EDITORIAL

Solução urgente contra o tarifaço

Antes mesmo de a medida entrar em vigor, há registros e relatos de suspensão de contratos de exportação para os EUA

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Já se passaram quase duas semanas desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros vendidos ao país. Autoridades asseguraram que o Brasil teria tempo suficiente para absorver o impacto da notícia, discutir caminhos e propor soluções para a medida prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. Temos menos de 15 dias de prazo e o que se vê é uma escalada na tensão entre os países.

Os sinais vindos da Casa Branca têm sido interpretados como demonstrações de que o governo norte-americano não está disposto a recuar. Economia e política se misturam completamente e a soberania nacional segue sob tentativa de interferência. A revogação dos vistos para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e seus familiares, comunicada pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, na noite da última sexta-feira, deixou isso claro. O foco da sanção é o ministro Alexandre de Moraes, que autorizou operação da Polícia Federal, a pedido da Procuradoria-Geral da República, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi alvo de busca e apreensão e passou a viver sob restrições de liberdade.

Lula reagiu: “Estou certo de que nenhum tipo de intimidação ou ameaça, de quem quer que seja, vai comprometer a mais importante missão dos poderes e instituições nacionais, que é atuar permanentemente na defesa e preservação do Estado Democrático de Direito”.

Enquanto o impasse continua (e piora), o governo brasileiro atua em frentes principais como a manutenção das negociações formais, a sensibilização de políticos e empresários norte-americanos sobre impactos do tarifaço e a preparação para retaliação. Essa última opção é vista com muita reserva por representantes do setor produtivo e especialistas de mercado. Uma estratégia de quebra de patentes, por exemplo, poderia gerar dúvidas sobre a segurança jurídica e a previsibilidade do ambiente de negócios no Brasil. E a adoção da Lei de Reciprocidade teria o efeito colateral de encarecer custos em vários segmentos que dependem da importação de produtos dos Estados Unidos, como a indústria farmacêutica e a de equipamentos hospitalares.

Setores da economia já sofrem os efeitos ou fazem as contas da medida de Trump. Suco de laranja, café, carne bovina e frutas frescas, como manga e uva, estão entre os itens mais expostos, conforme análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq) da USP. A saída, segundo pesquisadores, é “uma articulação diplomática coordenada” urgente. “Tal medida é estratégica não apenas para o Brasil, mas também para os Estados Unidos, cuja segurança alimentar e competitividade da agroindústria dependem de forma substancial do fornecimento brasileiro”, diz a entidade.

Antes mesmo de a medida entrar em vigor, há registros e relatos de suspensão de contratos. Do Mato Grosso do Sul, veio a informação da paralisação da produção de carne destinada ao mercado norte-americano de pelo menos quatro frigoríficos. Há 10 dias, compras de pescados da Bahia, Pernambuco e Ceará foram canceladas por negociadores dos EUA. Quase 60 contêineres de peixes, camarões e lagostas deixaram de ser embarcados nos portos de Salvador (BA), Suape (PE) e Pecem (CE). No Paraná, uma indústria madeireira anunciou férias coletivas para 700 funcionários de fábrica em Jaguariaíva. São alguns exemplos de perdas em uma lista que vai crescendo, enquanto o prazo por solução aperta.

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