Ex-diretor de prisão paraguaia é assassinado
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Um tenente-coronel do Exército paraguaio, ex-diretor da prisão militar onde está presa a esposa do traficante uruguaio foragido Sebastián Marset, foi assassinado a tiros na quinta-feira em Assunção depois de ter deposto como testemunha contra um superior que buscava favorecer outro chefe.
O oficial havia declarado semanas atrás em um julgamento por tentativa de suborno que envolvia o traficante paraguaio Miguel Ángel "Tío Rico" Insfrán, um suposto parceiro de Marset, informou a polícia.
Guillermo Moral, de 44 anos, acabava de entrar em sua caminhonete quando dois atiradores em uma moto dispararam três vezes contra ele em frente à faculdade de Direito em Assunção, disse o delegado César Silguero a jornalistas.
"É preocupante que isso aconteça na capital. Vamos fazer o possível para alcançar os responsáveis" pelo assassinato a tiros do tenente-coronel, acrescentou.
Moral foi diretor da prisão militar Viñas Cué, nos arredores da capital.
Lá está Gianina García Troche, esposa do uruguaio Marset, foragido acusado de crimes relacionados ao tráfico de drogas.
A mulher, extraditada da Espanha em maio, foi condenada por lavagem de dinheiro proveniente do tráfico internacional de drogas.
Na mesma prisão esteve Tío Rico, extraditado do Brasil em 2023 e processado por liderar um esquema criminoso dedicado ao tráfico de drogas através do Paraguai.
Há um mês, o militar assassinado havia sido testemunha em um julgamento que terminou com a condenação de um superior e da esposa dele por tentativa de suborno.
"Este crime covarde constitui um ataque direto do crime organizado contra o Estado paraguaio", escreveu no X o vice-presidente Pedro Alliana, ao condenar este "brutal ato de assassinato por encomenda.
- "Um oficial exemplar" -
Em 2023, Tío Rico entrou na prisão de Viñas Cué e seus cúmplices tentaram enviar-lhe um celular dentro de um pacote de erva-mate.
Segundo o depoimento de Moral, seu superior e a esposa lhe ofereceram o equivalente a 1.500 dólares (7.485 reais em 2023) para que ele aceitasse o pacote, mas o tenente recusou e denunciou a tentativa de suborno.
Moral foi afastado da prisão de Viñas Cué e o mafioso transferido para a prisão de segurança máxima de Minga Guazú, em Ciudad del Este, 330 km a leste de Assunção.
Em 4 de setembro, a Justiça condenou por suborno agravado no caso do celular o coronel Luis Belotto e sua esposa, Alba de Belotto, a dois anos de prisão, embora não tenham sido presos devido à curta duração da pena.
Víctor Moral, irmão do militar assassinado, disse que o ataque "foi um trabalho da máfia" e lamentou que as autoridades não tenham designado proteção para ele: "É gravíssimo o que aconteceu e ele não foi protegido".
"Meu irmão foi um oficial exemplar. Por querer ser um bom profissional, tiraram-lhe a vida", disse aos jornalistas.
Em junho, o uruguaio Marset, acusado de ser um poderoso traficante na América do Sul, ofereceu render-se no Paraguai em troca da liberdade de sua esposa.
Segundo o Insight Crime, um centro de estudos e veículo sobre o crime organizado nas Américas, Marset tem supostos vínculos com grupos criminosos como o clã Insfrán, do Paraguai, liderado por "Tío Rico" e seu irmão, o pastor evangélico José Alberto Insfrán.
A ONG também associa Marset ao PCC e à 'Ndrangheta italiana.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, reiterou em fevereiro suas acusações contra Marset ao chamá-lo de "assassino" do promotor antimáfia paraguaio Marcelo Pecci, baleado no Caribe colombiano em 2022.
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