Protestos por cortes nos subsídios aos combustíveis param vias na Bolívia
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Um protesto de trabalhadores dos transportes parou vias nas principais cidades da Bolívia, nesta sexta-feira (19), após a decisão do novo governo de centro-direita de eliminar os subsídios aos combustíveis, o que dobrou os preços da gasolina e do diesel.
Durante 20 anos, as tarifas permaneceram congeladas pelos governos de esquerda de Evo Morales (2006-2019) e Luis Arce (2020-2025), que, com prejuízos no mercado interno, importavam combustíveis para revendê-los.
Esta política esgotou os dólares das reservas internacionais e desencadeou a pior crise no país em quatro décadas.
Na quarta-feira (17), o presidente Rodrigo Paz anunciou um pacote de decisões para enfrentar a crise, entre elas o fim do subsídio.
Trabalhadores dos transportes exigem que o governo recue. Nesta sexta-feira, bloquearam as principais ruas de La Paz e El Alto (oeste) e em Santa Cruz (leste), não saíram para trabalhar. Nas estações de teleférico, os moradores de La Paz formaram filas de centenas de metros.
"Para nós já não há Natal", disse à AFP Paulina Tancara, uma comerciante de 74 anos decepcionada com Paz, a quem deu seu voto.
Os preços dos alimentos e outros produtos básicos aumentaram nos mercados, segundo relatos da imprensa local.
O governo "está há apenas um mês" no poder e já "está nos matando de fome", comentou Tancara.
Os comerciantes também tomaram as ruas de La Paz para exigir a revogação da medida, nesta sexta-feira.
"As pessoas já não compram de nós. Estão comprando mantimentos, estão se abastecendo" de produtos necessários, disse Patricia Tintaya, de 47 anos que vende artigos para pets.
A Bolívia atravessa uma acentuada escassez de divisas.
A inflação chegou perto de 20% no período de 12 meses encerrado em novembro.
Outros setores também programaram próximas mobilizações.
Um sindicato de mineiros declarou greve por tempo indeterminado e exigirá a renúncia de Paz. Agricultores cocaleiros, liderados por Evo Morales, marcharão na segunda-feira (22) em Cochabamba, no centro do país.
"Podemos ganhar esta batalha (...), todo o povo está revoltado", disse Morales, nesta sexta-feira, em uma reunião sindical.
Morales, que governou em três mandatos consecutivos entre 2006 e 2019, não pôde participar das últimas eleições devido a uma decisão judicial que proibiu mais de uma reeleição.
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