Crise na agência da ONU para refugiados piora atenção a deslocados no mundo
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A Agência da ONU para os Refugiados (Acnur) enfrenta uma grave crise que a obrigou a cortar milhares de empregos e serviços em meio a aumentos nos deslocamentos forçados de pessoas em nível global, disse seu diretor nesta segunda-feira (6).
A crise se deve à rápida queda no financiamento humanitário desde a chegada ao poder do presidente americano, Donald Trump, em janeiro, enquanto aumenta o deslocamento forçado de pessoas em nível global.
Os Estados Unidos, que tradicionalmente eram o maior doador do mundo, reduziram a ajuda internacional e causaram graves estragos no campo humanitário em todo o mundo.
"Quase 5.000 colegas do Acnur já perderam seus empregos este ano", afirmou o alto comissário da ONU para os refugiados, Filippo Grandi, no início da reunião anual do comitê executivo da entidade, em Genebra.
"Isso é mais de um quarto de toda a nossa força de trabalho", advertiu. "Espera-se que esse número aumente com mais saídas previstas".
"Foi necessário interromper programas cruciais e atividades que salvam vidas. O trabalho de prevenção de violência de gênero, o apoio psicossocial a sobreviventes de tortura, detidos. Escolas foram fechadas, a ajuda alimentar foi reduzida, os subsídios em dinheiro foram cortados, e os reassentamentos foram completamente interrompidos. Isso é o que acontece quando você corta o financiamento em mais de 1 bilhão de dólares (5,3 bilhões de reais) em questão de semanas", reclamou.
Os cortes de Washington, que anteriormente representavam mais de 40% do orçamento do Acnur, junto com medidas de austeridade de outros grandes países doadores, deixaram a agência em uma situação desesperadora, reconheceu Grandi. "Os números são sombrios", afirmou.
O Acnur tinha um orçamento aprovado de 10,6 bilhões de dólares (56 bilhões de reais) para 2025, comentou Grandi, mas nos anos recentes recebeu "aproximadamente metade dos recursos orçados", cerca de 5 bilhões de dólares (28 bilhões de reais).
Ele acrescentou que o organismo se preparou para uma queda adicional de 10% nas contribuições deste ano, mas "a situação acabou sendo significativamente pior".
"Nas condições atuais, projetamos que terminaremos 2025 com 3,9 bilhões de dólares (20,8 bilhões de reais) disponíveis, uma diminuição de 1,3 bilhão de dólares (6,9 bilhões de reais) em comparação com 2024", explicou. "Nenhum país, nenhum setor, nenhum parceiro foi poupado", disse o alto comissário.
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