TENSÃO INTERNACIONAL

Hillary Clinton acusa Trump de planejar intervenção na Venezuela

Hillary Clinton afirmou que os EUA não buscam combater o tráfico de drogas, mas pressionar Maduro a deixar o poder

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A ex-secretária de Estado dos Estados Unidos e ex-presidenciável Hillary Clinton afirmou que o governo de Donald Trump estaria “preparando o terreno para algum tipo de operação militar contra o regime de Nicolás Maduro”, na Venezuela. A declaração foi feita durante um painel organizado pelo Conselho de Relações Exteriores (CFR), em Nova York, na noite de quarta-feira (8/10). Ela participava de uma conversa sobre política externa, tomada de decisões em crises e os desafios da diplomacia norte-americana.

Ao ser questionada sobre o aumento da atividade militar dos EUA na América do Sul, sob o argumento de combate ao narcotráfico, Clinton fez duras críticas à falta de transparência da administração Trump, dizendo que ele não pretende acabar com o tráfico de drogas, mas pressionar a política Venezuelana. “Acho que eles estão preparando o terreno para algum tipo de operação militar contra Maduro”, afirmou.

Segundo ela, o governo norte-americano não apresentou informações concretas sobre as embarcações atacadas na região, na semana passada. “Não temos ideia se esses barcos eram de pesca, de passeio ou de drogas. E nem eles sabem — é a minha avaliação, porque, se soubessem, ao menos compartilhariam essa informação”, disse. Clinton ressaltou que o Departamento de Defesa não forneceu nenhum detalhamento sobre os ataques, classificando a situação como “uma questão séria que a maioria no Congresso está determinada a ignorar”.

No domingo, Trump comemorou o ataque às embarcações, dizendo ter extinguido os barcos na região e estar realizando um grande trabalho contra as drogas. "Somos tão bons nisso, que não há mais barcos, nem mesmo de pesca. Ninguém mais quer entrar na água", disse, rindo. 

De acordo com o governo americano, 21 pessoas morreram e quatro embarcações foram atacadas. Clinton ironizou a desproporção das ações militares, lembrando que o maior dos barcos supostamente alvos das operações comportava apenas 12 passageiros. “Há uma grande força naval na região. Você pode chamar a Guarda Costeira, parar o barco e ver o que há dentro. É assim que se deve agir, com base em tudo o que fizemos no passado”, pontuou.

“Parece haver um desejo de confrontar Maduro e, talvez, o pensamento deles seja que, se explodirem muitos desses barcos e enviarem uma mensagem, podem intimidá-lo a sair ou desistir do poder”, afirmou.

Ela alertou ainda para as possíveis consequências de uma intervenção externa na Venezuela. “Se Maduro for derrubado à força, o país pode se transformar em algo ainda mais instável do que a Líbia pós-Kadafi. Existem forças militares, milícias e cartéis de drogas. Se queremos nos livrar de Maduro, o que vem depois? Quem assume a responsabilidade? Vamos ter uma Somália gigante na costa da América do Sul?”, questionou.

Clinton também destacou que o argumento do combate ao tráfico carece de lógica geopolítica. “Se o objetivo é impedir o avanço do fentanil, ele não vem da Venezuela. Vem da China para o México”, explicou. “Então, há um alvo maior em mente — e acho que não se pensou o suficiente sobre isso”, completou.

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“Temos que ser muito cuidadosos. A pressa em criar um inimigo externo pode custar caro, não só à Venezuela, mas a toda a região”, finalizou.

Por que Trump não gosta de Maduro?

  • A relação entre Donald Trump e Nicolás Maduro sempre foi marcada por hostilidade e ameaças. Desde o primeiro mandato (2017-2020), Trump transformou o presidente venezuelano em um de seus principais inimigos políticos na América Latina, descrevendo-o como “ditador socialista” e símbolo do fracasso da esquerda na região.
  • Segundo Trump, o governo Maduro é “ilegítimo” e “criminoso”, acusado de violar direitos humanos, reprimir opositores e arruinar a economia da Venezuela. Em várias ocasiões, o ex-presidente norte-americano afirmou que “todas as opções estão sobre a mesa” — inclusive intervenção militar — para “restaurar a democracia” no país.
  • Em 2019, Trump reconheceu Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela e liderou uma ofensiva diplomática e econômica contra Maduro, impondo sanções financeiras severas, bloqueando ativos do Estado venezuelano e pressionando aliados regionais a isolá-lo.
  • “Maduro é um fantoche de Cuba e um ditador que destruiu um país rico em petróleo. A Venezuela merece liberdade, não repressão”, disse Trump em 2020, durante um comício na Flórida.
  • Mesmo após deixar o cargo, Trump manteve o discurso agressivo. Desde o retorno à presidência, voltou a citar Maduro como exemplo de “regime comunista” que precisa ser enfrentado.

O que Maduro diz sobre Trump?

  • Do outro lado, Nicolás Maduro sempre respondeu com o mesmo tom de enfrentamento. O líder venezuelano chama Trump de “imperialista”, “chefe do império do mal” e “líder do terrorismo econômico”, acusando-o de tentar promover um golpe de Estado e de conspirar para roubar as riquezas petrolíferas da Venezuela.
  • “Donald Trump é o responsável direto por uma política de agressão e bloqueio que causa sofrimento ao povo venezuelano”, declarou Maduro em 2020.
  • Maduro também afirmou que sobreviveu a tentativas de assassinato e sabotagem apoiadas pelos EUA, e chegou a dizer que Trump “autorizou mercenários” a tentar invadir o país.
  • Durante a campanha presidencial de 2020 nos EUA, Maduro ironizou Trump dizendo que “ele se acha o dono da América Latina, mas não manda na Venezuela”.

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