A Anistia Internacional afirmou nesta terça-feira (2, data local) que existem evidências de que agentes do governo sírio e aliados executaram 46 membros da minoria drusa durante uma semana de violência sectária em julho, e exigiu que os responsáveis sejam responsabilizados perante a justiça.

A violência começou em 13 de julho com confrontos entre combatentes drusos e beduínos sunitas, mas escalou rapidamente envolvendo forças governamentais e tribais de outras partes da Síria.

As autoridades sírias disseram na época que suas forças interviram para conter os combates, mas testemunhas, facções drusas e o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) os acusam de tomar partido dos beduínos e cometer abusos contra os drusos.

O OSDH, um grupo de monitoramento do conflito, informou que mais de 2 mil pessoas, incluindo 789 civis drusos, "foram executadas sumariamente por pessoal dos ministérios da Defesa e do Interior".

A Anistia disse que documentou o "ataque a tiros e assassinato deliberado" de 46 drusos na cidade de Sweida e arredores, nos dias 15 e 16 de julho.

"Essas execuções por forças do governo e aliados ocorreram em uma praça pública, casas residenciais, uma escola, um hospital e um salão cerimonial", afirmou.

Segundo a Anistia, as evidências incluem "vídeos verificados de homens armados em uniformes militares e de segurança, alguns com insígnias oficiais, executando pessoas desarmadas".

Também afirmou possuir fotos verificadas, análises de armas e depoimentos de testemunhas.

O grupo de direitos humanos afirmou que compartilhou suas descobertas preliminares com os ministérios do Interior e Defesa, mas não obteve resposta.

Pelo menos quatro homens armados que aparecem nos vídeos verificados usavam distintivos pretos característicos do Estado Islâmico (EI), segundo a Anistia, e três deles foram filmados trabalhando junto ao pessoal de segurança.

O EI não reivindicou os ataques em Sweida.

Após as forças governamentais deixarem Sweida, um fotógrafo da AFP viu corpos em uma rua no centro da cidade.

Diana Semaan, pesquisadora da Anistia para a Síria, instou as autoridades a "investigar rápida, independente, imparcial e transparentemente essas execuções e garantir que os perpetradores sejam responsabilizados em processos justos".

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