A Marinha israelense afirmou nesta quarta-feira (01/10) ter interceptado barcos que transportavam ajuda humanitária para Gaza e detido os ativistas a bordo, incluindo a ativista sueca Greta Thunberg — que o governo do país afirmou estar "segura e saudável", assim como seus colegas.

O brasileiro Thiago Ávila também estava no barco.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel informou que várias embarcações que fazem parte da Flotilha Global Sumud (GSF, na sigla em inglês) foram "paradas com segurança" e que os ocupantes estavam sendo levados para um porto israelense.

O ministério divulgou imagens da interceptação mostrando Thunberg sentada no convés de um barco, recebendo água e um casaco de um militar israelense.

Vídeos de transmissão ao vivo sugerem que nem todas as 44 embarcações foram abordadas e evacuadas. A GSF afirmou que vários barcos, incluindo o Alma, um dos principais, bem como o Surius e o Adara, foram interceptados e abordados.

A Marinha israelense teria instruído as embarcações a mudarem de curso, pois estavam "se aproximando de uma zona de combate ativa" e "violando um bloqueio naval legal" que abarca as águas próximas a Gaza — embora não esteja claro se os barcos entraram na zona de bloqueio.

A GSF descreveu a interceptação como "ilegal" e "um ato descarado de desespero".

O grupo alegou que uma das embarcações foi atingida "deliberadamente" e que outras foram agredidas por canhões de água.

"Eles atacarão uma missão civil pacífica porque o sucesso da ajuda humanitária significa o fracasso de sua ofensiva."

O grupo esperava chegar a Gaza na manhã de quinta-feira (02).

O perfil de Thiago Ávila no Instagram postou um texto afirmando que o barco Alma foi detido por Israel.

"Nossas embarcações estão sendo interceptadas ilegalmente. As câmeras estão fora do ar e as embarcações foram abordadas por forças israelenses. Estamos trabalhando ativamente para confirmar a segurança e a situação de todos os participantes a bordo", diz o perfil do brasileiro.

Grécia, Itália, Tunísia e Turquia protestaram contra a interceptação da flotilha por Israel.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, expulsou todos os diplomatas israelenses que restavam em seu país em resposta à interceptação e a denunciou como um "crime internacional cometido por Netanyahu".

Petro também rescindiu o acordo de livre comércio da Colômbia com Israel, em vigor desde 2020, e pediu a libertação de dois colombianos que estavam a bordo da flotilha.

O vice-primeiro-ministro irlandês, Simon Harris, classificou os relatos como "preocupantes" e disse esperar que Israel respeite o direito internacional. Ao menos sete cidadãos irlandeses estão entre os detidos, incluindo o senador Chris Andrews.

Reuters
Imagens transmitidas ao vivo mostram tripulação do navio Alma sentados no convés enquanto navegam para Gaza

Israel já bloqueou duas tentativas de ativistas de entregar ajuda humanitária por mar a Gaza, em junho e julho.

Embora o governo israelense tenha caracterizado a flotilha como um "iate para selfies", Thunberg rebateu as críticas, dizendo à BBC no último domingo (28/09): "Não acho que alguém arriscaria a vida por um golpe publicitário."

Agências internacionais de ajuda humanitária têm tentado levar alimentos e remédios para o território palestino, mas afirmam que Israel está restringindo as entregas.

O país argumenta que está tentando impedir que esses suprimentos caiam nas mãos do grupo palestino Hamas, contra quem está lutando em Gaza.

Israel e os Estados Unidos apoiam um sistema alternativo de distribuição de alimentos, a Fundação Humanitária de Gaza, com a qual as Nações Unidas (ONU) se recusam a cooperar, descrevendo sua estrutura como antiética.

Um grupo apoiado pela ONU confirmou no mês passado que a população de Gaza está sofrendo com a fome.

O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, afirmou em comunicado que seu país trabalhou para que "qualquer possível operação de abordagem [à flotilha] ocorreria sob as melhores condições de segurança possíveis".

O ministro das Relações Exteriores da Itália afirmou ter sido tranquilizado por Israel de que suas forças não usariam violência contra as 500 pessoas a bordo, incluindo políticos franceses e italianos.

Israel está intensificando seu ataque à Cidade de Gaza enquanto o Hamas avalia sua resposta a um novo plano dos EUA para encerrar a guerra.

Acredita-se que mediadores árabes e turcos estejam pressionando o Hamas por uma resposta positiva, mas uma figura importante do grupo afirmou que o plano provavelmente será rejeitado.

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O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, emitiu um alerta final às centenas de milhares de palestinos na cidade para que evacuem para o sul, afirmando que aqueles que permaneceram durante a ofensiva contra o Hamas seriam "terroristas e apoiadores do terror".

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha declarou que "de acordo com o direito internacional humanitário, os civis devem ser protegidos, independentemente de permanecerem ou deixarem a Cidade de Gaza".

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