O ativista brasileiro Thiago Ávila, um dos principais organizadores da flotilha internacional de ajuda a Gaza, afirmou nesta quinta-feira (9) que o movimento vai continuar, após o anúncio de um cessar-fogo entre Israel e Hamas.
"Nada indica nos acordos de cessar-fogo que o cerco ilegal de Israel ou dos Estados Unidos, ou de qualquer outra nação, sobre Gaza vai acabar", declarou Ávila a jornalistas em seu retorno ao Brasil.
Nesta quinta-feira, Israel e Hamas firmaram a primeira fase de um acordo que contempla um cessar-fogo em Gaza e a libertação dos reféns israelenses, após forte pressão do presidente americano Donald Trump.
Thiago Ávila é um dos 13 brasileiros que estavam a bordo da Flotilha Global Sumud e chegaram nesta quinta ao aeroporto de São Paulo, após serem detidos e expulsos pelas autoridades israelenses.
Centenas de ativistas de diferentes países tiveram o mesmo destino, entre eles a sueca Greta Thunberg.
Seus barcos foram abordados pela Marinha israelense entre os dias 1º e 3 de outubro, ilegalmente segundo os organizadores e a Anistia Internacional.
"Enquanto não houver justiça para o povo palestino, a flotilha vai seguir", disse Thiago Ávila.
A flotilha tinha como objetivo romper o cerco imposto por Israel à Faixa de Gaza e entregar ajuda humanitária ao território palestino.
Um bloqueio imposto em março por Israel sobre Gaza provocou grave escassez de alimentos, medicamentos e combustível. Em agosto, a ONU declarou o estado de fome no território palestino.
Muitos ativistas da flotilha denunciaram que foram submetidos a maus-tratos durante a detenção, o que Israel nega.
"Houve violações [...] que vão ser documentadas, vão ser denunciadas nas instâncias devidas das cortes internacionais, mas não é nada comparado com o que houve com o povo palestino", declarou Ávila.
O ativista mencionou casos de "violência física" e "interrogatórios coercitivos". Também houve episódios de "negação de medicamentos a pessoas com doenças crônicas como diabéticos que ficaram três dias sem acesso à insulina", acrescentou.
A guerra em Gaza explodiu após o ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro de 2023 em território israelense, que resultou na morte de 1.219 pessoas, a maioria civis, segundo levantamento da AFP baseado em dados oficiais.
Em resposta ao ataque, Israel lançou uma ofensiva que já deixou pelo menos 67.183 mortos em Gaza, segundo os números do Ministério de Saúde do governo de Hamas, consideradas confiáveis pela ONU.
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