O presidente sírio, Ahmed al Sharaa, em visita a Nova York para a Assembleia Geral da ONU, disse nesta segunda-feira (22) que espera concluir um acordo de segurança que alivie as tensões com Israel, embora tenha descartado um reconhecimento imediato do país vizinho.

Sharaa, ex-jihadista cujas forças derrubaram o antigo líder sírio Bashar al Assad em dezembro, reuniu-se com o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, e fará o primeiro discurso de um dirigente sírio perante a Assembleia em décadas.

As autoridades sírias buscam alcançar acordos militares e de segurança até o fim do ano com Israel, cujo exército atacou o vizinho e rival de longa data em meio ao caos gerado após a queda de Assad.

"Espero que isso nos leve a um acordo que mantenha a soberania da Síria e resolva também alguns dos temores de segurança de Israel", disse Sharaa na cúpula Concordia em um hotel de Nova York, realizada à margem da Assembleia Geral.

Na reunião, Rubio pediu à Síria que aproveitasse a oportunidade de "construir uma nação estável e soberana", segundo comunicado de seu porta-voz, Tommy Pigott.

No entanto, Sharaa mostrou-se reticente quando foi questionado sobre se a Síria se uniria aos chamados Acordos de Abraão, nos quais Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos normalizaram suas relações com Israel em 2020.

"A Síria é diferente, já que aqueles que fazem parte dos Acordos de Abraão não são vizinhos de Israel. A Síria foi alvo de mais de 1.000 ataques, investidas e incursões israelenses a partir das Colinas de Golã", lembrou.

O presidente também expressou dúvidas quanto à confiança em Israel, ao questionar se o país não teria a intenção de expandir-se para a Síria e ao criticar o descumprimento dos acordos de paz com outros dois vizinhos da região, Egito e Jordânia.

"Há uma enorme raiva pelo que está acontecendo em Gaza, não só na Síria, mas em todo o mundo, e, é claro, isso impacta nossa postura em relação a Israel", acrescentou.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou no domingo que existe uma nova oportunidade de paz com a Síria e o Líbano após uma grande ofensiva militar realizada contra o Hezbollah, o movimento xiita libanês apoiado pelo Irã e que era próximo de Assad.

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