FALSIFICAÇÃO DE BEBIDAS

Antídoto do metanol está a caminho do Brasil

Fomepizol deve chegar ao país até o fim desta semana, segundo o Ministério da Saúde. Balanço da pasta sobre casos é de 17 intoxicações confirmadas e 217 em investigação, a maioria em São Paulo

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O Ministério da Saúde informou, ontem, que principal medicamento para o combate à intoxicação por metanol está a caminho do Brasil. Segundo o ministro Alexandre Padilha, o Brasil adquiriu 2.500 ampolas de fomepizol, medicamento essencial em casos graves de ingestão da substância usada na falsificação de bebidas destiladas, que devem chegar ao Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) ainda esta semana.

"O produtor já está viabilizando o deslocamento. A indústria é do Japão, mas o produto virá dos Estados Unidos. Será transportado ainda nesta semana. São 2.500 ampolas, e o produtor fará a doação de 100 unidades do medicamento", afirmou. Depois do desembarque, o lote será distribuído para os centros de toxicologia em todo o país.

O fomepizol será administrado conforme avaliação médica. "Cada notificação é importante para o cuidado do paciente e para as investigações que ajudam a identificar a origem do produto causador da intoxicação", disse o ministro.

Padilha garantiu que não há falta de etanol farmacêutico — que também é eficiente em casos de intoxicação por metanol — nos serviços de saúde. "Reforçamos a recomendação da notificação a partir da suspeita e de começar o tratamento, independentemente da confirmação laboratorial. O etanol farmacêutico está disponível", assegurou. Ele destacou que cada paciente adulto pode necessitar de duas a quatro ampolas de fomepizol. "Somos um ministério que preza pela vida e não esperamos proporções elevadas para agir. Cada vida vale, cada profissional de saúde vale", explicou.

São Paulo concentra a maior parte dos casos e de comunicações. Das 217 notificações até o mais recente balanço do ministério, fechado às 17h, 192 estão naquele estado. "É uma concentração expressiva de investigações", afirmou o ministro. Por isso, o governo federal mantém articulação direta com as autoridades estaduais, acelerando diagnósticos e garantindo atendimento ágil. "Apoiaremos São Paulo para realizar mais rapidamente as confirmações, assim como outros estados já fizeram. É uma ação coordenada para dar resposta rápida", observou.

O monitoramento dos casos segue em tempo real. As secretarias estaduais de saúde enviam, diariamente, informações ao ministério. Até o momento, apenas São Paulo e Paraná têm casos confirmados, que são 17 ao todo. "Do que recebemos até agora, não há novas confirmações. Todos os demais registros são de investigação", explicou.

Dois laboratórios foram colocados à disposição do governo paulista. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) tem capacidade para realizar até 190 exames por dia. Já a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, também integrará a rede de referência para detecção de metanol até o fim desta semana. "A estrutura da Unicamp é suficiente para resolver dúvidas sobre casos suspeitos, não só em São Paulo, mas em outros estados que necessitem de apoio", garantiu.

O ministro enfatizou a importância da notificação precoce. "O profissional de saúde deve notificar a partir da suspeita, sem esperar a confirmação laboratorial. Essa notificação aciona, automaticamente, o centro de toxicologia e orienta o início do tratamento", exortou. Essa medida permite reduzir riscos e rastrear a origem do produto contaminado.

Cola-Cola, a preocupação de Tarcísio

o comentar, ontem, a situação das intoxicações por metanol misturado a bebidas destiladas, o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, fez uma ironia sobre os episódios. Disse que começará "a se preocupar" quando estiverem falsificando a Coca-Cola.

"Estavam aqui os maiores fabricantes do Brasil, que produzem bebidas famosas, como Jack Daniel's e Johnnie Walker. Enfim, todas essas bebidas que são objeto de falsificação. Não vou me aventurar nessa área, porque não é minha praia, tá certo? No dia que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar. Ainda bem que não chegaram a esse ponto", afirmou.

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O governo paulista reforçou que a facção criminosa Primeiro Comando da Capital não tem conexão com a adulteração de bebidas. Essa possibilidade foi levandada no começo da crise sanitária porque, dias antes, um esquema de importação ilegal de metanol controlado pelo PCC foi desbaratado pela Polícia Federal. A substância é adicionada ao combustível da rede de postos que os criminosos mantêm para a lavagem de dinheiro.

"Nenhum dos 41 presos em ações de falsificação de bebida são de facções criminosas. Não tem nenhum indício de participação de facções nesse processo todo", afirmou o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite.

Desde o fim de setembro, o gabinete de crise do governo paulista intensificou a fiscalização em bares, adegas e festas universitárias. Foram realizadas 60 operações pelas forças de segurança de São Paulo. Nas incursões realizadas na semana passada, apreendeu-se mais de 7 mil garrafas de bebidas que serviriam à rede de falsificações, além de 20 prisões. Onze estabelecimentos que vendiam drinques foram interditados e, desses, nove tiveram as inscrições estaduais cassadas. (Colaborou Caetano Yamamoto)

*Estagiários sob a supervisão de Fabio Grecchi

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