Donald Trump ameaçou, nesta segunda-feira (6), usar suas faculdades presidenciais de emergência para mobilizar mais tropas em cidades americanas lideradas por democratas, após uma primeira derrota judicial sobre o envio de militares.
O dirigente republicano considerou abertamente o uso da Lei de Insurreição depois que uma juíza federal em Oregon suspendeu temporariamente o destacamento da Guarda Nacional em Portland, enquanto outra magistrada em Illinois marcou uma audiência na quinta-feira para analisar o caso em Chicago.
Ambas as cidades viram aumentar o número de agentes federais como parte da campanha de deportação em massa do presidente republicano, o que gerou protestos do lado de fora das instalações migratórias.
"Temos uma Lei de Insurreição por uma razão. Se eu tivesse que invocá-la, eu faria isso", disse Trump aos jornalistas no Salão Oval.
"Se as pessoas estivessem sendo assassinadas e os tribunais estivessem nos impedindo, ou governadores ou prefeitos estivessem nos impedindo, claro que eu faria isso", acrescentou o republicano.
Funcionários de Illinois apresentaram nesta segunda uma ação tentando bloquear a mobilização da Guarda Nacional em Chicago, mas a juíza April Perry, designada por Joe Biden (2021-2025), não tomou nenhuma medida temporária enquanto analisa o caso.
Perry pediu ao governador de Illinois, o democrata J.B. Pritzker, que forneça mais informação ao tribunal.
O debate ganhou força depois que veio à tona a informação de que o Texas, liderado por republicanos, estava planejando enviar 200 de seus efetivos da Guarda Nacional para Illinois, um movimento que enfureceu Pritzker.
"Deveriam ficar fora de Illinois", disse o governador.
Pritzker também acusou os agentes federais de imigração que realizavam batidas em Chicago de uso "excessivo da força" e de deterem ilegalmente cidadãos americanos.
- 'Medo e confusão' -
Os comentários de Trump sobre a Lei de Insurreição, que tem séculos de história, vieram à tona minutos depois de Pritzker advertir que Trump estava criando uma "escalada de violência" premeditada como pretexto para invocar os poderes de emergência.
"A administração Trump está seguindo um manual: provocar o caos, criar medo e confusão, fazer com que pareça que os manifestantes pacíficos são uma turba, disparando balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio contra eles", afirmou Pritzker.
No fim de semana, o presidente autorizou o envio de 700 soldados da Guarda Nacional em Chicago.
Na ação, o procurador-geral do estado, Kwame Raoul, e os advogados de Chicago acusaram Trump de utilizar tropas americanas "para punir seus inimigos políticos".
A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, defendeu na emissora Fox News o plano de enviar tropas a Chicago, pois é "uma zona de guerra".
Trump disse antes que Portland, no estado de Oregon, estava "devastada pela guerra".
Mas, no fim de semana, a juíza Karin Immergut emitiu um bloqueio temporário sobre o destacamento de tropas em Oregon. "Esta é uma nação de leis constitucionais, não de lei marcial", escreveu Immergut, designada pelo magnata republicano.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, adiantou que a administração recorrerá dessa decisão.
De acordo com um levantamento da CBS, 58% dos americanos se opõem à mobilização da Guarda Nacional.
Illinois e Oregon não são os primeiros estados a entrarem com ações contra o envio da Guarda Nacional.
A Califórnia apresentou uma ação depois que o presidente enviou tropas a Los Angeles no início deste ano para sufocar protestos provocados pela repressão contra os imigrantes em situação irregular. O caso ainda tramita nos tribunais.
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