EDITORIAL

Ciclismo e transporte urbano no Brasil

O país registrou cerca de 15 mil mortes de ciclistas no trânsito entre os anos de 2014 e 2024

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Cada vez mais, pedalar é uma escolha comum mundo afora, seja como meio de transporte, lazer, esporte ou até mesmo forma de socialização. O interesse aumentou tanto que rendeu uma data comemorativa, o Dia Mundial da Bicicleta, instituído em 3 de junho pela Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, o incentivo ao uso desse modal sustentável também é crescente, mas diversas questões barram o avanço da prática. Mesmo diante de amplos benefícios, a falta de segurança pesa e afasta os brasileiros das bikes.

Segundo dados do Ministério da Saúde, com base em outras fontes legítimas, o país registrou cerca de 15 mil mortes de ciclistas no trânsito entre os anos de 2014 e 2024. Esse cenário assusta ainda mais quando se pensa sobre a quantidade de acidentes sem óbitos, mas com marcas profundas, que acontecem diariamente pelo território nacional. Para esse público, a insegurança no trânsito ganha proporções maiores e demanda a plena conscientização da população.

O ciclismo urbano carrega na garupa os problemas da mobilidade no ambiente das cidades: desrespeito às regras e à convivência, descuido, falta de infraestrutura adequada, ausência de planejamento e de modernização.

No caso do transporte em duas rodas, o restrito investimento em ciclovias e ciclofaixas agrava o quadro uma vez que, sem espaços ideais, os ciclistas se arriscam em asfaltos irregulares e esburacados, potencializando a ocorrência de tragédias. Isso quando não precisam enfrentar vias destinadas às “magrelas” vandalizadas ou invadidas por veículos e pedestres, num quadro de perigo iminente.

É claro que a realidade apresenta muitos praticantes que não cumprem as leis e acabam contribuindo para as estatísticas. O uso de equipamentos apropriados, como capacetes, e a manutenção correta das bicicletas não podem ser negligenciados. Para evitar essas imprudências, campanhas de orientação e fiscalização devem ser constantes e eficazes.

Uma medida fundamental, mas que o país ainda não avançou, é a harmonia do transporte cicloviário com as opções públicas (ônibus e metrô). Sem uma integração eficiente, os ciclistas encaram empecilhos para combinar a bicicleta com esses meios durante os longos deslocamentos. Cidades que lidam com o caos urbano – como Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba – têm buscado ampliar a presença do ciclismo pelas ruas, mas seus esforços precisam ser maiores e, ao mesmo tempo, os exemplos delas devem ser seguidos.

Fato é que o Brasil, diante de tantas dificuldades para implantar alternativas viáveis de locomoção, não pode ignorar o potencial das bicicletas nessa busca por soluções, muito menos fechar os olhos para o crescimento das mortes de ciclistas. Os agentes envolvidos nas políticas de mobilidade dos municípios precisam perceber que é primordial investir nessa possibilidade deslocamento, que desafoga o trânsito, contribui para o meio ambiente e melhora a saúde dos moradores.

A cultura do transporte motorizado vem perdendo força diante dos problemas do mundo moderno, como a necessidade de reduzir os índices de poluição. Fazer do ciclismo um meio de transporte eficiente e seguro é um desafio, mas as cidades que encontrarem o caminho vão dar um passo significativo rumo à qualidade de vida.

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