Olá, Investidor Inteligente! Você já percebeu que o nosso Brasil está adiantado em relação aos EUA e países europeus? Uma vez na vida vamos ganhar deles em algo… e ainda no campo econômico! Maravilha!

Eu explico…

Enquanto nós já iniciamos o ciclo de corte dos juros, a discussão nos EUA e na Zona do Euro é sobre repiques inflacionários (se os bancos centrais forem muito frouxos na condução da política monetária) ou recessão (se forem excessivamente austeros).

A ordem por lá é “aguardar os dados, para que os banqueiros centrais possam tomar as melhores decisões – sem saber quais serão, no momento”.

Existe um grande ponto de interrogação pairando nos ares externos, principalmente sobre o ponto de inflexão dos juros: quando começarão os cortes? Antes de 2024 parece muito improvável.

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Mas, ao mesmo tempo em que as incertezas se sobressaem, também emergem as grandes oportunidades. E a hora pode ser de dolarizar o patrimônio com renda fixa.

Recentemente, a taxa de juros de 10 anos do Tesouro Americano ultrapassou os 4% ao ano; algo que não víamos há 16 anos, desde 2007.

gráfico título de 10 anos EUA
Fonte: Tradingeconomics.com

Ao mesmo tempo, o mercado de Bonds (títulos de renda fixa dos EUA) parece já ter feito um fundo em outubro do ano passado.

Veja o gráfico abaixo com a pontuação do índice LBUSTRUU (Bloomberg US Agg Total Return Value Unhedged USD) – índice que representa uma carteira formada por títulos de renda fixa:

gráfico de títulos de renda fixa eua

Então, o que temos, por enquanto:

  1. A taxa de juros longos (10 anos) está em patamar realmente elevado.
  2. Os títulos de renda fixa fizeram um fundo (provavelmente) há 10 meses atrás e, nas últimas semanas, ficaram mais baratos que no início do ano.

Parece que o ponto de entrada na renda fixa americana é oportuno.

Mas, Denys, eu ouvi dizer que está vindo uma recessão por lá, e que o mercado de ações (S&P 500) pode cair. Será que não é melhor esperar?

Primeiramente, certeza não temos de nada. Não tem como responder essa pergunta com 100% de certeza!

Mas, podemos buscar essa resposta na teoria dos ciclos econômicos. Ela nos informa que os preços das classes de ativos se movimentam em ciclos, de acordo com os juros e a economia real. Também nos informa que as classes não se movimentam ao mesmo tempo; existe uma ordem, conforme demonstra a figura abaixo:

gráfico comparando mercados de bonds, equities e commodities

A linha cinza representa o mercado de Bonds (renda fixa); a linha laranja o mercado de equities (ações); e a azul o de commodities.

Dentro de um ciclo econômico, o primeiro mercado a se valorizar (ou a se desvalorizar, a depender da direção dos juros) é o de renda fixa.

E, por quê? Porque ele é o mais sensível aos juros (à vista, determinado pelo Banco Central; ou futuros, determinados pelo mercado). A qualquer alteração dos juros, o fluxo de renda de um ativo de renda fixa se modifica imediatamente e diretamente.

O segundo mercado a reagir é o de ações. Veja: uma empresa também tem o seu fluxo de rendimentos (receita, lucros e dividendos) afetados pelas taxas de juros; mas, isso ocorre de maneira indireta.

Com juros menores na economia, o custo financeiro dos empréstimos é menor e, por isso, a geração de caixa tende a ser maior. O efeito indireto é mais lento e, por esse motivo, a reação do mercado de ações ocorre depois do mercado de bonds.

E, por fim, o último mercado a reagir é o de commodities. Isso se deve ao fato de que é um mercado mais resiliente ligado ao consumo das famílias. Quando a coisa aperta, não deixamos de comer, certo?

Então, Investidor Inteligente, mesmo que uma recessão possa estar vindo, o mercado de renda fixa pode já estar no início da sua trajetória de valorização; e isso significa a possibilidade de QUEDA dos rendimentos e AUMENTO dos preços em breve.

Quer ver por outro ângulo? Observe o gráfico abaixo com o Índice de Renda Fixa (US Corporate, em rosa); o de Ações (S&P 500, em amarelo) e o de Commodities (em azul):

gráfico ciclos econômicos e melhores investimentos

Identificar os ciclos econômicos através do gráfico acima é um pouco mais difícil que o gráfico anterior. A realidade é (geralmente) mais complicada que a teoria.

Mas, acho que vale o exercício. Pare por um minuto, e veja como o mercado de Bonds (linha rosa) tende a subir ou a cair antes do mercado de ações (linha amarela); e como o mercado de commodities é o mais atrasado (é o último a reagir aos ciclos de queda e de alta dos juros).

Mesmo com a possibilidade da vinda de uma recessão, a escolha por bons títulos de renda fixa (ou fundos) nos EUA e no exterior pode fazer muito sentido. Aliás, com uma recessão, a inflação tende a ceder e o Banco Central passa a ter mais motivos para baixar os juros, com a confiança que está lhe faltando no momento.

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