Coreia do Norte exibe seus mísseis em desfile diante de autoridades russas e chinesas
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A Coreia do Norte exibiu o que descreve como seu míssil balístico intercontinental "mais poderoso" durante um desfile militar com a presença de autoridades da Rússia e da China, informou a mídia estatal neste sábado (11).
O evento, realizado na sexta-feira para comemorar o 80º aniversário do Partido dos Trabalhadores, ocorreu em um momento em que o líder norte-coreano, Kim Jong Un, recebeu apoio crucial de Moscou após o envio de milhares de soldados para lutar na guerra contra a Ucrânia.
Dmitri Medvedev, vice-diretor do Conselho de Segurança da Rússia e um aliado fundamental do presidente Vladimir Putin, compareceu à celebração ao lado do premiê chinês, Li Qiang, e do líder máximo vietnamita, To Lam.
Os líderes sentaram-se perto de Kim durante o desfile militar, segundo imagens divulgadas pela agência de notícias oficial norte-coreana KCNA.
O desfile exibiu algumas das armas mais avançadas desta nação secreta com armas atômicas, incluindo seu novo míssil balístico intercontinental Hwasong-20, que a KCNA descreveu como seu "sistema de armas nucleares estratégicas mais poderoso".
Mísseis de cruzeiro de longo alcance, veículos de lançamento de drones e mísseis terra-ar e terra-terra também desfilaram, acrescentou a agência de notícias.
Imagens também mostraram milhares de pessoas em trajes tradicionais coloridos lotando as ruas da capital norte-coreana durante o evento noturno, agitando bandeiras nacionais e aplaudindo o desfile.
O "invencível" exército da Coreia do Norte "sempre fortaleceu os esforços do nosso partido para superar as dificuldades e acelerar a chegada de um futuro brilhante", disse Kim em um discurso.
Ele fez uma aparente referência às tropas norte-coreanas que lutam ao lado das forças de Moscou na campanha militar da Rússia contra a Ucrânia.
"O heroico espírito de luta demonstrado e a vitória alcançada por nossas forças armadas revolucionárias em campos de batalha estrangeiros (...) demonstraram perfeição ideológica e espiritual", afirmou, segundo a KCNA.
A Coreia do Sul estima que cerca de 600 soldados de seu vizinho do norte morreram e milhares ficaram feridos lutando pela Rússia.
- Mudança estrutural -
Este desfile exibiu "o inesgotável potencial tecnológico de defesa do nosso país e seu ritmo surpreendente de desenvolvimento, que o mundo não pode mais ignorar", informou a KCNA.
Essas celebrações em Pyongyang também ocorrem após Seul declarar que "não se pode descartar" um encontro entre os líderes da Coreia do Norte e dos Estados Unidos, à margem da cúpula da Apec, no final de outubro na Coreia do Sul.
O presidente dos EUA, Donald Trump, se encontrou com Kim três vezes durante seu primeiro mandato, mas não conseguiu chegar a um acordo duradouro sobre o programa atômico da Coreia do Norte.
Desde então, Pyongyang se declarou repetidamente um Estado nuclear "irreversível".
No mês passado, Kim apareceu ao lado do presidente chinês, Xi Jinping, e de Putin em um elaborado desfile militar em Pequim, que demonstrou sua reaproximação.
"É fundamental encarar este desfile não como um evento isolado, mas como o ápice de uma mudança estrutural deliberada na geopolítica regional", disse Seong-Hyon Lee, pesquisador visitante do Centro Asiático da Universidade de Harvard.
"Isso serve como um aviso claro de que a aliança fortalecida de Seul com Washington enfrentará um bloco trilateral consolidado e poderoso às suas portas", afirmou.
cdl/tym/arm/cjc/aa