O primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, de centro-direita, continua neste domingo (12) com as negociações para formar um novo governo, após perder um aliado político importante, à medida que se aproxima o prazo para a apresentação do orçamento de 2026. 

A França está em crise política desde que o presidente Emmanuel Macron convocou eleições antecipadas no ano passado, resultando em uma Assembleia Nacional (câmara baixa) dividida em três blocos: esquerda, centro-direita e extrema direita, e uma sucessão de quatro primeiros-ministros. 

Macron renomeou Lecornu ao cargo de primeiro-ministro na sexta-feira, apenas quatro dias após sua renúncia e poucas horas após a revelação de seu gabinete, cuja composição irritou o partido conservador Os Republicanos (LR), seu parceiro no governo. 

O ex-ministro da Defesa precisa agora formar um governo capaz de apresentar a proposta de orçamento de 2026 até terça-feira, dando à Assembleia Nacional o prazo constitucional de 70 dias para analisá-la antes de 31 de dezembro. 

No entanto, o LR reduziu suas chances ao anunciar no sábado que não participaria do novo governo.

A principal missão do próximo governo será apresentar rapidamente orçamentos que garantam a maioria na Assembleia e permitam recuperar os cofres públicos, cujo nível de dívida atingiu 115,6% do PIB em junho. 

A França enfrenta pressão da União Europeia para reduzir seu déficit e sua dívida, e foram justamente esses cortes que derrubaram os dois antecessores de Lecornu. 

Lecornu prometeu fazer "todo o possível" para garantir que a França tenha um orçamento antes do final do ano. 

Mas ele está sob pressão de partidos de todo o espectro político, incluindo os socialistas, que ameaçam derrubar seu governo se ele não suspender a reforma da previdência de 2023, que aumentou a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos.

Lecornu prometeu que "todas as questões discutidas" durante suas conversas com os partidos estão "abertas ao debate parlamentar", mas não se comprometeu a suspender ou revogar a impopular reforma da previdência. 

O presidente Macron, que enfrenta a pior crise interna desde que assumiu o cargo em 2017, ainda não se pronunciou aos franceses. 

Na segunda-feira, ele viajará ao Egito para apoiar um acordo de cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos em Gaza, o que poderia atrasar a apresentação do orçamento.

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