Palco da COP30, Pará lidera em violência no campo no país
Atlas da Pastoral da Terra aponta que Pará teve 612 mortes por conflito de terra em 38 anos
compartilhe
Siga noSede da COP30 em novembro, o Pará é líder de conflitos agrários do país. São paraenses sete dos dez municípios com mais violência no campo no Brasil, de acordo com o Atlas dos Conflitos no Campo Brasileiro, com dados entre 1985–2023, lançado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) nesta segunda-feira, 21.
O estudo apontou que, das 2.011 mortes registradas no campo brasileiro nesse intervalo de 38 anos, 612 ocorreram no Pará (30,4% do total). A cidade de Marabá (PA) lidera o ranking da violência no campo no país, com 548 conflitos.
Além do número elevado de assassinatos, o estudo aponta que o Pará teve, entre 1985 e 2023, 420 tentativas de homicídio e 1.597 ameaças de morte. Também é o estado com mais massacres (assassinatos de três ou mais pessoas de uma só vez): 26 casos, com 125 vítimas no total.
O Atlas contabilizou ao todo 50.950 disputas agrárias no Brasil no intervalo de tempo estudado. A maioria dos conflitos ocorreu na Amazônia Legal, com 21.608 registros, o equivalente a 44,2% do total. O crescimento foi constante: em 1985, foram 193 ocorrências; em 2023, 1.032, o maior número já registrado. A letalidade da região também é expressiva: de cada 3 mortes, duas ocorreram na região amazônica.
O estudo apontou que as frentes econômicas de agronegócio, mineração e infraestrutura avançam sobre a Amazônia com lógica de “roubo, fraude, saque e violência”. Segundo Fernando Michelotti, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), que coordenou a análise da região, esse modelo transforma a Amazônia numa “zona de sacrifício” para manter a economia nacional.