O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, anunciou, neste domingo (7/9), que vai renunciar ao cargo após menos de um ano no poder, pressionado por reveses eleitorais sofridos por seu partido nas legislativas durante seu mandato, nas quais perdeu a maioria nas duas câmaras.

A renúncia mergulha o Japão na incerteza neste momento em que o país luta contra inflação maior que a esperada e enfrenta as consequências das tarifas impostas aos Estados Unidos sobre sua indústria automobilística, pilar da economia nipônica.

“Passo para o lado”

Ishiba, de 68 anos, renunciará menos de um ano depois de assumir o comando do Partido Liberal Democrata (PLD), o que o tornou chefe do governo.

“Decidi renunciar ao cargo de presidente do Partido Liberal Democrático”, anunciou, durante coletiva de imprensa, depois de vários veículos de comunicação locais informarem que ele se demitiria.

“Agora que as negociações sobre as medidas tarifárias americanas terminaram, acredito que é o momento adequado. Decidi dar um passo para o lado e abrir espaço para a próxima geração”, afirmou Ishiba. 

Em meio à guerra comercial que abala o mundo, o Japão, quarta economia do planeta, conseguiu que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinasse decreto para reduzir as tarifas sobre os automóveis japoneses, no âmbito de um acordo comercial. 

Os Estados Unidos implementaram, no começo de agosto, tarifas aduaneiras mais altas para os produtos japoneses, como fizeram com dezenas de outros países. Porém, o governo Ishiba conseguiu negociar tarifa sobre os automóveis de 15% no lugar dos atuais 27,5%, enquanto que para muitos outros produtos a taxação também será limitada a 15%. 

Ishiba, que faz parte da minoria cristã do Japão, é filho de um governador regional e chegou a liderar seu partido em 2024, na quinta tentativa. Ele assumiu como primeiro-ministro em setembro de 2024, com a promessa de “criar um novo Japão”, revitalizar as áreas rurais e enfrentar a “emergência silenciosa” que representa a diminuição da população. 

Imediatamente convocou eleições para a Câmara baixa. Nesse pleito, realizado em outubro de 2024, seu partido obteve os piores resultados em 15 anos e sua coalizão com a formação Komeito perdeu a maioria. 

Em julho passado, a maioria no Senado foi perdida e começaram as especulações sobre a possível renúncia do primeiro-ministro.

A emissora NHK noticiou que Ishiba queria evitar divisões dentro de seu partido, a formação conservadora que dominou o panorama político japonês e governou quase ininterruptamente o país desde 1955.

Pressões

O jornal Asahi Shimbun assinalou que Ishiba não resistiu à pressão crescente por sua saída. O primeiro-ministro se reuniu, na noite de sábado, com o ministro da Agricultura, Shinjiro Koizumi, e com o ex-primeiro-ministro Yoshihide Suga, peso-pesado do partido, que lhe pediram que renunciasse, segundo a imprensa.

Na semana passada, quatro altos dirigentes do PLD, entre eles o secretário-geral, Hiroshi Moriyama, também apresentaram as respectivas demissões. Entre aqueles que pressionaram pela saída de Ishiba está o influente ex-primeiro-ministro Taro Aso, de 84 anos. O mandato de Ishiba como líder do partido deveria terminar em setembro de 2027.






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