A britânica Jane Goodall, considerada uma pioneira no estudo dos chimpanzés, morreu aos 91 anos, informou o instituto fundado por ela e que leva seu nome nesta quarta-feira (1º).

Também mensageira da Paz das Nações Unidas, a primatologista "faleceu devido a causas naturais", anunciou o Instituto Jane Gooodall em um comunicado. Ela estava na Califórnia para um ciclo de palestras nos Estados Unidos.

"Suas descobertas como primatologista revolucionaram a ciência e era uma ativista incansável pela proteção e restauração do nosso mundo natural", acrescentou o Instituto.

A paixão pelos animais de Goodall, nascida em 3 de abril de 1934 em Londres, começou na infância, quando seu pai lhe deu um chimpanzé de pelúcia, que ela guardou por toda a vida.

Também era fã dos livros de Tarzan, sobre um menino criado na selva por macacos que se apaixona por uma mulher chamada Jane.

"Quando tinha 10 anos, sonhava em ir para a África, viver com animais e escrever livros sobre eles", declarou à CNN em 2017.

Em 1957, aceitou o convite de uma amiga para visitar o Quênia, onde começou a trabalhar para o famoso paleontólogo Louis Leakey.

Sua grande oportunidade chegou quando Leakey a enviou para estudar chimpanzés em liberdade na Tanzânia. Ela se tornou a primeira das três mulheres que ele designou para estudar os grandes primatas em seu habitat natural, junto com a americana Dian Fossey (gorilas) e a canadense Birute Galdikas (orangotangos).

Goodall imitava os chimpanzés, se sentava com eles em árvores e compartilhava suas bananas.

Suas observações incluíram a descoberta de que os chimpanzés utilizam caules e raminhos de ervas como ferramentas para extrair cupins de seus ninhos. Também foi a primeira cientista a perceber que os chimpanzés sentem emoções.

Com a solidez dessas descobertas, Leakey a incentivou a fazer um doutorado na Universidade de Cambridge, onde se tornou a oitava pessoa a obtê-lo sem ter previamente um diploma de graduação.

- Salvar o planeta -

Em 1977, fundou o Instituto Jane Goodall para promover a pesquisa e a conservação dos chimpanzés. Em 1991, lançou o Roots & Shoots, um programa ambiental liderado por jovens que hoje opera em mais de 60 países.

Seu ativismo cresceu muito na década de 1980 após ela participar de uma conferência nos Estados Unidos sobre chimpanzés, onde descobriu as ameaças que enfrentavam: a exploração na pesquisa médica, a caça para obtenção de carne de animais selvagens e a destruição generalizada de seu habitat.

A partir de então, tornou-se uma incansável defensora da vida selvagem, viajando pelo mundo até o final de sua vida.

"O tempo das palavras e das falsas promessas acabou se quisermos salvar o planeta", declarou à AFP no ano passado em uma entrevista antes de uma cúpula da ONU sobre a natureza na Colômbia.

Sua mensagem era de responsabilidade pessoal e empoderamento: "Cada indivíduo é importante. Todos temos um papel a desempenhar. Cada um de nós tem um impacto no planeta todos os dias. E podemos escolher o tipo de impacto que teremos".

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