EDITORIAL

Responsabilidade na crise com EUA

Nenhum outro país foi submetido a aumento de tarifas comerciais tão elevadas por razões essencialmente políticas. Mais grave, as acusações listadas pela Casa

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A escalada da crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos exige mais responsabilidade das autoridades da nossa democracia, uma das mais importantes e reconhecidas do mundo, principalmente após os acontecimentos dos últimos dias. A revogação de vistos por parte do governo norte-americano é uma grave mácula na relação bicentenária entre países que, nas últimas décadas, têm compartilhado valores como respeito às liberdades civis, cooperação internacional e justiça social.

É desalentador observar os Estados Unidos, a primeira nação a reconhecer a independência do Brasil, lançarem uma ofensiva contra a soberania e as instituições nacionais. Causa estranheza ver aliados na Segunda Guerra Mundial, unidos contra o avanço do nazifascismo, se tornarem adversários em razão de circunstâncias políticas baseadas em ilações infundadas, como desequilíbrio na balança comercial e suposta ditadura do Judiciário contra a direita brasileira.

Por caminhos nefastos e tortuosos, muito em razão da atividade do clã Bolsonaro e de seus seguidores, o Brasil passou a ocupar uma posição única na visão de mundo trumpista. Nenhum outro país foi submetido a aumento de tarifas comerciais tão elevadas por razões essencialmente políticas. Mais grave, as acusações listadas pela Casa Branca não encontram respaldo na realidade. São absurdas as alegações de que há uma “caça às bruxas” em curso no Brasil, bem como descabida a exigência de que o julgamento referente à trama golpista urdida em 2022 deve ser interrompido “imediatamente”.

Em relação às leviandades disparadas pelo governo norte-americano, apenas há de se lamentar. Para o Brasil, o que interessa são as medidas a serem adotadas pelas instituições, em particular pelo Poder Executivo, que está à frente da interlocução com a administração de Donald Trump. O presidente Lula está correto ao afirmar, nesse sábado, que a revogação do visto de ministros do Supremo Tribunal Federal, seus familiares e de outras autoridades constitui uma medida arbitrária e inaceitável. Mas é preciso ir além de vociferar contra os atos do governo norte-americano.

Além de estudar medidas de reciprocidade contra tais ações, cabe ao presidente Lula e seus auxiliares no Itamaraty e no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) implementarem a melhor estratégia para evitar uma deterioração ainda maior na relação bilateral entre Brasil e Estados Unidos. É preciso firmeza, sim. Mas também abertura para o diálogo. Nesse contexto, pouco contribuem manifestações que estimulem brios nacionalistas ou mensagens com tiradas irônicas para fazer frente a uma situação séria e delicada. É hora de pragmatismo, não de vingança.

No delicado momento com os Estados Unidos, o governo brasileiro deve utilizar os melhores meios para avançar no terreno inóspito, além de pensar em alternativas caso a postura do governo Trump se mostre irredutível. E, mais importante: jamais recuar do compromisso com a Constituição e a democracia.

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