Há 20 anos, R$ 164.755.150 foram levados do Banco Central de Fortaleza (CE), no episódio considerado o maior assalto a banco da história do Brasil.
Para entrar no local, no fim de semana de 6 e 7 de agosto de 2005, os criminosos cavaram um túnel de cerca de 80 metros de extensão e arrombaram o piso da casa-forte.
A passagem foi sustentada e revestida por tábuas de madeira e lonas plásticas, contando ainda com iluminação.
Até hoje, segundo levantamento da Justiça Federal no Ceará, foram recuperados aproximadamente R$ 27,7 milhões, sendo R$ 12,2 milhões à época do crime e R$ 12,5 milhões obtidos em 77 leilões, entre 2007 e 2013, com itens recuperados na investigação, como imóveis e gado.
Ao todo, 133 pessoas foram denunciadas, resultando em 119 condenações por crimes como furto, formação de quadrilha, uso de documento falso, extorsão, sequestro e lavagem de dinheiro.
O assalto foi planejado ao menos três meses antes, quando os ladrões alugaram uma casa próxima ao banco, no centro da cidade. Eles reformaram o imóvel e criaram a empresa de fachada “Gramas Sintéticas” para justificar a retirada frequente de terra da escavação iniciada em um dos cômodos.
No cofre, foram violados cinco contêineres com cédulas de R$ 50, recolhidas pela rede bancária para avaliação e possível recirculação ou destruição.
Segundo a professora Jânia Perla Diógenes, do Laboratório de Estudos da Violência da UFC, a ação foi “milimetricamente planejada”, inspirada no filme “Os Trapaceiros”, de Woody Allen, e caracterizada como “no sapatinho”, modalidade sem uso de violência física. Ela aponta o caso como um marco da primeira geração da facção PCC.
Cerca de R$ 50 milhões do valor levado teriam abastecido os cofres da facção criminosa, sendo usados para financiar rebeliões e ataques coordenados em 2006.
O cearense Antônio Jussivan Alves dos Santos, o “Alemão”, apontado como líder da ação, está preso desde 2008 no Presídio Federal de Catanduvas (PR).
Dados da Febraban mostram queda nos crimes contra bancos. Em 2024, foram 36 ocorrências, 79,4% menos que em 2023.
Os ataques a caixas eletrônicos caíram 85,6% e os assaltos a agências, 55,5%, atingindo o menor nível em 11 anos.
Do crime para o cinema
O assalto inspirou o filme “Assalto ao Banco Central”, lançado em 2011, com direção de Marcos Paulo. A produção recria os bastidores do roubo, misturando ação e ficção, com personagens baseados nos criminosos reais. O longa foi um dos maiores lançamentos do cinema nacional naquele ano.