A Federação de Comunidades Judaicas da Espanha (FCJE) denunciou, nesta sexta-feira (19), um "aumento preocupante do antissemitismo" no país, dias depois de ter condenado as manifestações pró-palestinas que levaram à interrupção do final da Volta, tradicional prova de ciclismo.
"Em todos os nossos lares e celebrações [na segunda-feira será celebrado o ano novo judaico] estará presente uma profunda consternação pelos graves episódios de antissemitismo que estamos vivendo: insultos, assédio, exigências, apontamentos e manifestações de ódio pelo simples fato de sermos judeus", manifestou-se a entidade em um comunicado.
A FCJE, que estima que na Espanha vivam cerca de 70 mil judeus, já havia condenado "os graves incidentes de violência de grupos pró-palestinos" após o caótico final da Volta, cuja última etapa teve de ser interrompida no domingo em Madri.
De acordo com a Federação, "esse tipo de manifestação violenta alimenta o ódio e dá cobertura a um preocupante aumento do antissemitismo na Espanha".
Em um país onde a causa palestina conta com forte apoio popular, o presidente do governo, o socialista Pedro Sánchez, reafirmou na segunda-feira sua "admiração" pelos manifestantes pró-palestinos.
Sánchez - que preside um governo de coalizão de esquerda - fez do apoio à causa palestina um dos eixos principais de sua política externa, e a Espanha reconheceu oficialmente o Estado palestino em maio de 2024.
Segundo o informe sobre a evolução dos crimes e atos de ódio na Espanha, publicado em julho de 2025 pelo Ministério do Interior, os atos antissemitas aumentaram 60,9% em 2024, passando de 23 registros para 37 em comparação com 2023.
O relatório sobre o antissemitismo na Espanha, elaborado pelo Observatório contra o Antissemitismo, composto pela FCJE e pelo Movimento contra a Intolerância, destacou, por sua vez, que em 2024 foi registrado "um aumento de 321% em relação ao ano de 2023 e de 567% em relação a 2022" dos incidentes antissemitas, representando "o maior número registrado na história moderna da Espanha em um ano".
Em maio de 2024, a FCJE já havia assegurado que, desde o ataque do Hamas a Israel em 7 outubro de 2023, que desencadeou a guerra em Gaza, os judeus da Espanha eram alvo de um número crescente de "ataques, insultos, ameaças e intimidação".
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