NO PAÍS

Casos de intoxicação por metanol disparam mais de 70% em um dia no país

Casos suspeitos e confirmados subiram para 195. Pela primeira vez, Minas entrou na lista, mas Estado descartou

Publicidade
Carregando...

Os casos suspeitos ou confirmados de intoxicação por metanol dispararam mais de 70% em apenas um dia no país. Ontem, Minas Gerais entrou na lista do Ministério da Saúde, que informou uma notificação em Santa Maria do Suaçuí, no Vale do Rio Doce. Horas depois, porém, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) divulgou ter descartado a suspeita após análise e discussão com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox/MG), ligado ao Hospital João XXIII, de Belo Horizonte. Segundo a pasta, o paciente não atendia à definição de caso suspeito de intoxicação pela substância que já matou ao menos duas pessoas em São Paulo.


Até ontem, o governo federal contabilizou 195 notificações de casos suspeitos e confirmados em 14 estados e no Distrito Federal. O número é 72% ao registrado na sexta-feira: 113, em seis unidades da federação. São Paulo tem a maior parte dos casos até o momento: 162 notificados, sendo 14 deles positivos – duas mortes foram confirmadas e outras seis são apuradas. Também foram notificados três óbitos em Pernambuco, um na Bahia e um em Mato Grosso do Sul.


Em Pernambuco, seis casos são investigados, seguidos de Mato Grosso do Sul (5) e Paraná (3). Bahia, Goiás e Rio Grande do Sul têm, cada um, dois casos em investigação. Já Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso, Rondônia, Piauí, Rio de Janeiro e Paraíba têm um caso cada.

Em entrevista coletiva à imprensa em Teresina (PI), ontem, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, explicou que a diferença entre o número crescente de notificações e a estabilidade nos confirmados ocorre porque o ministério recomendou que profissionais de saúde notifiquem imediatamente diante da primeira suspeita clínica, sem esperar a confirmação laboratorial.


O caso suspeito em Minas Gerais foi divulgado no primeiro boletim de ontem da pasta federal. Depois de ser questionado pela reportagem do Estado de Minas sobre a SES ter descartado a suspeita, o ministério informou que as atualizações são feitas com casos enviados até as 16h do dia. “A correção feita pelo estado será registrada no próximo boletim”, frisou.


PLANO DE TRATAMENTO

O Ministério da Saúde informou, ontem que adquiriu mais 12 mil ampolas de etanol farmacêutico, que serão distribuídas em centros de referência em toxicologia, e 2,5 mil tratamentos com fomepizol, um outro antídoto eficaz contra a intoxicação por metanol. Os estoques devem ser importados do Japão e chegar ao Brasil ao longo das próximas semanas. A quantidade é para cobrir toda a rede pública de saúde.


Para o tratamento, a União já havia adquirido 4,3 mil ampolas de etanol farmacêutico, distribuídas em hospitais universitários federais, que podem repassar a qualquer unidade do Sistema Único de Saúde (SUS).


De acordo com Padilha, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia repassado aos gestores estaduais e municipais a lista das "609 farmácias de manipulação no Brasil que tem capacidade de produzir o etanol farmacêutico", assegurando que o produto está "garantido em toda a rede do SUS, os centros de referência de toxicologia, os pontos de referência nas criatividades estaduais, o etanol farmacêutico para ser utilizado nos casos suspeitos por recomendação médica acompanhado pelos centros de referência de toxicologia".


O metanol é um tipo de álcool muito perigoso que, quando ingerido, se transforma no corpo em ácido fórmico, um veneno que pode causar cegueira e até a morte. Para tratar esse envenenamento, existem dois remédios antídotos principais.


O primeiro é o próprio etanol (o álcool comum das bebidas), que já está disponível no Brasil. Ele funciona "atrapalhando" a transformação do metanol no veneno, forçando o corpo a eliminá-lo de forma mais segura. A desvantagem é que esse tratamento causa embriaguez como efeito colateral. O segundo antídoto é o fomepizol, que faz a mesma coisa, mas com a vantagem de ter menos efeitos colaterais.


Os sintomas do envenenamento começam como uma bebedeira ou ressaca muito forte, com tontura, moleza, sonolência, náuseas e dor de cabeça. O grande perigo é que, entre 6 e 24 horas depois do consumo, o veneno pode atacar a visão, causando visão turva, sensibilidade à luz, pupilas dilatadas e até a perda da capacidade de enxergar cores. Por isso, é fundamental procurar um médico imediatamente ao primeiro sinal de suspeita.

MORTES CONFIRMADAS


A Paraíba registrou, ontem, a primeira morte por suspeita de intoxicação com metanol. Trata-se de Francisco Rariel Dantas da Silva, de 32 anos. Ele estava internado no Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande, a 126 quilômetros de João Pessoa. O primeiro atendimento dele foi feito na sexta-feira, no Hospital Regional de Picuí. O homem apresentou quadro clínico grave e sintomas compatíveis com suspeita de intoxicação por bebida alcoólica adulterada. A Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba informou que foram adotadas as medidas terapêuticas previstas nos protocolos clínicos durante o atendimento, incluindo uso de antídoto. Mas o paciente apresentou um agravamento progressivo do quadro e não resistiu às complicações. A Polícia Civil e a Agência Estadual de Vigilância Sanitária estão no município de Baraúna, cidade de origem do paciente, para apurar a procedência da bebida ingerida por ele e adotar medidas de controle sanitário. Já em São Paulo, a segunda morte foi confirmada ontem, mas a identidade da vítima não foi divulgada, apenas a idade: 46 anos. O número de prisões realizadas pela Polícia Civil de São Paulo em operações por conta de adulteração de bebidas subiu para 41. As ações ocorreram na capital paulista, Diadema, Santo André, Jacareí e Jundiaí. Além das prisões, a corporação apreendeu materiais, como garrafas, rótulos de marcas e outros. A força-tarefa, diz o governo, é para combater casos de contaminação por metanol. Ao todo, 11 estabelecimentos foram interditados.

Acesse o Clube do Assinante

Clique aqui para finalizar a ativação.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay