ADAPTAÇÃO

Como vivem os russos comuns após anos de sanções econômicas do Ocidente

O dia a dia na Rússia mudou desde o início da guerra; veja como a população lida com a inflação, a falta de produtos e as restrições impostas

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Para muitos no Ocidente, a Rússia sob sanções evoca imagens de prateleiras vazias e uma economia em colapso. A realidade cotidiana dos russos comuns, no entanto, é mais complexa. Anos após as primeiras restrições e com o acúmulo de novas medidas desde o início da guerra na Ucrânia, a vida se transformou em um exercício de adaptação e substituição, moldando um novo normal.

Longe de um cenário de desespero, o que se observa nas grandes cidades como Moscou e São Petersburgo é uma resiliência econômica impulsionada pelo Estado e por uma rápida reorientação comercial. Marcas ocidentais icônicas desapareceram, mas foram rapidamente substituídas por equivalentes locais ou importadas de países aliados, como China e Turquia. A vida continua, mas com novas etiquetas e sabores.

O impacto mais sentido pela população não está na ausência de um refrigerante ou de uma rede de fast-food, mas no bolso. A inflação, especialmente em produtos essenciais como ovos, carne de frango e gasolina, corrói o poder de compra. Embora o governo tenha conseguido estabilizar o rublo, o aumento dos preços nos supermercados é uma conversa constante entre as famílias.

Produtos importados que ainda chegam ao país, como eletrônicos e peças de automóveis, entram por rotas alternativas, via países vizinhos. Esse processo encarece o produto final e aumenta o tempo de espera. Comprar um smartphone de última geração ou consertar um carro europeu se tornou um luxo que exige paciência e um orçamento maior.

Como os russos contornam as restrições on-line?

O bloqueio de redes sociais e sites de notícias ocidentais foi outra mudança drástica no dia a dia. No entanto, a população rapidamente encontrou maneiras de furar essa bolha digital. A estratégia não é complexa e se baseia em ferramentas tecnológicas que se popularizaram em todo o país. Abaixo, entenda os principais métodos utilizados.

  1. Uso massivo de VPNs: A Rede Privada Virtual (VPN) se tornou um aplicativo essencial nos celulares russos. Ela mascara a localização do usuário, permitindo acessar sites e serviços bloqueados pelo governo, como Instagram, Facebook e portais de notícias internacionais. O uso é tão comum que se tornou parte da rotina digital de milhões de pessoas.

  2. Migração para o Telegram: Antes mesmo dos bloqueios, o Telegram já era popular na Rússia. Após as sanções, ele se consolidou como a principal plataforma de comunicação e informação. Canais de notícias, grupos de discussão e até mesmo o comércio de produtos e serviços florescem no aplicativo, que opera sem grandes restrições no país.

  3. Lojas de aplicativos alternativas: Com a saída de algumas empresas das lojas oficiais da Apple e do Google, os usuários buscam alternativas. Lojas de aplicativos russas, como a RuStore, ganharam espaço, oferecendo versões de aplicativos bancários e de serviços que foram removidos das plataformas globais.

  4. Novas plataformas de entretenimento: O streaming de filmes e séries também foi afetado, com a saída de gigantes como a Netflix. A resposta foi um fortalecimento das plataformas locais, como Kinopoisk e Ivi, que investiram em conteúdo próprio e em produções de países asiáticos para preencher a lacuna deixada por Hollywood.

No setor de trabalho, as sanções criaram um paradoxo. Enquanto algumas áreas ligadas a empresas multinacionais sofreram com demissões, outras, como a indústria de defesa e a tecnologia da informação local, tiveram um grande aquecimento. O governo injetou recursos para estimular a produção nacional, criando oportunidades para quem trabalha nesses setores.

Viajar para o exterior se tornou o maior desafio. Com o espaço aéreo europeu fechado para voos russos e a dificuldade para obter vistos e usar cartões de crédito internacionais, as férias na Europa se tornaram um sonho distante para a maioria. O turismo doméstico e em países aliados, como Turquia e Emirados Árabes Unidos, viraram as opções mais viáveis.

A sociedade russa se adaptou a uma realidade de isolamento relativo. A narrativa interna, reforçada pela mídia estatal, é de que o país está resistindo a um ataque do Ocidente. Para o cidadão comum, a geopolítica se traduz em questões práticas: encontrar uma alternativa para o remédio importado, adaptar o orçamento do mês e aprender a usar uma nova ferramenta digital para falar com o mundo.

Quais produtos ocidentais desapareceram das prateleiras russas?

Marcas icônicas como Coca-Cola e McDonald's encerraram suas operações.

Elas foram substituídas por versões locais, como a "CoolCola" e a rede "Vkusno i tochka" ("Delicioso e ponto final").

Lojas como IKEA e grifes de luxo também fecharam suas portas, abrindo espaço para marcas russas e turcas.

A economia russa entrou em colapso com as sanções?

Não. Apesar do forte impacto inicial, a economia russa demonstrou resiliência.

O governo redirecionou o comércio para países asiáticos, como China e Índia, e aumentou os investimentos na produção local.

A alta nos preços do petróleo e do gás também ajudou a manter as receitas do Estado, financiando a adaptação econômica.

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Os russos ainda conseguem usar redes sociais como Instagram e Facebook?

Sim, mas não diretamente. Ambas as plataformas foram oficialmente bloqueadas no país.

A maioria da população acessa esses serviços utilizando aplicativos de VPN, que mascaram a localização do usuário.

Redes sociais locais, como VKontakte (VK) e Odnoklassniki, também registraram um aumento no número de usuários ativos.

Como a inflação afeta o dia a dia da população?

A inflação impacta principalmente o custo dos alimentos e de bens de consumo duráveis.

Produtos básicos como ovos, carne de frango e frutas tiveram aumentos expressivos, afetando o orçamento familiar.

Eletrônicos e peças de carro, que dependem de importação, se tornaram mais caros e difíceis de encontrar.

Viajar para fora da Rússia se tornou impossível?

Não é impossível, mas ficou muito mais complicado e caro.

Voos diretos para a Europa e América do Norte foram suspensos, exigindo conexões longas e custosas via Turquia ou Oriente Médio.

A emissão de vistos para países ocidentais tornou-se mais restrita, e os cartões de crédito russos não funcionam no exterior.

Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.

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