Macron reúne líderes políticos antes de nomear primeiro-ministro
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O presidente Emmanuel Macron convocou nesta sexta-feira (10) os líderes políticos, com exceção da extrema direita e da esquerda radical, antes de nomear um primeiro-ministro para tentar resolver a crise política que abala a França.
Esta reunião, que deveria começar às 14h30 (09h30 em Brasília) no Palácio do Eliseu em Paris, deve ser "um momento de responsabilidade coletiva", explicou a presidência francesa, sem dar mais detalhes.
Macron anunciou na quarta-feira que nomearia um primeiro-ministro em 48 horas. O último, o centro-direitista Sébastien Lecornu, renunciou na segunda-feira, apenas 14 horas após revelar seu governo minoritário devido a desavenças com um de seus parceiros.
Esta renúncia agravou a profunda crise aberta em 2024 com um inesperado adiantamento das eleições legislativas, que deixaram uma Assembleia Nacional (Câmara Baixa) sem maiorias e dividida em três blocos: esquerda, centro-direita governante e extrema direita.
O presidente francês então encarregou Lecornu de dialogar com os partidos para verificar se havia possibilidade de nomear um novo governo que garantisse certa estabilidade e pudesse aprovar um orçamento para 2026. Sua resposta foi afirmativa.
A principal missão do próximo governo será apresentar contas que obtenham uma maioria na Assembleia e permitam sanear as finanças públicas, cujo nível de dívida alcançou em junho 115,6% do PIB.
O primeiro-ministro interino recomendou, no entanto, que seus membros não deveriam ter a ambição de se candidatar à eleição presidencial de 2027, para a qual Macron não poderá mais concorrer.
O aviso não é trivial. A queda do último governo ocorreu devido às críticas à composição do gabinete do líder do partido conservador Os Republicanos (LR) e ministro do Interior, Bruno Retailleau, que poderia se candidatar em 2027.
Por enquanto, não se sabe quem o presidente nomeará e quando. O cenário mais especulado é a nova nomeação de Lecornu, que disse "não correr atrás" do cargo, embora também não esteja descartado outro nome, como o do ex-ministro Jean-Louis Borloo.
A hipótese de manter o chefe de Governo que renunciou nesta segunda-feira irritou a oposição e até mesmo membros da situação governista.
"Não entenderia se houvesse uma nova designação de um primeiro-ministro macronista", advertiu a ministra interina Agnès Pannier-Runacher.
Os principais ausentes da reunião foram a líder da extrema direita Marine Le Pen, do Reagrupamento Nacional (RN), e o chefe da formação de esquerda radical A França Insubmissa (LFI), Jean-Luc Mélenchon.
Le Pen, cuja formação lidera as pesquisas, prometeu censurar todos os governos enquanto não forem convocadas novas legislativas, enquanto Mélenchon voltou a pedir nesta sexta-feira a renúncia de Macron, a quem acusa de se agarrar ao poder.
burs-tjc/avl/dd/jc