Perto do muro que separa Israel da Cisjordânia ocupada, a família Shamasneh aguarda a libertação de Abdel Jauad e Mohamed, presos há 34 anos, que serão libertados como parte do acordo de trégua entre Israel e o Hamas. 

A celebração familiar começou assim que os Shamasneh receberam o anúncio. 

"Estou tão feliz hoje que o mundo parece pequeno demais para a minha alegria", disse sua mãe emocionada, Halima Shamasneh, de 83 anos. "Nos ligaram e disseram: 'Seus nomes estão na lista, estão fora'", acrescentou. 

Como parte da primeira fase do acordo de cessar-fogo em Gaza, Israel deve libertar 250 prisioneiros palestinos e aproximadamente 1.700 moradores de Gaza detidos desde o início da guerra, após o ataque do Hamas ao território israelense em 7 de outubro de 2023. 

Em troca, o Hamas deve entregar os reféns israelenses restantes mantidos em Gaza.

Halima e seu marido, Yusef, reuniram os filhos e netos na casa da família, na vila de Qatanna, na Cisjordânia, para comemorar a notícia. 

Para a ocasião, Halima usou um vestido com bordados tradicionais palestinos e Yusef vestiu um terno com um lenço keffiyeh preso com um agal. Nas paredes da casa, as inúmeras fotos dos irmãos antes da prisão estão desbotadas. Suas roupas refletem a década de 1980, quando ambos foram presos.

Abdel Jauad tem agora 62 anos e Mohamed está perto dos 60. A sala de estar da casa é decorada com dois grandes cartazes impressos na década de 1990 pelo "Clube dos Prisioneiros", um grupo ligado à Autoridade Palestina, retratando os dois irmãos e exigindo sua libertação. 

"Eu tinha nove anos quando meu pai foi preso; agora tenho 44 anos e quatro filhos. Ter seu pai tirado de você é uma tragédia", disse Ajuad Shamasneh, filho de Abdel Jauad, enquanto seu filho brincava nas proximidades. Como todos os 17 netos de Abdel Jauad, o menino nunca viu o avô. 

"Abraçar seu pai depois de 34 anos... é indescritível", acrescentou. 

Ajuad afirmou que não consegue ver seu pai há oito anos porque as autoridades prisionais israelenses cancelaram as visitas. 

No entanto, ninguém na celebração mencionou o motivo da prisão de Abdel Jauad e Mohamed. 

De acordo com o arquivo de Abdel Jauad, compartilhado por Israel na lista de prisioneiros a serem libertados, ele foi condenado à prisão perpétua por homicídio, tentativa de homicídio e conspiração.

- "Esperança real" -

Em janeiro de 2025, uma trégua de seis semanas facilitou a libertação de centenas de palestinos em troca de reféns, mas os irmãos Shamasneh não estavam entre eles. 

"Eu tinha esperança, mas não se concretizou na época. Hoje, porém, é uma esperança real", disse Yousef sobre seus filhos. 

No entanto, ainda há dúvidas sobre se os irmãos, mesmo se libertados, retornarão para casa. Eles podem ser enviados para o exterior, como às vezes acontece com prisioneiros de alto perfil. 

"Espero que venham para cá. Espero mesmo que sim. Se forem para o exterior, não poderei vê-los, nem eu nem a mãe deles", disse Yousef. 

Quando perguntada sobre o que cozinhará para os filhos quando voltarem para casa, Halima responde sem hesitar: "Mansaf!", um prato típico de cordeiro com iogurte. 

"Mataremos um cordeiro e prepararemos um banquete", disse ela. "Esta noite não dormiremos, ficaremos acordados comemorando, dando as boas-vindas a todos que chegarem", concluiu.

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