EUA entram em paralisação e interrompem serviços das agências federais
Este é o primeiro "shutdown" desde o mais longo da história — de 35 dias — há quase sete anos, e vai afetar centenas de milhares de funcionários públicos
O Capitólio, em Washington, nos Estados Unidos, em 30 de setembro de 2025; governo federal caminha para paralisação dos serviços federais crédito: Alex WROBLEWSKI / AFP
O governo dos Estados Unidos começou a suspender suas operações nesta quarta-feira (1/10), depois que congressistas e o presidente Donald Trump não conseguiram superar um impasse orçamentário durante negociações tensas, que incluíram exigências democratas de financiamento à saúde.
Esta é a primeira paralisação, ou "shutdown", desde o mais longo da história — que durou 35 dias — há quase sete anos, e interromperá o trabalho de vários departamentos e agências federais, afetando centenas de milhares de funcionários governamentais.
Trump culpou os democratas pelo impasse e ameaçou punir o partido e seus eleitores com a interrupção de prioridades da agenda progressista, além de cortes no setor público.
Assim, "estaríamos demitindo muitas pessoas que serão muito afetadas. E são democratas, vão ser os democratas", disse Trump algumas horas antes no Salão Oval.
Os republicanos do Senado tentaram aprovar um remendo de financiamento temporário aprovado pela Câmara dos Representantes, mas não conseguiram obter os votos democratas necessários para enviá-lo à mesa do presidente Trump.
"Podemos fazer coisas durante o fechamento que são irreversíveis, que são ruins para eles (...) como demitir uma grande quantidade de pessoas, ou cortar coisas de que eles gostam", acrescentou o presidente republicano.
A ameaça de Trump de novos cortes de empregos aumenta a ansiedade entre os funcionários do governo federal provocada pelas demissões em larga escala iniciadas pelo Departamento de Eficiência Governamental (Doge) do ex-conselheiro da presidência Elon Musk.
Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, sigla em inglês), 750 mil funcionários federais poderiam se encontrar desta vez em situação de desemprego parcial, com uma perda de rendimentos equivalente a 400 milhões de dólares (R$ 2,12 bilhões).
O "shutdown" anterior, ocorrido de dezembro de 2018 até o fim de janeiro de 2019, durante o primeiro mandato de Trump, durou 35 dias. Naquele momento, o CBO estimou que havia reduzido o Produto Interno Bruto (PIB) em 11 bilhões de dólares.
As paralisações por falta de orçamento são muito impopulares nos Estados Unidos, e tanto democratas quanto republicanos tentam evitá-las, às vezes até o último momento.
Ainda mais com a perspectiva das eleições legislativas de meio de mandato em novembro de 2026, nas quais estará em jogo a maioria presidencial no Congresso.
- Duas posições -
Desde que voltou à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump tem chamado a atenção por declarações e atitudes polêmicas e controversas. Entre elas, está a curiosa ameaça à cidadania Rosie O'Donnell após receber críticas públicas da atriz e apresentadora norte-americana. Reprodução do Instagram @rosie
Apesar da ameaça do presidente, a lei dos Estados Unidos não permite que a autoridade revogue a cidadania de pessoas nascidas no país. Afinal, Rosie O'Donnell nasceu em Nova York, no dia 22 de março de 1962. Reprodução do Instagram @rosie
"Devido ao fato de Rosie O'Donnell não ser do interesse de nosso grande país, estou pensando seriamente em tirar sua cidadania", escreveu Trump em sua plataforma Truth Social. Reprodução do Instagram @rosie
"Ela é uma ameaça à humanidade e deve permanecer no maravilhoso país da Irlanda, se eles a quiserem. DEUS ABENÇOE A AMÉRICA!", acrescentou. Reprodução do Instagram @rosie
Rosie O'Donnell já foi alvo de críticas de Trump em outras ocasiões. Por esse motivo, ela se mudou para a Irlanda no início de 2025 com o filho de 12 anos, após o presidente começar seu segundo mandato. Reprodução do Instagram @rosie
Além disso, em março, O'Donnell afirmou nas redes sociais que só voltará aos Estados Unidos “quando for seguro para todos os cidadãos terem direitos iguais”. - Reprodução do Instagram @rosie
Ela criticou o presidente pela primeira vez em 2006. Na ocasião, a comediante e então apresentadora do programa "The View", zombou de Trump por sua postura em uma controvérsia envolvendo uma vencedora do Miss EUA. Reprodução do Instagram @rosie
A crítica mais atual ocorreu quando ela lamentou as 120 mortes nas enchentes de 4 de julho no Texas. A artista culpou os cortes de orçamento feitos por Trump em órgãos ambientais e científicos responsáveis pela prevenção de desastres naturais. Reprodução do Instagram @rosie
"Que história de horror no Texas. E você sabe, quando o presidente destrói todos os sistemas de alerta precoce e a capacidade de previsão do tempo, esses são os resultados.", disse O'Donnell. Reprodução do Instagram @rosie
"Eu nunca fui uma pessoa que pensou que iria se mudar para outro país, mas decidi que seria o melhor para mim e meu filho de 12 anos. E aqui estamos", declarou em vídeo no Tik Tok, na qual revelou sua decisão para os fãs. Reprodução do Instagram @rosie
Engana-se quem acha que a artista, de 63 anos, é desconhecida do povo norte-americano. Afinal, apesar de estar longe dos holofotes, ela teve participações especiais em filmes e séries e foi um nome presente no entretenimento do país. David Shankbone/wikimédia Commons
O'Donnell iniciou sua carreira na comédia ainda adolescente, quando encontrou refúgio após perder a mãe, vítima de um câncer de mama. Reprodução do Instagram @rosie
A artista, então, venceu, em 1990, um concurso de talentos, que abriu as portas para o cinema. Ela brilhou em 'Uma Equipe Muito Especial' (1992), estrelado por Geena Davis e Tom Hanks. - Divulgação
Em seguida, a atriz teve participações na comédia romântica 'Sintonia de Amor' (1993), novamente ao lado de Hanks e de Meg Ryan. Ela também interpretou Betty Rubble, esposa de Barney, na versão live-action de 'Os Flintstones' (1994). Divulgação
Esteve no filme "Agora e sempre" (1995); O enredo mostra quatro amigas de infância, que se reencontram depois de muito tempo e relembram um verão 20 anos antes. Divulgação
Rosie O'Donnell desempenhou o papel de Tutu na série de televisão SMILF, comédia dramática americana criada por Frankie Shaw, transmitida entre 2017 e 2019. Divulgação
Ao longo da carreira, ganhou um programa de TV com a sua própria assinatura no título e esbanjou versatilidade. 'The Rosie O'Donnell Show' foi ao ar de 1996 a 2002, com grande audiência nos EUA e também pelo mundo.
Com entrevistas divertidas de astros e estrelas de Hollywood, Rosie O'Donnell fez sucesso no entretenimento, algo semelhante ao que acontece atualmente com Drew Barrymore. Diante disso, o programa venceu onze Daytime Emmys.. - Divulgação
Em 2002, ela se tornou uma das vozes mais relevantes na defesa dos direitos da comunidade LGBT nos EUA. Reprodução do Instagram @rosie
Dez anos depois, assustou os fãs ao sofrer um ataque cardíaco. Isso a fez desacelerar o ritmo da carreira e se afastar cada vez mais dos holofotes. Reprodução do Instagram @rosie
Rosie O'Donnell foi casada duas vezes. Com a produtora Kelli O'Donnell, entre 2004 e 2007, e com a consultora de Wall Street Michelle Rounds, entre 2012 e 2015 Reprodução do Instagram @rosie
Rosie O'Donnell tem cinco filhos: Parker (30 anos), Chelsea (27 anos) e Blake (25 anos), além de Vivienne, de 22 anos (com Kelli) e Clay, de 12 anos (com Rounds). Reprodução do Instagram @rosie
De 2006 a 2007, O'Donnell teve uma atuação controversa como moderadora do talk show diurno "The View", que incluiu uma briga pública com Donald Trump e disputas no ar sobre as políticas do governo Bush com a Guerra do Iraque Divulgação
Além de comédia, cinema e televisão, O'Donnell foi editora de revista, blogueira de celebridades e autora de vários livros de memórias, incluindo Find Me (2002) e Celebrity Detox (2007). Reprodução do Instagram @rosie
Os republicanos apresentaram uma proposta para prorrogar o financiamento atual até o final de novembro, enquanto um plano de gastos a longo prazo era negociado.
Mas os democratas queriam restituir centenas de bilhões de dólares em gastos com assistência médica, em particular no programa de seguros de saúde denominado Obamacare para famílias de baixa renda.
Na segunda-feira, Trump recebeu na Casa Branca os principais líderes republicanos e democratas do Congresso, uma reunião que apenas confirmou o impasse das negociações.
"Temos a vontade e a capacidade de encontrar um acordo bipartidário para financiar o Estado de uma maneira que responda realmente às necessidades do povo americano em matéria de saúde, segurança e prosperidade econômica", afirmou na terça-feira o líder da minoria democrata na Câmara dos Deputados, HakeemJeffries.
"Mas (...) não apoiaremos um projeto de lei republicano partidário que continue desmantelando o sistema de saúde americano, nem agora nem nunca", acrescentou diante do Congresso.
No momento, republicanos e democratas mantêm-se firmes em suas posições.
- Sem os votos -
O presidente dos EUA Donald Trump declarou que quer que seu rosto seja esculpido no Monte Rushmore, monumento que retrata ex-presidentes de peso na história americana. Gage Skidmore/Wikimedia Commons/
O memorial é um dos mais famosos dos EUA e fica na cidade de Keystone, no estado da Dakota do Sul. Retrata George Washington, Thomas Jefferson, Abraham Lincoln e Theodore Roosevelt.
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Mas geólogos alertam que mexer naquela montanha pode acabar destruindo os rostos que já existem. Como a formação rochosa é mista, uma parte pode não ser apropriada para a obra de arte como outras. Imagem de Frank Wintermeyer por Pixabay
Além disso, o monte já tem fissuras, rachaduras e lascas de vários tamanhos e profundidades, que vêm sendo detectadas por cientistas desde o final dos anos 1980. Já são mais de 100 falhas. Imagem de Mike por Pixabay
George Washington é um dos chamados “Founding Fathers”, os pais fundadores dos Estados Unidos. Liderança durante a Guerra da Independência, foi o primeiro presidente do país, entre 1789 e 1797.
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Thomas Jefferson foi o terceiro presidente dos Estados Unidos (1801 - 1809) e autor da declaração da independência, em 1776.
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Abraham Lincoln foi o 16º presidente dos Estados Unidos, governando entre 1861 e 1865, quando foi assassinado.
Imagem de Mike por Pixabay
Durante o mandato de Lincoln aconteceu a Guerra Civil Americana, entre os estados de Norte e Sul, que teve como pano de fundo a questão da escravidão no país.
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Theodore Roosevelt foi o 26º presidente dos Estados Unidos (1901 - 1909). Em 1906, ele recebeu o Nobel da Paz por seu papel na mediação do acordo que deu fim ao conflito entre a Rússia e o Japão.
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As efígies são de autoria do escultor Gutzon Borglum (1867 - 1941). O artista trabalhou 14 anos na histórica obra. Ele morreu no mesmo ano em que ela foi concluída.
Reprodução
Após a morte de Borglum ainda restavam detalhes para o término das esculturas e coube a seu filho, Lincoln, a tarefa de finalizá-la.
Na obra foram usadas dinamites e também foi preciso recorrer a uma técnica denominada “favo de mel”, quando em partes mais profundas alguns pedaços de granito são retirados com as próprias mãos.
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A presença das esculturas na montanha fez com que o estado de Dakota do Sul ficasse conhecido como o “The Mount Rushmore State” (“O Estado do Monte Rushmore”).
Localizadas na região de Black Hills, as esculturas têm tamanhos que variam de 15 a 21 metros de altura.
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No dia 19 de outubro de 1966, o monte foi inscrito no Registro Nacional de Lugares Históricos, que reúne a lista de distritos, edifícios e objetos dignos de preservação nos Estados Unidos.
Imagem de Mike Goad por Pixabay
Inaugurado em 31 de outubro de 1941, o Memorial Nacional de Monte Rushmore recebe mais de dois milhões de visitantes por ano.
Domínio Público
O território onde está situado o monumento foi objeto de veneração de povos indígenas desde os tempos pré-colombianos.
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Com o avanço da colonização para o oeste, essas terras indígenas foram palco de conflitos entre a população nativa e os invasores. Até que em 1868 foi assinado o Tratado de Fort Laramie, em que o governo americano reconhecia a região como reserva indígena.
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No entanto, a descoberta de ouro na reserva de Black Hills fez crescer o olho do governo, que passou a promover campanhas militares para se apossar do território.
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A Grande Guerra Sioux, ou Guerra de Black Hills, durou dois anos e terminou com o massacre do povo local. A Montanha dos Seis Avôs acabou renomeada pelo governo como Monte Rushmore, em referência ao empresário Charles Rushmore, um dos primeiros a instalar negócios na região, com uma mina de estanho.
Domínio Público
Apesar da maioria republicana no Senado, o partido de Trump não controla todos os votos necessários para aprovar leis orçamentárias. Estas exigem 60 votos, sete a mais do que os republicanos possuem.
Não está claro quanto tempo vai durar a paralisação. O governo federal sofreu "shutdown" 21 vezes desde 1976, quando o Congresso promulgou o processo orçamentário moderno.
A paralisação não afetará serviços vitais como o Serviço Postal, o Exército e os programas de assistência como a Previdência Social e os cupons de alimentação.
Os trabalhadores do governo federal não receberiam salário até o fim da paralisação, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso.
Segundo cálculos dos analistas da companhia de seguros Nationwide, cada semana de fechamento poderia reduzir o crescimento do PIB dos Estados Unidos em 0,2 ponto percentual.