CHECAGEM

Órgão da Receita verificava quantidade de bebidas, não a qualidade

Posts desinfomam ao ligar casos de intoxicação por metanol ao STF e ao governo federal

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Perfis nas redes sociais têm usado os casos de intoxicação por metanol para espalhar desinformação. Posts que viralizaram relacionam erroneamente o episódio com o Supremo Tribunal Federal (STF) e o governo federal.

O vídeo usado nas publicações, criado por inteligência artificial, menciona reportagem da Veja cujo título é “STF suspende rastreamento de bebidas após pedido da Receita Federal”, mas mente ao dizer que “essa fiscalização era a principal barreira contra falsificações e produtos perigosos”.

A decisão do Supremo, tomada em abril de 2025, é provisória. Ela se refere ao Sicobe (Sistema de Controle de Produção de Bebidas), órgão de fiscalização da Receita Federal que verificava a quantidade de bebidas produzidas por uma determinada empresa para fins tributários, não a qualidade dos produtos. Outro ponto importante é que a fiscalização feita pelo órgão era obrigatória para cervejas, refrigerantes e água e opcional para destilados, onde se concentram os casos de intoxicação.

Como afirmou a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República em nota em que diz que os posts são falsos, o Sicobe foi desligado em 2016 e, agora, o STF avalia se ele deve ou não voltar a funcionar. “O Tribunal de Contas da União (TCU) avaliou que não houve ilegalidade na decisão da Receita de encerrar o Sicobe e recomendou que o sistema não fosse retomado”, diz o texto.

Quem criou o conteúdo investigado pelo Comprova

O Comprova verificou dois perfis que fizeram posts semelhantes relacionando o caso do metanol ao governo federal. Ambos se definem como cristãos, são de direita e usam emoji da bandeira do Brasil em sua apresentação.

Também em comum, os dois publicam conteúdos com elogios a políticos como o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL), os presidentes argentino, Javier Milei, e norte-americano, Donaldo Trump, entre outros políticos de direita. Também publicam posts pedindo “anistia” aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.

Um dos perfis têm 33,2 mil seguidores e, o outro, 64,9 mil. Juntos, os dois posts verificados aqui foram visualizados mais de 214 mil vezes até 10 de outubro.

Um dos perfis não permite contato com contas que não se seguem. Com o outro, o Comprova enviou mensagem, mas não houve resposta até a publicação deste texto.

Por que as pessoas podem ter acreditado

Um dos posts verificados pelo Comprova começa com a mensagem “A tragédia no Brasil que está chocando o mundo!” — toda em letra maiúscula. O uso de linguagem alarmista é comum entre os desinformadores, que sabem que seus leitores ficam mais propensos a acreditar quando se sentem ameaçados, quando ficam preocupados, como neste caso.

Outra tática que aparece no vídeo usado nos dois posts checados aqui é a de gerar desconfiança nas instituições. Quem já tem uma visão negativa do STF e do governo federal tende a acreditar com mais facilidade em conteúdos que coloquem sua credibilidade em risco.

Também é utilizada a técnica da falsa autoridade. No vídeo, a voz diz que “especialistas já haviam alertado que sem controle o risco de envenenamento em massa seria questão de tempo”. A mensagem tenta passar a ideia de que autoridades sabiam que a intoxicação aconteceria, mas não cita quem são esses especialistas ou onde o alerta teria sido feito.

Fontes que consultamos

Sites do STF e do governo federal e reportagens sobre o tema.

Por que o Comprova investigou essa publicação

O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas, eleições e golpes virtuais e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

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