Retrato de Mata Hari dos nazistas é descoberto por colecionadores austríacos
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O retrato de Madame Kitty, a Mata Hari dos nazistas que cuidava da casa de encontros mais famosa de Berlim durante o III Reich, desaparecido durante muito tempo, foi encontrado há pouco tempo na capital alemã e foi apresentado à imprensa nesta quinta-feira (9).
Instalado no terceiro piso de uma elegante casa do centro, seu salão era na realidade um verdadeiro centro de espionagem.
"Entre 1939 e 1942, diplomatas, jornalistas estrangeiros e altos dignatários nazistas eram espionados sem saber por Madame Kitty", indicou à AFP o novo proprietário do quadro, Urs Brunner, autor com Julia Schrammel do livro "Kitty's Salon".
Esses dois austríacos que buscavam há tempos o retrato, foram recentemente contactados por uma berlinense que comprou há mais de 25 anos o quadro em um antiquário sem saber sua origem.
"Graças a fotos, sabíamos que o quadro existia e que não estava nas mãos da família. Na época, escrevi a todas as casas de leilão e a todos os antiquários de Berlim.
"Tê-lo encontrado é de grande importância para nós. Há poucas fotos de Kitty, e todas são em preto e branco", disse Schrammel.
Pintora e colecionadora, a ex-proprietária cedeu o quadro por "um preço bastante razoável", pois "compreende que não fazemos isso com fins comerciais", acrescentou Brunner.
Ele disse que quer doá-lo a um museu.
O quadro segue cercado de mistérios, pois não tem data e o nome do pintor "P. Fuchs" é desconhecido, destacou Brunner, que submeterá o quadro a análise de especialistas.
Em seu retrato, Madame Kitty "parece ter quarenta anos (...) mas sempre fazia se passar por mais jovem do que era", acrescentou.
Brunner disse que a cortesã "não era uma nazista convicta", mas sim "uma oportunista" que se aproveitava das coisas.
"Não era membro do NSDA [Partido Nazista] e tinha relações amistosas com judeus", acrescentou.
Kitty morreu em 1954 sem nunca ter sido procurada pela Justiça.
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