentou que a Rússia está "lutando sem rumo" após mais de três anos de guerra e que agora era um "tigre de papel" em vez de uma força nuclear séria.
- "Boa sorte a todos!" -
Na Europa, no entanto, havia preocupação de que a mensagem do presidente americano pudesse não ser o que parecia.
As referências à UE e à Otan, junto com seu comentário final "Boa sorte a todos!", geraram temores de que pudesse estar tentando lavar as mãos de um conflito do qual culpa seu antecessor, Joe Biden.
Trump, que tem pressionado repetidamente a Otan a assumir maior responsabilidade no apoio à Ucrânia, insistiu que Washington continuaria fornecendo armas à aliança "para que façam com elas o que quiserem".
O anúncio de Trump ocorreu pouco depois de Zelensky informá-lo sobre os recentes sucessos militares da Ucrânia contra a Rússia, apesar dos avanços lentos de Moscou no leste do país.
Zelensky, por sua vez, alertou sobre as recentes incursões de drones russos em países da Otan, afirmando que Putin estava explorando os "pontos fracos" das defesas da aliança.
Questionado sobre se acreditava que os membros da Otan deveriam derrubar as aeronaves russas em caso de violação do espaço aéreo, Trump respondeu: "Sim, acredito".
Pouco antes, do púlpito da ONU, o presidente americano acusou a China e a Índia de serem os "principais" financiadores de Moscou por meio de suas compras de petróleo. Também pediu aos países europeus que cessassem "imediatamente" suas aquisições de petróleo russo.
Zelensky declarou depois, diante do Conselho de Segurança da ONU, que a China poderia obrigar a Rússia a pôr fim à guerra na Ucrânia "se realmente quisesse".
"Sem a China, a Rússia de Putin não é nada. No entanto, com demasiada frequência, a China permanece em silêncio e distante em vez de agir pela paz", declarou Zelensky ao Conselho, do qual a China é membro permanente.
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