O que será de 2026? Especialistas apontam previsões
Especialistas apontam um ano de ação, conflitos simbólicos, inícios marcantes e forte impacto político, social e emocional
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Em um país profundamente conectado às práticas simbólicas e à espiritualidade, a astrologia, o tarô e os búzios continuam sendo vistos, por muitos, como instrumentos de orientação capazes de oferecer respostas e serenidade diante do desconhecido. Para quem encontra nessas tradições uma forma de leitura e interpretação do futuro, a reportagem ouviu um astrólogo e tarólogo, uma taróloga e um sacerdote de religião de matriz africana, que analisaram os principais temas relacionados a 2026.
De acordo com o astrólogo e tarólogo Arthur Tadeu Curado, 2026 será o ano mais marcante da década. Regido por Marte, o período traz, segundo ele, uma vibração "mais bélica, quente e acelerada". "Marte rege o fogo, a guerra, o aço, as lâminas… Então, sim, é um ano em que os enfrentamentos no mundo tendem a se intensificar. Não é uma previsão catastrófica, é simbologia: o planeta que comanda o ano fala o idioma da coragem, do conflito e da ação direta", explica.
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Essa configuração imprime ao período uma energia intensa dos elementos fogo e ar, estimulando iniciativa, coragem, espontaneidade e ações mais livres. A força simbólica dialoga também com outras tradições: na numerologia, 2026 será um ano regido pelo número 1 — associado a começos — e, na astrologia chinesa, marcado pelo Cavalo de Fogo, arquétipo ligado à ousadia e ao movimento. Em algumas religiões de matriz africana, o ano terá regência de Ogum, orixá da guerra e da batalha, equivalente simbólico de Marte.
O sacerdote do candomblé Angola-Kongo Tata Ngunzetala recomenda um fortalecimento espiritual para que cada pessoa encontre caminhos diante dos desafios de 2026 e alcance prosperidade. O conselho dele é que, na primeira semana do ano, preferencialmente entre as duas primeiras quintas-feiras, a pessoa pegue sete moedas do mesmo valor e as passe pelo corpo, da cabeça aos pés, mentalizando limpeza dos obstáculos e abertura de caminhos. Em seguida, deve deixá-las em um local movimentado, como uma esquina ou encruzilhada.
Nesse momento, o pedido deve ser direcionado ao Senhor dos Caminhos, Nkisi Njila/Orixá Exu: assim como as moedas encontrarão seus destinos, que os projetos e desejos também encontrem o melhor caminho para se realizar. Depois disso, basta declarar em voz firme o que deseja para o novo ciclo, bater três palmas, agradecer e seguir adiante com confiança.
Além da regência de Marte, Arthur Tadeu destaca um fenômeno que considera raríssimo: a conjunção de Saturno e Netuno no grau zero de Áries, ponto que inaugura a roda zodiacal. "Saturno e Netuno são planetas ligados ao coletivo. Esse encontro no primeiro grau de Áries simboliza um grande início, uma travessia nova para a humanidade", afirma. "Por tudo isso, 2026 carrega uma forte marca de começo."
Esse cenário se amplia no longo prazo: Urano entra em Gêmeos, onde permanecerá por sete anos, e Plutão se firma definitivamente em Aquário, em um ciclo de cerca de 19 anos. Ambos os signos são tradicionalmente associados à tecnologia, à comunicação e à inteligência artificial.
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Questionado sobre a simbologia da virada, Arthur sugere o vermelho como cor representativa da energia do ano. No campo individual, afirma que o período favorece todo tipo de iniciativa. "Tudo o que for primeiro passo em 2026 tende a ser muito bem recompensado. Projetos novos, mudanças de direção, decisões espontâneas — tudo ganha força especial."
Ele acrescenta que o ano será marcado por menor tolerância. "Estaremos com os nervos à flor da pele, com o estopim curto. É importante atenção às brigas, guerras e aos conflitos." A associação entre Marte, Ogum, o ano 1 e o Cavalo de Fogo reforça, segundo ele, um cenário de impulsividade e potencial belicosidade simbólica.
Arthur lembra ainda que, do ponto de vista astrológico, 2026 não começa em 1º de Janeiro. "Isso é calendário. O ano astrológico se inicia no equinócio de outono, em março, quando dia e noite têm a mesma duração. É um marco natural, natureza pura, que sinaliza o renascer do ciclo solar. É ali que a energia realmente vira. O réveillon de 31 de dezembro é gregoriano, católico, fiscal."
O que dizem as cartas
A taróloga Ananda Guerra concorda que 2026 se apresenta como um ano de virada energética coletiva, encerrando um ciclo marcado por densidade, confusão e nebulosidade, e abrindo espaço para uma fase de ação, revelações e turbulências.
Segundo ela, a longa permanência de Saturno e Netuno em Peixes contribuiu, nos últimos anos, para uma atmosfera de incertezas, ilusões e temas pouco claros. A entrada dos dois planetas em Áries rompe essa dinâmica e inaugura um período mais direto e impulsivo. "É como se o véu caísse: verdades vêm à tona, aquilo que estava oculto se revela e o mundo é conduzido a decisões que exigem coragem, iniciativa e protagonismo."
Entre os reflexos possíveis, Ananda prevê, nas cartas, maior incidência de secas, ondas de calor e tensões territoriais; conflitos, impulsividade coletiva e polarização ampliada; além de um ambiente mais combativo, no qual indivíduos e grupos defendem com mais força suas convicções.
No Brasil, as eleições de 2026 podem ocorrer sob esse clima mais inflamado, reacendendo disputas ideológicas e ampliando a sensibilidade do debate público. No cenário internacional, a taróloga aponta a possibilidade de intensificação de tensões geopolíticas, especialmente entre grandes potências e blocos militares, com expansão de conflitos já existentes e redefinições de alianças.
Ela ressalta, porém, que o ano não se resume à tensão. A permanência de Plutão em Aquário deve reforçar a construção de uma consciência coletiva mais ampla, estimulando união, cooperação e reconstrução em meio às adversidades. "É o planeta das transformações profundas transitando pelo signo da comunidade. É quando percebemos que ninguém atravessa nada sozinho."
No primeiro semestre, Júpiter em Câncer favorece temas ligados à família, ancestralidade, acolhimento e cura emocional. A partir de junho, com a entrada em Leão, cresce o impulso criativo, a busca por expressão pessoal e o desejo de brilho. Já a transição de Urano de Touro para Gêmeos deve acelerar mudanças na tecnologia, na comunicação, na inteligência artificial e nos sistemas de informação e mobilidade.
No campo econômico, Ananda prevê instabilidades e recomenda atenção redobrada. Para o Brasil, a orientação é reforçar a organização financeira: manter reserva de emergência, diversificar investimentos, considerar aplicações em outras moedas e acompanhar oscilações internacionais que possam impactar diretamente o país.
Para ela, 2026 não chega para ser um ano "leve", mas sim decisivo. "É um divisor de águas. Um chamado para viver com presença, verdade e coragem, exatamente como Áries exige."
Política e economia
Para aprofundar as expectativas sobre 2026, o Correio pediu ao astrólogo e tarólogo Arthur Tadeu Curado que consultasse o tarô e ao sacerdote Tata Ngunzetala que recorresse aos caminhos afro-oraculares, ambos com foco em temas políticos, econômicos e sociais.
Segundo Curado, as cartas apontam mudanças relevantes na composição do Parlamento. A Roda da Fortuna indica transformações marcantes na Câmara e no Senado; o Eremita sugere amadurecimento nas decisões legislativas; e a Justiça projeta mais equilíbrio a partir das eleições. O conjunto sinaliza um Congresso mais moderado e funcional no próximo ciclo.
Questionado sobre a possibilidade de o futuro governador ou governadora obter maioria na Câmara Legislativa, o tarô é positivo. O Mago e O Louco reforçam um cenário de cooperação entre Executivo e CLDF e destacam a chance de uma figura feminina se destacar na disputa.
No campo econômico, o tarô indica manutenção da baixa taxa de desemprego no país, ainda que com oscilações. No Distrito Federal, A Imperatriz e O Mundo sugerem estabilidade e boas oportunidades no mercado de trabalho. Para o funcionalismo, porém, O Julgamento alerta para reajustes, reformas e possíveis cortes ou mudanças estruturais, exigindo atenção. A segurança pública é apontada como área sensível, com A Torre indicando rupturas e desafios que devem dominar o debate.
As previsões afro-oraculares de Tata Ngunzetala indicam que a extrema-direita não deve conquistar a Presidência, mas o Congresso tende a permanecer de centro-direita, com lideranças conservadoras fortes, cenário que dificultaria a formação de maioria para o Executivo. A influência religiosa sobre a política, apesar do caráter laico do Estado, deve continuar intensa. No Distrito Federal, o padrão se repete: não há mudança de orientação no Executivo, mas, diferentemente do plano nacional, o governo local deve manter maioria na CLDF.
No mercado de trabalho, a palavra-chave é empreendedorismo. Ele deve ajudar a equilibrar o setor, embora o desemprego tende a subir levemente. Haverá forte disputa por mão de obra qualificada, e no DF e Entorno a chegada de novas indústrias e empresas deve gerar empregos e atrair capital estrangeiro.
O sacerdote prevê ainda embates entre Executivo e Legislativo sobre reestruturações e criação de cargos, com saldo positivo para o funcionalismo. O cenário nacional deve registrar mais governos estaduais de centro e centro-esquerda, enquanto o Congresso permanece conservador, com avanços de pautas que misturam direitos civis e preceitos religiosos e reduzem o espaço para o debate político.
O Judiciário, especialmente o STF, continuará sob ataque da ala mais radical do Congresso, mas a população tende a compreender melhor o papel da Corte. O principal desafio, segundo as previsões, será manter distância de disputas políticas e evitar interferências indevidas entre Poderes.
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No plano pessoal, o oráculo indica que 2026 exigirá responsabilidade financeira. O conselho é direto: evitar gastos excessivos, priorizar o pagamento de dívidas e manter uma reserva para imprevistos ou oportunidades ao longo do ano.